16 | 1 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2005 | SOCIEDADE | OPINIÃO | JORNAL DE LEIRIA |JORLIS, LDA.Conselho <strong>de</strong> Gestão:José Ribeiro VieiraArnaldo SapinhoCatarina VieiraDirectora Executiva:Anabela FrazãoDirecção Editorial:José Ribeiro VieiraOrlando CardosoMaria Alexandra VieiraSecretária <strong>da</strong> Direcção:Paula CarvalhoDirector:Arnaldo Sapinhodireccao@jornal<strong>de</strong>leiria.ptDirectores Adjuntos:Anabela Frazão e João Nazáriogeral@jornal<strong>de</strong>leiria.ptre<strong>da</strong>ccao@jornal<strong>de</strong>leiria.ptre<strong>da</strong>ccao.economia@jornal<strong>de</strong>leiria.ptre<strong>da</strong>ccao.<strong>de</strong>sporto@jornal<strong>de</strong>leiria.ptre<strong>da</strong>ccao.viver@jornal<strong>de</strong>leiria.ptCoor<strong>de</strong>nadora <strong>da</strong> re<strong>da</strong>cçãoAlexandra Barata(alexandrabarata@gmail.com)EditorRaquel Sousa Silva(raquelsousasilva@iol.pt)Re<strong>da</strong>cçãoAlexandra Barata (alexandrabarata@gmail.com),Damião Leonel (dleonel@mail.pt),Elisabete Cruz (eliscruz@hotmail.com),Graça Menitra (gmenitra@mail.pt)Jacinto Silva Duro (jjduro@iol.pt)Maria Anabela Silva (masilva@mail.pt)Ricardo Rosenheim Rodrigues(ricardocarvalhorodrigues@gmail.com)Colaboradores permanentesAna Ferraz Pereira, Carlos Matos, Dina Aleixo,Joaquim Paulo, Luci Pais, Lur<strong>de</strong>s Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>,Orlando CardosoColaboradoresAna Narciso, Fernando Encarnação, FranciscoMafra, Helena Carvalhão, João Lázaro, JoséAlberto Vasco, José Amado <strong>da</strong> Silva, José Antunes<strong>de</strong> Sousa, José Augusto Esteves, José ManuelPereira <strong>da</strong> Silva, José Marques <strong>da</strong> Cruz, JoséNunes André, Licínio Moreira, Luciano <strong>de</strong>Almei<strong>da</strong>, Márcio Lopes, O<strong>de</strong>te João, OsvaldoCastro, Pedro Biscaia, Pedro Aleixo Pais, TomásOliveira DiasDirecção GráficaGabinete Técnico JorlisComposição, Paginação e Montagemisil<strong>da</strong>.trin<strong>da</strong><strong>de</strong>@jornal<strong>de</strong>leiria.ptCoor<strong>de</strong>nação Isil<strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>Rita Carlos; Carlos NevesCartoonista Rui Pedro LourençoServiços AdministrativosRecepção - Patrícia CarvalhoTesouraria - Cília RibeiroAssinantes - Patrícia CarvalhoHistória - Invasões Francesas(Comentário ao artigo "As invasões francesasna região")Felicitando pelo texto, apenas uma breveprecisão quanto ao sítio <strong>de</strong> S. Bartolomeu. Estecolhia o seu nome <strong>da</strong> capela <strong>de</strong> S. Bartolomeu(já existente no século XV), ergui<strong>da</strong>, justamente,no sítio on<strong>de</strong>, até há alguns anos, funcionoua se<strong>de</strong> do partido político CDS. O sítio<strong>da</strong> carnificina dos leirienses coinci<strong>de</strong> grossomodo com o local on<strong>de</strong> se encontra afixa<strong>da</strong> aplaca que memoriza tais acontecimentos e nãoentre a Prisão-Escola e a Câmara Municipal.Saul Gomesipd@ci.uc.ptAljubarrota assassina<strong>da</strong>| D o s l e i t o r e s |Ao lado e por <strong>de</strong>baixo <strong>da</strong> artística e histórica'janela Manuelina' (século XVI), 'monumentonacional', tiveram o <strong>de</strong>scaramento e apouca vergonha <strong>de</strong> 'espetarem' com uma lamentáveljanela e porta <strong>de</strong> alumínio.É preciso não perceber absolutamente na<strong>da</strong><strong>de</strong> arte <strong>da</strong> histórica vila <strong>de</strong> Aljubarrota, on<strong>de</strong>os alumínios são privilegiados.Reparem na histórica vila <strong>de</strong> Óbidos e sigamlheo exemplo, pois Aljubarrota merece maiorrespeito e maior digni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Peço e insisto com a Câmara Municipal <strong>de</strong>Alcobaça e o senhor arquitecto Ferro que man<strong>de</strong>retirar imediatamente aquela vergonha, jáque as Juntas <strong>de</strong> Freguesia não têm coragempara o fazer.Aljubarrota pela batalha trava<strong>da</strong> nos campos<strong>da</strong> Cumeeira <strong>de</strong> Aljubarrota (como nosrelata o cronista Fernão Lopes) é o altar <strong>da</strong>pátria.Viva a Aljubarrota!Viva a Portugal!A bem <strong>da</strong> justiça e <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>.José CasimiroLicenciado em História / Historiador <strong>de</strong>AljubarrotaO insólito aconteceuO JORNAL DE LEIRIA reserva-se o direito <strong>de</strong> seleccionar os trechos mais importantes <strong>da</strong>s cartas ao Director <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s, publica<strong>da</strong>s nesta secção| P a s s a g e n s |No Lar Emanuel, <strong>da</strong> terceira i<strong>da</strong><strong>de</strong>, existeuma carrinha apropria<strong>da</strong> para transportar, porvezes, alguns dos seus utentes a <strong>da</strong>r um passeioaté uma <strong>da</strong>s praias periféricas <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> ou,todos os domingos <strong>de</strong> manhã, ao templo <strong>da</strong>Igreja Baptista, a fim <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem assistir àscerimónias religiosas. Evi<strong>de</strong>ntemente que istoé só para os que tenham tal <strong>de</strong>sejo. Esta carrinhaé composta por sistemas a<strong>de</strong>quados paraos utentes com dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s motoras, possuindo,para o efeito, aparelhagem própria: ao abrirsea porta, sai uma passa<strong>de</strong>ira com um pisoplano <strong>de</strong> forma a po<strong>de</strong>r passar uma ca<strong>de</strong>iracom ro<strong>da</strong>s ou o próprio utente, a pé auxiliadopor alguém que o acompanhe, sem necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> subir ou <strong>de</strong>scer <strong>de</strong>graus.Antes <strong>da</strong>s últimas obras do projecto Polisna Av. Combatentes <strong>da</strong> Gran<strong>de</strong> Guerra, existia,frente à porta <strong>de</strong>ste templo, um espaçoreservado para carros com <strong>de</strong>ficientes que <strong>de</strong>sapareceu.Como a manobra <strong>de</strong> preparar o piso,a fim <strong>de</strong> sair ou entrar, se não faz sem tempo,agora o insólito aconteceu.Foi no domingo, 21 <strong>de</strong> Agosto. Como oreferido veículo não tinha espaço para estacionar,teve <strong>de</strong> o fazer no meio <strong>da</strong> rua, paralelamenteaos veículos ali estacionados. Eramcerca <strong>de</strong> 12 horas, hora <strong>de</strong> maior movimento,quando se proce<strong>de</strong>u ao carregamento e transportedos utentes, ocasionando formar-se, comoera <strong>de</strong> esperar, uma gran<strong>de</strong> fila <strong>de</strong> veículos,não só na aveni<strong>da</strong> como na Rua Eng.º DuartePacheco. Alguns mais impacientes começarama buzinar, e só <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> o fazer <strong>de</strong>pois <strong>da</strong>rua ter sido <strong>de</strong>simpedi<strong>da</strong>.Assisti a este infeliz espectáculo e, quandome preparava para regressar a casa, eis queuma senhora, condutora impaciente, se aproximou<strong>de</strong> mim, no seu carro, e me disse: “Nãoestá certo que vocês mantenham tanto tempoa via impedi<strong>da</strong>” (a <strong>de</strong>mora aconteceu porqueum dos utentes, por ter mais dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> eman<strong>da</strong>r, <strong>de</strong>morou mais tempo). Respondi <strong>de</strong> imediatoque “a culpa não cabe à Igreja, mas simàs obras <strong>da</strong> Câmara, que não <strong>de</strong>ixaram umespaço apropriado para estas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s”.Compreen<strong>de</strong>u-me, lamentou e pediu-me <strong>de</strong>sculpa.Entretanto, vim a saber que foram escritasduas cartas pelo secretário <strong>da</strong> Igreja Baptista,dirigi<strong>da</strong>s ao pelouro correspon<strong>de</strong>nte, e não só.O próprio pastor <strong>de</strong>slocou-se por duas vezes àCâmara pedindo o favor <strong>de</strong> se repor os doislugares que foram atribuídos.E eu agora faço <strong>da</strong>qui um apelo ao responsávelou responsáveis <strong>da</strong> autarquia a quemdiz respeito este assunto. Por favor, e para bem<strong>da</strong> população leiriense, em nome <strong>da</strong> qual seagra<strong>de</strong>ce, vejam, senhores edis, se resolvemeste assunto com urgência, que é <strong>de</strong> prementenecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Certo? ■Serviços Comerciaispublici<strong>da</strong><strong>de</strong>@jornal<strong>de</strong>leiria.ptCoor<strong>de</strong>nação - Rui PereiraÉlia Ramalho, João Matias, Sofia CaçadorProprie<strong>da</strong><strong>de</strong>Jorlis - Edições e Publicações, L<strong>da</strong>.Capital Social: € 399.038,32Contribuinte Nº 502010401Sócios com mais <strong>de</strong> 10%:Movicortes, Serviços e Gestão, L<strong>da</strong>,José Ribeiro VieiraMora<strong>da</strong>Rua Coman<strong>da</strong>nte João Belo, nº 31Apart. 1098 2401-801 <strong>Leiria</strong>Telefones:Geral 244 800 400Re<strong>da</strong>cção 244 800 405Comercial 244 800 404Fax 244 800 401Impressão: Miran<strong>de</strong>la, Artes Gráficas, SARua Rodrigues Faria, 1031300 - 501 LisboaDistribuição: VASPDia <strong>de</strong> publicação: Quinta-feiraPreço avulso: 1euroAssinatura anual: 25€ (Portugal), 27€ (restantespaíses <strong>da</strong> Europa), 30€ (outros países do Mundo)Tiragem média por ediçãoMês <strong>de</strong> Agosto 15.000 exemplaresNº <strong>de</strong> registo: 109980Depósito legal nº 5628/84O <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> está aberto à participação <strong>de</strong> todos osci<strong>da</strong>dãos <strong>de</strong> acordo com o ponto 5 do Estatuto EditorialLUÍS PISCO,presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong>Associação Portuguesa<strong>de</strong> Médicos<strong>de</strong> ClínicaGeral vai presidirà Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>Missão, responsável pela reformados centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. As propostasconstam <strong>da</strong> “Reforma doscui<strong>da</strong>dos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> primários”,documento em discussão públicaaté 15 <strong>de</strong> Setembro. Aquelemédico <strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Rainha éigualmente presi<strong>de</strong>nte do IQS -Instituto <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e Saú<strong>de</strong>.VALTER VINAGRE e JOSÉANTUNES, do Centro <strong>de</strong> Artes<strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s (CAC), são os comissários<strong>da</strong> exposição “Tapa<strong>da</strong> doTanque”, inaugura<strong>da</strong> dia 30 <strong>de</strong>Julho, no Centro Cultural Raiano,em I<strong>da</strong>nha-a-Nova. A mostraintegra obras <strong>de</strong> artistas <strong>da</strong>sCal<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Rainha. Po<strong>de</strong>m ser vistasintervenções <strong>de</strong> arte contemporânea<strong>de</strong> Jorge Feijão, PauloTuna, Renato Franco, SamuelRama e Vítor Reis. O CAC vaipromover ain<strong>da</strong> esta exposiçãona Galeria Trem, Faro, no âmbito<strong>da</strong> Capital Nacional <strong>da</strong> Cultura,a partir <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Setembro.Fábio Silva, do Clube <strong>de</strong> Natação<strong>de</strong> Alcobaça (CNA) classificou-seem segundo lugar na 24ªedição <strong>da</strong> prova <strong>de</strong> natação “JoaquimBernardo <strong>de</strong> Sousa Lobo”,que <strong>de</strong>correu dia 15 <strong>de</strong> Agostona Nazaré. Na referi<strong>da</strong> prova,Francisco Vieira, também doCNA, obteve o terceiro lugar. Nosector feminino, a vencedora foiÂngela Bilhastre, igualmente<strong>da</strong>quele clube <strong>de</strong> Alcobaça.MARCOHORÁCIO vairegressar à apresentaçãodo programa“Levanta-tee ri”,transmitido pelaSIC. Aquele humorista <strong>de</strong> standup comedy, natural do concelho<strong>da</strong> Marinha Gran<strong>de</strong>, havia<strong>de</strong>ixado o programa que o tornoupopular no passado dia 25<strong>de</strong> Abril, quando passou o testemunhoa Miguel Barros.CARLOS CASIMIRO DEALMEIDA foi eleito presi<strong>de</strong>nte<strong>da</strong> Direcção <strong>da</strong> Associação <strong>de</strong>Amigos <strong>de</strong> Alfeizerão, Alcobaça.Os novos corpos sociais, eleitospara o biénio 2005/2006 integramain<strong>da</strong>, entre outros, JorgeTempero Correia e José Luís Monteiro<strong>de</strong> Castro, respectivamentecomo presi<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong> AssembleiaGeral e Conselho Fiscal.ESPERANÇAMATOS, escultora<strong>da</strong> Batalha,vai mostraralguns dos seustrabalhos, <strong>de</strong>pedra e ferro, noMuseu <strong>de</strong> Ovar,<strong>de</strong> 2 a 23 <strong>de</strong> Setembro. O gostoe a <strong>de</strong>dicação pela arte <strong>de</strong> talhara pedra começaram em 1998,ano em que se tornou discípulado conhecido e já falecidoMestre Alfredo Ribeiro. Entre osseus diversos trabalhos, <strong>de</strong>stacam-seos realizados para o IPPAR(mosteiros <strong>da</strong> Batalha e Alcobaça).Em termos individuais, jáexpôs em Pombal, Marinha Gran<strong>de</strong>e Batalha.LUDGER MEIER vai ser homenageado,no próximo dia 8, pelapresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Câmara Municipal<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, Isabel Damasceno.A cerimónia <strong>de</strong>corre no SalãoNobre dos Paços do Concelho epreten<strong>de</strong> manifestar ao ex-vicepresi<strong>de</strong>ntedo município <strong>de</strong> Rheine,o reconhecimento pelo seupapel na concretização <strong>da</strong> geminação<strong>da</strong>quela ci<strong>da</strong><strong>de</strong> alemã com<strong>Leiria</strong>. A <strong>de</strong>legação é li<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>por Marianne Helmes, presi<strong>de</strong>nteadjunta <strong>da</strong> Câmara e integra,além <strong>de</strong> Ludger Meier e esposa,Henrique Koester, na quali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> intérprete. Quando terminouo exercício <strong>da</strong> sua activi<strong>da</strong><strong>de</strong>política, Ludger Meier foi nomeadopresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Associação <strong>de</strong>Geminações <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Rheine,cargo que exerceu até finaldo passado mês <strong>de</strong> Abril. EmJunho, a Câmara <strong>de</strong> Rheine homenageouLudger Meier com o título<strong>de</strong> “vice-presi<strong>de</strong>nte honorário<strong>de</strong> Rheine”.SOBRINHOSIMÕES, médicoe professorcatedrático, vaiser o man<strong>da</strong>táriono Porto <strong>da</strong>candi<strong>da</strong>tura <strong>de</strong>Mário Soares à presidência <strong>da</strong>República. Natural do Bombarral,aquele investigador temsedistinguido na área do cancro,tendo recebido o PrémioPessoa 2002. ■
| JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE | OPINIÃO |1 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2005 | 17| P r o s p e c t i v a s |Loucura <strong>de</strong> féirasVale a pena escreveralgo <strong>de</strong> sérioem tempo <strong>de</strong>férias? Esta foi apergunta que fiza mim mesmoquando procurava encontrarum tema para o presente artigo.E, na busca <strong>de</strong> resposta,continuei com o vício <strong>da</strong>s respostas/perguntas:As férias sãopara parar <strong>de</strong> pensar ou paraparar para pensar?E, apanhado na teia resposta/pergunta(será um sintoma<strong>de</strong> férias?) acrescentei: Mas sópo<strong>de</strong> parar <strong>de</strong> pensar quem, sistematicamente,pensa.O ciclo infernal <strong>de</strong> resposta/perguntanão se <strong>de</strong>u por vencidoe continuou: Mas será quea maioria <strong>da</strong>s pessoas pensa?E a ro<strong>da</strong> continuava a girar:Mas, se não pensa e as fériasforem para pensar, para queprecisam <strong>de</strong> férias?Aqui senti que estava a pisarterrenos perigosos e corria orisco <strong>de</strong> alguém me perguntar:Olha lá, ó intelectual <strong>da</strong> Barosa(sem ofensa para a terra, esteera um calão típico <strong>da</strong> minhajuventu<strong>de</strong>), então eu, que trabalho<strong>de</strong> sol a sol, com um pesadofardo todos os dias, pensasque tenho tempo para pensarou quê? E achas que não mereçoférias? Que este corpinho tãomaltratado durante um ano nãoprecisa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso para po<strong>de</strong>rvir a ser, outra vez, maltratadodurante mais um ano?Neste ponto lembrei-me <strong>da</strong>"cena" (linguagem <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>,hem?) em que, alega<strong>da</strong>mente,um ministro do Doutor Salazarteria confessado, com ar <strong>de</strong> mártir,que já não gozava férias hádois anos. O "prémio" que, aoque consta, terá recebido foi afrase cortante do Doutor Salazar:" Sinal <strong>de</strong> que está trabalhandopouco!".Fiquei a pensar que, afinal,as férias serão para <strong>de</strong>scansodo trabalho, quer se pense quernão, quando me veio à lembrançaum artigo <strong>de</strong> José AntónioSaraiva no "Expresso" emque (cito <strong>de</strong> memória - as fériasdão direito a estas imprecisões)afirmava que os intelectuais senão <strong>de</strong>vem envolver na políticapois esta obriga a mentir.Logo, os intelectuais que, emprincípio, pensam, só po<strong>de</strong>rão(...) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m esses"muitos" que asempresa públicas<strong>de</strong>vem ser geri<strong>da</strong>s porgente competente.Mas, logo que estacompetência aparececorrem com ela! O queé curioso é queaparece logo outro(intelectual oupolítico?) que aceita irocupar o lugar do"corrido", apesar <strong>de</strong>,em teoria, nãoconcor<strong>da</strong>r com essas"corri<strong>da</strong>s"J.M. AMADO DA SILVAProfessor universitáriofazer política nas férias se estasforem para <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> pensar, oque não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser interessante.Só que esta conclusão levamea outra pergunta (isto é mesmoum vício) perturbadora: Oque é um político em férias?Se, como diz J. A. Saraiva,a política é para dizer mentiras,o político é o que mente,ou seja, pensa (isto, é claro,para os que pensam) e diz ocontrário, ou então, já pensasó em mentiras. Quando entra<strong>de</strong> férias, tem <strong>de</strong> se <strong>de</strong>ixar dissoe, portanto, parece-me quese corre o risco <strong>de</strong> um políticoem férias, que pense e fale,vir a dizer ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o que éum perfeito <strong>de</strong>satino.Temos, portanto, que, duranteo ano, os intelectuais po<strong>de</strong>mpensar à vonta<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que senão metam em política, porquesenão per<strong>de</strong>m o estatuto <strong>de</strong> intelectuais,traindo a sua função<strong>de</strong> investigadores <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong><strong>de</strong>.Em contraparti<strong>da</strong>, os políticospo<strong>de</strong>m mentir à vonta<strong>de</strong>durante o ano, mas, na altura<strong>da</strong>s férias, po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>bitar umasver<strong>da</strong><strong>de</strong>s, ou seja, transformarem-seem intelectuais . Comesta lógica na cabeça pus-meà cata <strong>de</strong> políticos "virados"intelectuais nesta altura do ano,mas não vi na<strong>da</strong> além <strong>de</strong> fogospara todos os (<strong>de</strong>s)gostos.Será que, afinal, não há políticosnem intelectuais e isto étudo uma maluqueira <strong>de</strong> férias?Há, no entanto, uma mentiritaem que acho que apanheimuitos: <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m esses "muitos"que as empresa públicas<strong>de</strong>vem ser geri<strong>da</strong>s por gentecompetente. Mas , logo que estacompetência aparece corremcom ela! O que é curioso é queaparece logo outro (intelectualou político?) que aceita ir ocuparo lugar do "corrido", apesar<strong>de</strong>, em teoria, não concor<strong>da</strong>rcom essas "corri<strong>da</strong>s"!Definitivamente, as fériasnão parecem servir para pensar!Só trazem i<strong>de</strong>ias malucase criam confusões!Para me libertar <strong>de</strong>las <strong>de</strong>i comigoa pensar (Mau! Lá estou euoutra vez!) : Não será mais fácile claro que a política procure sera expressão <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>?Loucura <strong>de</strong> férias, está bem<strong>de</strong> ver! ■| O p i n i ã o |"Utopia realista" para <strong>Leiria</strong>Já escrevemos nas páginas do <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong><strong>Leiria</strong> que o Concelho necessita <strong>de</strong> umnovo ciclo <strong>de</strong> exigência <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> urbana no qual sejam consagrados,como prioritários, os seguintesaspectos:1-Facilitação <strong>de</strong> serviços qualificados, amigáveise eficientes;2- Condições <strong>de</strong> mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> interna e externaquer motoriza<strong>da</strong> quer pedonal;3- Segurança colectiva e confiança na saú<strong>de</strong>pública quanto à água, ao ar, aos resíduos ou aoruído;4- Padrões urbanísticos com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> estéticae funcional que contribuam para a humanização<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>;5- Preservação do património distintivo e i<strong>de</strong>ntitárioentendido, também, como recurso <strong>de</strong> valoracrescentado;6- Mais e melhor espaço público que fomente asociabili<strong>da</strong><strong>de</strong>;7- Protecção dos ci<strong>da</strong>dãos enquanto consumidores<strong>de</strong> bens ou serviços e como parceiros <strong>da</strong> gestãourbana;8- Defesa <strong>da</strong> harmonia na relação entre o Homeme a Natureza, estabelecendo o justo diálogo entrezonas rurais e urbanas;9- Regulação do mercado imobiliário com mecanismos<strong>de</strong> discriminação positiva;10 - Integração <strong>da</strong>s periferias e racionalizaçãona ocupação do território.Estes <strong>de</strong>sígnios exigem uma nova concepçãoglobal <strong>de</strong> planeamento a que a filosofia tradicional<strong>da</strong> primeira geração <strong>de</strong> PDM(s) não conseguiuAssim sendo, osdocumentos <strong>da</strong>íresultantes limitaram--se a estabelecer umzonamentofuncionalista, baseadona estruturação <strong>de</strong>elementos físicos,perspectiva<strong>da</strong> parauma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>evolução lenta eexpectável, sem sercapaz <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r oterritório como umespaço <strong>de</strong> to<strong>da</strong> aactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> humanaPEDRO MELO BISCAIAPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Direcção <strong>da</strong> ADLEI<strong>da</strong>r resposta a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. Havia dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s nos instrumentostécnicos disponíveis, pouca experiência<strong>de</strong> concepção, reduzi<strong>da</strong> visão interdisciplinar, rigi<strong>de</strong>z<strong>de</strong> aplicação, constrangimentos impostos pelaburocracia <strong>da</strong> Administração Pública centralista efalta <strong>de</strong> interacção com a Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Assim sendo,os documentos <strong>da</strong>í resultantes limitaram-se aestabelecer um zonamento funcionalista, baseadona estruturação <strong>de</strong> elementos físicos, perspectiva<strong>da</strong>para uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> evolução lenta e expectável,sem ser capaz <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o território comoum espaço <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana.O <strong>de</strong>safio que, agora, se coloca é envere<strong>da</strong>rpelo caminho do Planeamento Estratégico queintegra várias disciplinas <strong>de</strong> análise, que estabeleceum método selectivo e pragmático, que procura<strong>da</strong>r respostas à evolução dos contextos, queantecipa tendências, oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>de</strong>tecta ameaças,que dá gran<strong>de</strong> expressão à participação dosci<strong>da</strong>dãos como um meio <strong>de</strong> envolvência e mobilizaçãodos vários actores sociais, não só comoimperativo <strong>da</strong> ética <strong>de</strong>mocrática, mas tambémcomo processo <strong>de</strong> legitimação pública <strong>da</strong>s propostas<strong>da</strong>s administrações. Como afirma Fernan<strong>de</strong>sGuell " o planeamento estratégico aplicado aqualquer activi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana consiste, fun<strong>da</strong>mentalmente,em conceber um futuro <strong>de</strong>sejado e emprogramar os meios concretos para alcançá-lo".No nosso Concelho é necessário essa outra atitu<strong>de</strong>,esse novo paradigma cultural, que ultrapassea gestão casuística e imediata, que busque objectivos-chave<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e que mobilize apopulação num projecto <strong>de</strong> esperança numa vi<strong>da</strong>melhor em comum. ■