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Empresas da região não encontram trabalhadores - Jornal de Leiria

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| JORNAL DE LEIRIA | ECONOMIA |1 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2005 | 21| Entrevista|Manuel Saraiva, empresário, Ourém“Não sou a<strong>de</strong>pto dos subsídios às empresas”Os <strong>trabalhadores</strong> portugueses “não são piores que os outros”, mas acomo<strong>da</strong>m-se porque há umasistema instalado que leva a isso. Manuel Saraiva, administrador <strong>da</strong> Vigobloco, diz que é precisocriar condições para as empresas serem mais produtivas, mas não <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> os subsídios, por servisível que muitas <strong>da</strong>s empresas que os receberam “morreram ao fim <strong>de</strong> poucos anos”. Melhoraras vias <strong>de</strong> comunicação é uma <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s que aponta.RAQUEL SOUSA SILVAdos subsídios às empresas. Já vimos quea maior parte <strong>da</strong>s empresas que receberamincentivos morreram ao fim <strong>de</strong> poucosanos, porque se habituaram mal.JL – O que é então necessário mu<strong>da</strong>r?MS – Penso que um dos aspectoson<strong>de</strong> é essencial apostar é na formaçãoprofissional, não só aos <strong>trabalhadores</strong>mas também aos empresários. Muitospensam que, por serem empresários, nãoprecisam <strong>de</strong> trabalhar e que a empresatem que <strong>da</strong>r lucro sem esforço. Há falta<strong>de</strong> formação. E é também uma questão<strong>de</strong> mentali<strong>da</strong><strong>de</strong>s. O sistema contribuipara isso e as pessoas estão malhabitua<strong>da</strong>s. ■Raquel <strong>de</strong> Sousa SilvaPercursoManuel Saraiva diz que a Vigoblococomeçou “quase por brinca<strong>de</strong>ira”.Emigrante, constatou durante umasférias em Portugal, em 1977, que nãohavia muitas empresas a fabricar blocos<strong>de</strong> construção, um produto “simples”,para o qual havia gran<strong>de</strong> procura.Convidou o cunhado aaventurar-se com ele no lançamento<strong>de</strong> uma fábrica, que entretanto acolheuo interesse <strong>de</strong> outros amigos. AVigobloco nasceu vocaciona<strong>da</strong> para ofabrico <strong>da</strong>quele produto, mas <strong>de</strong>poispassou também a produzir vigotas etravessas para os caminhos-<strong>de</strong>-ferro.■JORNAL DE LEIRIA (JL) - A Vigoblocoactua em áreas que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mem boa parte <strong>de</strong> investimentos públicos,on<strong>de</strong> parece haver ca<strong>da</strong> vez maiortendência para cortes. Como encara ofuturo?Manuel Saraiva (MS) – Não vejo ofuturo com bons olhos. Dentro <strong>de</strong> dois outrês anos não haverá melhorias. Deviahaver mais agressivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> parte doGoverno. O problema não está nas empresas,a maior parte são boas e tudo fazempara se <strong>de</strong>senvolver. O exemplo <strong>de</strong>via vir<strong>de</strong> cima, mas não vem. Há muita burocracia,que nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> avançar. Ain<strong>da</strong>há tempos precisámos <strong>de</strong> alterar osturnos na fábrica e <strong>de</strong>morámos imensotempo até conseguirmos. Isto não aju<strong>da</strong>na<strong>da</strong>. A legislação é rígi<strong>da</strong>. E ain<strong>da</strong> háoutro problema: há muita concorrência,logo as margens são muito reduzi<strong>da</strong>s e ascobranças estão muito difíceis. Não hámeio <strong>de</strong> conseguirmos que as empresaspaguem, quando o Estado continua a <strong>da</strong>ro exemplo, sendo tão mau pagador.JL - Que estratégias tem seguido paraalargar e consoli<strong>da</strong>r a vossa activi<strong>da</strong><strong>de</strong>?MS – Temos vindo a fugir <strong>da</strong>s áreason<strong>de</strong> há mais concorrência, apostandonoutras. O que nos obriga a gran<strong>de</strong>s investimentostodos os anos, em novos produtos,novos equipamentos e mol<strong>de</strong>s. Masmesmo assim é difícil.JL – Muito se tem falado no TGV ena Ota e no impacto que po<strong>de</strong>riam terna dinamização <strong>da</strong> economia portuguesa.Acredita que são obras imprescindíveisou há outras priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s?MS – Para mim, seria muito bom seestas obras fossem avante, já que a empresaestá prepara<strong>da</strong> para fazer travessas parao TGV ou, pelo menos, uma gran<strong>de</strong> parte<strong>de</strong>las. Não havendo TGV, não há negócio.Mas na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, parece-me que oprojecto <strong>de</strong>senhado é um investimentomuito pesado para o País, do qual nãohaverá retorno. Por isso, entendo que se<strong>de</strong>veria apenas avançar com a ligação Lisboa/Madrid.Quanto ao aeroporto <strong>da</strong> Ota,também po<strong>de</strong>ria dinamizar a economia,mas, <strong>da</strong>do o seu custo e a crise em queestamos, não é a melhor altura para ofazer. Penso que a priori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>veria irpara as vias <strong>de</strong> comunicação.JL – Porquê?MS – O que <strong>de</strong>senvolve as regiões e asempresas são as vias <strong>de</strong> comunicação.Nós, por exemplo, estamos isolados. Hátantos anos que se fala no IC9, mas nuncamais se faz. Ain<strong>da</strong> há dias saiu um carrocom material nosso que se virou a meiodo percurso, porque havia um buraco naestra<strong>da</strong>. Isto causa prejuízos. Não tem sentido<strong>de</strong>morar quase uma hora <strong>da</strong>qui [Caxarias]a <strong>Leiria</strong>.JL – Muito se tem falado na questão<strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>,indicadores nos quais Portugal continuaatrás dos outros países <strong>da</strong> Europa. Quaisas razões para esta situação, no seuenten<strong>de</strong>r?MS – Penso que os portugueses nãosão piores que os outros. É preciso incentivá-los,<strong>da</strong>r-lhes formação e pagar bem.O que se constata é que as pessoas se acomo<strong>da</strong>mum bocado, porque o sistema levaa isso. O sistema é o futebol, o fado e Fátima.As coisas não an<strong>da</strong>m, “emperram”em certos sítios e isso prejudica o an<strong>da</strong>mento<strong>da</strong> economia. Penso que o principalculpado <strong>de</strong>sta situação são os governos,porque não criam condições para queas empresas sejam mais produtivas. Faloem questões estruturais, não sou a<strong>de</strong>pto

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