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Revista Dr Plinio 180

Março de 2013

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Gesta marial de um varão católico<br />

que era propriamente o embalo. Eu tinha impressão de<br />

serem como o mensageiro de que falei há pouco, correndo<br />

pelo gosto de correr e se quebrando em qualquer<br />

lugar. Quando se quebravam, ainda davam uma risada:<br />

“Oh, que engraçado, eu me quebrei!” E estava tudo<br />

acabado…<br />

Eu tinha a sensação de que os embalos formavam um<br />

circuito mais ou menos parecido com a conhecida experiência<br />

de Física: pegam-se um polo elétrico positivo e outro<br />

negativo, as pessoas se dão a mão e a corrente elétrica<br />

circula entre todos. Se um de fora toca naqueles, sente<br />

uma descarga elétrica.<br />

Minha impressão era de que o embalo fazia daqueles<br />

meninos uma corrente assim, e eu estava fora dela.<br />

Porque eu não vivia no corre-corre, no brinca-brinca,<br />

na agitação, ou seja, no embalo. Mas tranquilo, ordenado,<br />

como nestas ou naquelas linhas gerais Nossa Senhora<br />

me ajudou a ser até o presente momento, vendo<br />

as coisas com distância, com serenidade. Categórico sim<br />

— e quanto! —, como puderam verificar pelo discurso 4<br />

proclamado há pouco, o qual não notaram uma só vez<br />

que fosse embalado. Quer dizer, tudo muito pensado, no<br />

mesmo ritmo; não há um momento em que se possa dizer:<br />

“Agora o orador está entusiasmado!” O discurso levanta<br />

o voo que pode levantar, segue assim e termina.<br />

Não tem girândolas, nem floretes.<br />

E em relação aos outros, sentia-me como uma pessoa<br />

de fora da corrente e, portanto, uma espécie de alienígena<br />

que não só ficava excluído — o que já não era bom —,<br />

mas, pior do que isso, não tinha meios de influir. Ora, eu<br />

queria influir.<br />

Então, como arranjar uma posição de equilíbrio onde<br />

eu, sem ceder ao embalo, pudesse, entretanto, ter<br />

uma comunicação que atraísse? Como me exprimir para<br />

gente embalada e que, portanto, não gosta das lentidões<br />

serenas e magníficas de uma Suma Teológica de<br />

São Tomás de Aquino, por exemplo? Como evitar que<br />

minha exposição não fosse recusada pelos partidários<br />

do embalo?<br />

Aplicando a virtude da prudência<br />

à arte de conversar<br />

Havia aqui uma tangente a tirar. E essa tangente tinha<br />

muito a ver com algo que, em mim, foi o prelúdio<br />

da oratória, bem como do escrever livros ou artigos: a<br />

conversa.<br />

As circunstâncias me obrigaram que isso fosse assim<br />

e, prestando atenção nesse discurso, nos meus artigos da<br />

“Folha” 5 , ou passando pela penitência de ler um trecho<br />

de livro escrito por mim, se verifica que mais ou menos a<br />

matriz de tudo é a conversa.<br />

Eu não vivia no corre-corre,<br />

no brinca-brinca, na agitação,<br />

ou seja, no embalo. Mas<br />

tranquilo, ordenado, como<br />

nestas ou naquelas linhas<br />

gerais Nossa Senhora me<br />

ajudou a ser até o presente<br />

momento, vendo as coisas com<br />

distância, com serenidade<br />

<strong>Plinio</strong> na época em que frequentou<br />

o Colégio São Luís<br />

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