Semana Santa Hugo Grados Nossa Senhora das Dores - Arcos de la Frontera, Espanha 10
As dores de Nossa Senhora Depois de descrever a fisionomia moral da Mãe de Deus, <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> considera os sofrimentos pelos quais passou a “Mulier dolorum” ao longo de toda a sua existência, em união com seu Unigênito. Tais considerações nos convidam a um exame de consciência feito com paz e inteira confiança na misericórdia divina. Hoje é um dia muito significativo para nós, pois é a Festa das Sete Dores de Nossa Senhora. Parece-me que não podemos deixar passar a ocasião sem dizer uma palavra a respeito. ”Mulier dolorum” O que nós podemos considerar a respeito de Nossa Senhora e de suas dores, fundamentalmente, é o seguinte: Enganam-se aqueles que julgam que a Virgem Maria teve em sua vida uma única ocasião de dor correspondente à Paixão e Morte de seu divino Filho. Esse momento foi realmente de uma dor suprema, a maior que jamais se tenha sentido no universo, abaixo da dor insondável de Nosso Senhor Jesus Cristo em sua humanidade santíssima. Foi uma dor tão grande que recapitulou todas as dores do universo. Tudo quanto os homens sofreram desde a queda de Adão e sofrerão até o último instante em que houver homens vivos na Terra, vai ser incomparavelmente menor do que a dor que Nossa Senhora sofreu. Contudo, erraria quem pensasse que Ela padeceu essas dores durante a Paixão, mas fora daquele período não teria sofrido mais. E, portanto, sua vida viria transcorrendo calma, satisfeita, inundada pelo contentamento de ser Mãe do Salvador quando, de repente, chegou aquela dor lancinante que durou até a Ressurreição de Nosso Senhor, mas depois passou o sofrimento e Ela teve novamente uma vida alegre. Na realidade isso não se deu e é um modo completamente equivocado de considerar as dores de Nossa Senhora. Nosso Senhor Jesus Cristo foi chamado por um dos profetas — se não me engano, o profeta Isaías 1 — de Vir dolorum: o Varão das dores; o homem ao qual era próprio sofrer, que está cheio de dores e que trazia essas dores na sua alma santíssima durante toda a sua existência. De maneira que a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo não foi um fato isolado na sua vida, mas o ápice de uma sequência enorme de dores que começaram desde o primeiro instante de seu ser e foram até o momento em que Ele exalou, num dilúvio de dores, o terrível Consummatum est 2 . Durante todo esse tempo Ele continuamente sofreu. Ora, como Nossa Senhora é o espelho da sabedoria, é espelho da justiça e Ela reflete em Si tudo o que é de Nosso Senhor Jesus Cristo, deve-se dizer de Nossa Senhora que Ela foi a Mulier dolorum, a Mulher, a Dama das dores e que também Ela teve a sua vida inteira pervadida pela dor, pelo sofrimento. É certo que essa dor teve proporção com as forças incalculáveis que a graça Lhe dava. Sem dúvida, foi uma dor imposta pela Providência e, portanto, por mais lancinante que tenha sido, não era dessas dores que produzem turbulência e provações que devastam e sujam a alma. Eram dores imensas, mas muito arquitetônicas, muito sábias, recebidas com uma serenidade de alma ad- 11