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Gesta marial de um varão católico<br />
que era propriamente o embalo. Eu tinha impressão de<br />
serem como o mensageiro de que falei há pouco, correndo<br />
pelo gosto de correr e se quebrando em qualquer<br />
lugar. Quando se quebravam, ainda davam uma risada:<br />
“Oh, que engraçado, eu me quebrei!” E estava tudo<br />
acabado…<br />
Eu tinha a sensação de que os embalos formavam um<br />
circuito mais ou menos parecido com a conhecida experiência<br />
de Física: pegam-se um polo elétrico positivo e outro<br />
negativo, as pessoas se dão a mão e a corrente elétrica<br />
circula entre todos. Se um de fora toca naqueles, sente<br />
uma descarga elétrica.<br />
Minha impressão era de que o embalo fazia daqueles<br />
meninos uma corrente assim, e eu estava fora dela.<br />
Porque eu não vivia no corre-corre, no brinca-brinca,<br />
na agitação, ou seja, no embalo. Mas tranquilo, ordenado,<br />
como nestas ou naquelas linhas gerais Nossa Senhora<br />
me ajudou a ser até o presente momento, vendo<br />
as coisas com distância, com serenidade. Categórico sim<br />
— e quanto! —, como puderam verificar pelo discurso 4<br />
proclamado há pouco, o qual não notaram uma só vez<br />
que fosse embalado. Quer dizer, tudo muito pensado, no<br />
mesmo ritmo; não há um momento em que se possa dizer:<br />
“Agora o orador está entusiasmado!” O discurso levanta<br />
o voo que pode levantar, segue assim e termina.<br />
Não tem girândolas, nem floretes.<br />
E em relação aos outros, sentia-me como uma pessoa<br />
de fora da corrente e, portanto, uma espécie de alienígena<br />
que não só ficava excluído — o que já não era bom —,<br />
mas, pior do que isso, não tinha meios de influir. Ora, eu<br />
queria influir.<br />
Então, como arranjar uma posição de equilíbrio onde<br />
eu, sem ceder ao embalo, pudesse, entretanto, ter<br />
uma comunicação que atraísse? Como me exprimir para<br />
gente embalada e que, portanto, não gosta das lentidões<br />
serenas e magníficas de uma Suma Teológica de<br />
São Tomás de Aquino, por exemplo? Como evitar que<br />
minha exposição não fosse recusada pelos partidários<br />
do embalo?<br />
Aplicando a virtude da prudência<br />
à arte de conversar<br />
Havia aqui uma tangente a tirar. E essa tangente tinha<br />
muito a ver com algo que, em mim, foi o prelúdio<br />
da oratória, bem como do escrever livros ou artigos: a<br />
conversa.<br />
As circunstâncias me obrigaram que isso fosse assim<br />
e, prestando atenção nesse discurso, nos meus artigos da<br />
“Folha” 5 , ou passando pela penitência de ler um trecho<br />
de livro escrito por mim, se verifica que mais ou menos a<br />
matriz de tudo é a conversa.<br />
Eu não vivia no corre-corre,<br />
no brinca-brinca, na agitação,<br />
ou seja, no embalo. Mas<br />
tranquilo, ordenado, como<br />
nestas ou naquelas linhas<br />
gerais Nossa Senhora me<br />
ajudou a ser até o presente<br />
momento, vendo as coisas com<br />
distância, com serenidade<br />
<strong>Plinio</strong> na época em que frequentou<br />
o Colégio São Luís<br />
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