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Empresas da região não encontram trabalhadores - Jornal de Leiria

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| JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE | OPINIÃO |1 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2005 | 17| P r o s p e c t i v a s |Loucura <strong>de</strong> féirasVale a pena escreveralgo <strong>de</strong> sérioem tempo <strong>de</strong>férias? Esta foi apergunta que fiza mim mesmoquando procurava encontrarum tema para o presente artigo.E, na busca <strong>de</strong> resposta,continuei com o vício <strong>da</strong>s respostas/perguntas:As férias sãopara parar <strong>de</strong> pensar ou paraparar para pensar?E, apanhado na teia resposta/pergunta(será um sintoma<strong>de</strong> férias?) acrescentei: Mas sópo<strong>de</strong> parar <strong>de</strong> pensar quem, sistematicamente,pensa.O ciclo infernal <strong>de</strong> resposta/perguntanão se <strong>de</strong>u por vencidoe continuou: Mas será quea maioria <strong>da</strong>s pessoas pensa?E a ro<strong>da</strong> continuava a girar:Mas, se não pensa e as fériasforem para pensar, para queprecisam <strong>de</strong> férias?Aqui senti que estava a pisarterrenos perigosos e corria orisco <strong>de</strong> alguém me perguntar:Olha lá, ó intelectual <strong>da</strong> Barosa(sem ofensa para a terra, esteera um calão típico <strong>da</strong> minhajuventu<strong>de</strong>), então eu, que trabalho<strong>de</strong> sol a sol, com um pesadofardo todos os dias, pensasque tenho tempo para pensarou quê? E achas que não mereçoférias? Que este corpinho tãomaltratado durante um ano nãoprecisa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso para po<strong>de</strong>rvir a ser, outra vez, maltratadodurante mais um ano?Neste ponto lembrei-me <strong>da</strong>"cena" (linguagem <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>,hem?) em que, alega<strong>da</strong>mente,um ministro do Doutor Salazarteria confessado, com ar <strong>de</strong> mártir,que já não gozava férias hádois anos. O "prémio" que, aoque consta, terá recebido foi afrase cortante do Doutor Salazar:" Sinal <strong>de</strong> que está trabalhandopouco!".Fiquei a pensar que, afinal,as férias serão para <strong>de</strong>scansodo trabalho, quer se pense quernão, quando me veio à lembrançaum artigo <strong>de</strong> José AntónioSaraiva no "Expresso" emque (cito <strong>de</strong> memória - as fériasdão direito a estas imprecisões)afirmava que os intelectuais senão <strong>de</strong>vem envolver na políticapois esta obriga a mentir.Logo, os intelectuais que, emprincípio, pensam, só po<strong>de</strong>rão(...) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m esses"muitos" que asempresa públicas<strong>de</strong>vem ser geri<strong>da</strong>s porgente competente.Mas, logo que estacompetência aparececorrem com ela! O queé curioso é queaparece logo outro(intelectual oupolítico?) que aceita irocupar o lugar do"corrido", apesar <strong>de</strong>,em teoria, nãoconcor<strong>da</strong>r com essas"corri<strong>da</strong>s"J.M. AMADO DA SILVAProfessor universitáriofazer política nas férias se estasforem para <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> pensar, oque não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser interessante.Só que esta conclusão levamea outra pergunta (isto é mesmoum vício) perturbadora: Oque é um político em férias?Se, como diz J. A. Saraiva,a política é para dizer mentiras,o político é o que mente,ou seja, pensa (isto, é claro,para os que pensam) e diz ocontrário, ou então, já pensasó em mentiras. Quando entra<strong>de</strong> férias, tem <strong>de</strong> se <strong>de</strong>ixar dissoe, portanto, parece-me quese corre o risco <strong>de</strong> um políticoem férias, que pense e fale,vir a dizer ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o que éum perfeito <strong>de</strong>satino.Temos, portanto, que, duranteo ano, os intelectuais po<strong>de</strong>mpensar à vonta<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que senão metam em política, porquesenão per<strong>de</strong>m o estatuto <strong>de</strong> intelectuais,traindo a sua função<strong>de</strong> investigadores <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong><strong>de</strong>.Em contraparti<strong>da</strong>, os políticospo<strong>de</strong>m mentir à vonta<strong>de</strong>durante o ano, mas, na altura<strong>da</strong>s férias, po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>bitar umasver<strong>da</strong><strong>de</strong>s, ou seja, transformarem-seem intelectuais . Comesta lógica na cabeça pus-meà cata <strong>de</strong> políticos "virados"intelectuais nesta altura do ano,mas não vi na<strong>da</strong> além <strong>de</strong> fogospara todos os (<strong>de</strong>s)gostos.Será que, afinal, não há políticosnem intelectuais e isto étudo uma maluqueira <strong>de</strong> férias?Há, no entanto, uma mentiritaem que acho que apanheimuitos: <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m esses "muitos"que as empresa públicas<strong>de</strong>vem ser geri<strong>da</strong>s por gentecompetente. Mas , logo que estacompetência aparece corremcom ela! O que é curioso é queaparece logo outro (intelectualou político?) que aceita ir ocuparo lugar do "corrido", apesar<strong>de</strong>, em teoria, não concor<strong>da</strong>rcom essas "corri<strong>da</strong>s"!Definitivamente, as fériasnão parecem servir para pensar!Só trazem i<strong>de</strong>ias malucase criam confusões!Para me libertar <strong>de</strong>las <strong>de</strong>i comigoa pensar (Mau! Lá estou euoutra vez!) : Não será mais fácile claro que a política procure sera expressão <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>?Loucura <strong>de</strong> férias, está bem<strong>de</strong> ver! ■| O p i n i ã o |"Utopia realista" para <strong>Leiria</strong>Já escrevemos nas páginas do <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong><strong>Leiria</strong> que o Concelho necessita <strong>de</strong> umnovo ciclo <strong>de</strong> exigência <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> urbana no qual sejam consagrados,como prioritários, os seguintesaspectos:1-Facilitação <strong>de</strong> serviços qualificados, amigáveise eficientes;2- Condições <strong>de</strong> mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> interna e externaquer motoriza<strong>da</strong> quer pedonal;3- Segurança colectiva e confiança na saú<strong>de</strong>pública quanto à água, ao ar, aos resíduos ou aoruído;4- Padrões urbanísticos com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> estéticae funcional que contribuam para a humanização<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>;5- Preservação do património distintivo e i<strong>de</strong>ntitárioentendido, também, como recurso <strong>de</strong> valoracrescentado;6- Mais e melhor espaço público que fomente asociabili<strong>da</strong><strong>de</strong>;7- Protecção dos ci<strong>da</strong>dãos enquanto consumidores<strong>de</strong> bens ou serviços e como parceiros <strong>da</strong> gestãourbana;8- Defesa <strong>da</strong> harmonia na relação entre o Homeme a Natureza, estabelecendo o justo diálogo entrezonas rurais e urbanas;9- Regulação do mercado imobiliário com mecanismos<strong>de</strong> discriminação positiva;10 - Integração <strong>da</strong>s periferias e racionalizaçãona ocupação do território.Estes <strong>de</strong>sígnios exigem uma nova concepçãoglobal <strong>de</strong> planeamento a que a filosofia tradicional<strong>da</strong> primeira geração <strong>de</strong> PDM(s) não conseguiuAssim sendo, osdocumentos <strong>da</strong>íresultantes limitaram--se a estabelecer umzonamentofuncionalista, baseadona estruturação <strong>de</strong>elementos físicos,perspectiva<strong>da</strong> parauma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>evolução lenta eexpectável, sem sercapaz <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r oterritório como umespaço <strong>de</strong> to<strong>da</strong> aactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> humanaPEDRO MELO BISCAIAPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Direcção <strong>da</strong> ADLEI<strong>da</strong>r resposta a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. Havia dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s nos instrumentostécnicos disponíveis, pouca experiência<strong>de</strong> concepção, reduzi<strong>da</strong> visão interdisciplinar, rigi<strong>de</strong>z<strong>de</strong> aplicação, constrangimentos impostos pelaburocracia <strong>da</strong> Administração Pública centralista efalta <strong>de</strong> interacção com a Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Assim sendo,os documentos <strong>da</strong>í resultantes limitaram-se aestabelecer um zonamento funcionalista, baseadona estruturação <strong>de</strong> elementos físicos, perspectiva<strong>da</strong>para uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> evolução lenta e expectável,sem ser capaz <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o território comoum espaço <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana.O <strong>de</strong>safio que, agora, se coloca é envere<strong>da</strong>rpelo caminho do Planeamento Estratégico queintegra várias disciplinas <strong>de</strong> análise, que estabeleceum método selectivo e pragmático, que procura<strong>da</strong>r respostas à evolução dos contextos, queantecipa tendências, oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>de</strong>tecta ameaças,que dá gran<strong>de</strong> expressão à participação dosci<strong>da</strong>dãos como um meio <strong>de</strong> envolvência e mobilizaçãodos vários actores sociais, não só comoimperativo <strong>da</strong> ética <strong>de</strong>mocrática, mas tambémcomo processo <strong>de</strong> legitimação pública <strong>da</strong>s propostas<strong>da</strong>s administrações. Como afirma Fernan<strong>de</strong>sGuell " o planeamento estratégico aplicado aqualquer activi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana consiste, fun<strong>da</strong>mentalmente,em conceber um futuro <strong>de</strong>sejado e emprogramar os meios concretos para alcançá-lo".No nosso Concelho é necessário essa outra atitu<strong>de</strong>,esse novo paradigma cultural, que ultrapassea gestão casuística e imediata, que busque objectivos-chave<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e que mobilize apopulação num projecto <strong>de</strong> esperança numa vi<strong>da</strong>melhor em comum. ■

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