13.10.2016 Views

Revista Dr Plinio 180

Março de 2013

Março de 2013

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O pensamento filosófico de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />

lo famoso Viollet-le-Duc 1 e publicado numa revista —<br />

da Catedral de Notre-Dame, vista um pouco de lado e<br />

imaginada de cima para baixo; era fruto de uma grande<br />

reflexão. E eu gostava de ver Notre-Dame toda feita de<br />

seriedade, gravidade, estabilidade, pensamento, grandes<br />

considerações das linhas gerais, mil pormenores e<br />

detalhes harmônicos, panorama, mas as torres vão para<br />

o céu.<br />

Tão magnificamente se dirigem para o céu, que nenhum<br />

artista se atreveu a completar aquelas torres, porque<br />

só quem planejou tem alma para completá-las. E as<br />

torres estão ali, ao mesmo tempo tragicamente incompletas,<br />

mas fazendo cada um imaginar, no subconsciente<br />

e segundo o seu próprio feitio, torres ideais. Dir-se-ia<br />

que aquelas torres terminam num pontilhado, de acordo<br />

com o espírito de cada um. De maneira que se nos<br />

dissessem: “Olha, sabe de uma novidade? Completaram<br />

as torres de Notre-Dame!” Tomaríamos um susto: “Será<br />

que completaram errado?” Ou seja, não de acordo<br />

com aquele pontilhado que, subconscientemente, fazemos<br />

olhando aqueles dois magníficos fragmentos de torre,<br />

que nos convidam para o sonho.<br />

O ”bimbalhar” do Castelo de Saumur e a<br />

estabilidade contemplativa de Notre-Dame<br />

Gustavo Kralj<br />

Esse estado de espírito que acabei de descrever, tão<br />

fundamentalmente católico, eu o encontro refletido em<br />

parte na Basílica de São Pedro e em outros edifícios civis<br />

e religiosos. Eu elogio tanto o Castelo de Saumur 2 , que é<br />

magnífico e do qual gosto imensamente. Mas esta grande<br />

seriedade ele não tem. Ele termina, não num bimbalhar<br />

de sinos, mas num bimbalhar de cores, de flechas, meio<br />

festivo. E este estado de espírito que descrevo não é inimigo<br />

da festa, mas olha a festa de cima.<br />

Enquanto para o comum dos homens a festa é o epílogo<br />

das coisas, para este estado de espírito ela é apenas<br />

um dos aspectos da vida. Há muito mais do que isso:<br />

a grande estabilidade contemplativa, satisfeita, disposta<br />

a qualquer luta. E eu a vejo maximamente expressa em<br />

Notre-Dame.<br />

Sainte-Chapelle: uma das refrações<br />

de Notre-Dame<br />

Alguém dirá: “Mas e a Sainte-Chapelle?”<br />

São vitrais lindos, encantadores, é uma bonbonnière<br />

feita para ter almas em seu interior e não bombons;<br />

é o que pode haver de magnífico. Mas não noto na Sainte-Chapelle<br />

esse estado de espírito solene e único. Ela<br />

é admirável! Já lhes contei que quando entrei na Sainte-Chapelle<br />

foi a única vez em minha vida que me lembro<br />

de ter tido uma surpresa tão agradável que exclamei:<br />

“Ah! Eu não imaginava tanta beleza!”<br />

Pois bem, esse estado de espírito é uma das refrações<br />

de Notre-Dame.<br />

Não sei explicar o que eu sentia dando a volta em Notre-Dame!<br />

É certo que me vinham ao espírito aquelas<br />

palavras da Escritura: “Cidade de uma beleza perfeita,<br />

alegria do mundo inteiro 3 ”. Ela é a igreja de uma beleza<br />

perfeita, alegria do mundo inteiro.<br />

Ponto de partida da Idade Média<br />

Tenho certas razões para afirmar que esse estado de espírito<br />

foi o ponto de partida da Idade Média, a qual foi ela<br />

mesma na medida em que cavalgou, rezou, lutou, construiu<br />

rumo a isso. E tudo o que contemplamos de belo no mun-<br />

26

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!