102 > BEST BAIRRO BRANDSwww.interbrandsp.com.br > ANIMAIS SOCIAIS 103Somos todosanimais sociaisIniciativas tentam trazer de volta o convívioem comunidade na cidade de São Paulo.POR FELIPE VALÉRIO | FERNANDO ANDREAZI | TATA SCARONI | LUCAS GINIUma verdade: o homem é umanimal social. E mesmo quando acidade cresce, a gente quer mesmoé fazer parte de um grupo, de umacomunidade. Igrejas, padarias,pizzarias, praças, clubes esportivos,escolas, escolas de samba e baressão alguns dos hubs que nutremessa nossa vontade de viver econviver. Nascem os bairros.Uma segunda verdade: estamosmudando nosso jeito de interagir.Crescem as redes sociais, diminuio convívio com vizinhos. Passamosmais horas no trânsito e notrabalho e menos horas andandopelo bairro onde vivemos.Mas tem gente querendo mudaressa realidade e resgatar o nossosentimento de bairro. Em São Paulo,não são poucas as ideias que buscamtrazer de volta a conexão entre osvizinhos de porta ou de rua. Iniciativasque tentam nos fazer lembrar que,sim, ainda somos animais sociais.Centro abertoQuem já foi ao centro de São Paulosabe que Caetano tinha razão: algumacoisa acontece. Vemos uma misturade todas as versões de Sampa:banqueiros, mendigos, comerciantes,o antigo, o novo, o elegante e o nemtanto. Tudo tem espaço. Pouco, mastem. E essa mistura só podia ser cinza.Muitos tons de cinza. A beleza estáali, mas não é tão fácil de enxergar.Nas últimas décadas, a região andouabandonada. Ficou perigosa, malfalada e mal entendida. Paulistanosda classe média e da classe altase afastaram. Levaram suas vidase seus domingos de lazer paraoutras bandas mais periféricas.Mas esse cenário vem setransformando. E uma iniciativachegou com tudo para mostrar que ocentro paulistano ainda é tudo aquiloque Caetano tentou nos explicar. Oprojeto Centro Aberto chega pararevitalizar a região, que vai recebernovos bancos, canteiros e decks.Shows, feirinhas e projeções decinema estão acontecendo no centro,tirando os paulistanos de suas casas eos agrupando novamente em torno dacultura e da arte. A arte do convívio.Almoço na PraçaSe o ser humano já é um animalsocial, é na hora do almoço que essacaracterística transparece ainda mais.A palavra almoço vem do latim e querdizer “a morder”. Mas, em muitasculturas, esse horário vai muito alémda nutrição. No almoço, colocamosas conversas em dia, misturamosrisadas com boas histórias e nospreparamos para a segunda jornadade trabalho. É bem verdade queem países como os Estados Unidoso almoço não é lá um horário demuita conversa ou de muita comida.Mas em São Paulo, Brasil, uma boaconversa faz parte do cardápio.Para incrementar ainda mais essetraço da nossa cultura, comerciantese moradores da Vila Madalenacriaram o Almoço na Praça. Umavez por semana, pessoas se reúneme compartilham seus alimentosem um piquenique coletivo, emuma das praças do bairro – aoar livre e para quem quiser ir. OAlmoço na Praça ajuda a nutrir efortalecer esse sentimento bom depertencer a uma comunidade.QuadrAmigaQuem cresceu e conviveu emcomunidade sabe que existem muitosdonos por ali. Tem o dono do açougue,o dono da banca, o dono da farmáciae até o dono da bola. Ali são eles quemandam. Mas e o dono da rua? Não,não estamos falando do simpáticocachorro vira-lata que ataca qualquermotoqueiro que passa. Na verdade,o dono da rua é quem vive e cuidadela. Foi com esse pensamento quenasceu o projeto QuadrAmiga, queestá mudando a cara de quarteirõesno bairro da Pompeia. São iniciativascriativas e simples, como construirpequenas hortas, pintar a passagemde pedestres e instalar porta-jornaiscomunitários. A ideia é que essaspequenas ações não apenas mudema rua para melhor como tambémpromovam o convívio entre os vizinhos.O FarolVer São Paulo do alto é enxergar apoesia no cimento em movimento.Pleno Anhangabaú e um grupo deartistas, arquitetos e educadoresavistaram lá de cima a chance decriar um espaço novo para quemquer cultura e arte. Nasceu o Farol.Em um pequeno prédio, esses carascriaram um espaço de experimentose convivência criativa. Tem de tudo:sede educativa, central de jornalismo,artes manuais e digitais e atécomidinhas feitas por quem entende.No último andar, um lounge comuma vista que já vale cada segundo.
CRÉDITOSEdiçãoDaniella Giavina-Bianchi,Felipe Valério e Fernando AndreaziProjeto gráficoSergio CuryColaboraram | arteDesigners Daniela Moniwa, Natalia Zomignan,Gil Bottari, Fabio Brazil, Fabio Testa,Lucas Machado, Juliana Batah, Leandro Strobel,Carlos Teles, Alfio Presutti e Lucas GiniColaboraram | fotosCamila Papin, Fabio Brazil e Lucas GiniRevisãoPaulo OliveiraNosso obrigado especialGilberto Dimenstein, Marcelo Duarte,Samuel Seibel, Julie Morsler, Cadão Volpato,Pablo Saborido, Maurício Schuartz,além de todas as pessoas que dividiram coma gente suas marcas de bairro do coração.