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Revista Dr Plinio 180

Março de 2013

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A tal ponto que quando almocei na “Folha”, há algum<br />

tempo atrás, eu tinha diante de mim dois repórteres<br />

e, em certo momento, dirigi a palavra a eles. Um<br />

disse para o outro: “Olhe que curioso, ele fala exatamente<br />

como escreve!” Eu tive vontade de dizer: “Não,<br />

eu escrevo exatamente como falo.” Mas não quis dar a<br />

ideia de um beliscão, de uma réplica; fui cordial e deixei<br />

passar.<br />

Mas eu tenho consciência de que meus artigos, comparados<br />

aos artigos de outros jornalistas, entretanto<br />

eméritos, são mais conversados. E hoje me dou conta de<br />

que a conversa, pelo fato de ser muito dirigida e moldada<br />

para exprimir-se em termos atraentes para os outros, começava<br />

a derivar para conferência, e da conferência para<br />

o discurso, do discurso para o artigo e para o livro. Porque<br />

essas coisas se prendiam uma à outra e tinham na<br />

raiz a questão do embalo.<br />

Esse empenho de assim modelar a palavra para a conversa<br />

— mas entre dois meninos de 12, 13 anos; e que<br />

continuei mantendo até os 72 — se chama prudência,<br />

porque é a utilização das palavras tendo em vista os riscos<br />

e as vantagens de cada vocábulo, e o seu emprego<br />

orientado a um determinado fim.<br />

O desejo de me comunicar vinha já do tempo em que<br />

eu, sendo criança, subia na mesa da copa de casa e fazia<br />

discursos, dava aulas de Catecismo para os empregados<br />

etc. Quer dizer, havia uma tendência natural a falar,<br />

a me expandir, a me comunicar, que eu atribuo à procedência<br />

nordestina de meu pai.<br />

Essa tendência me levava a conversar com qualquer<br />

um, e eu falava muito. E a prudência consistia precisamente<br />

em modelar esse falar para atingir meu objetivo:<br />

influir para a vitória da Contra-Revolução.<br />

A Providência preparou-me e ajudou-me a exercer esse<br />

papel não só por alguma coisa que me deu, mas também<br />

por muito do que me recusou.<br />

v<br />

Continua no próximo número.<br />

(Extraído de conferência<br />

de 11/7/1981)<br />

1) Jovens discípulos de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> pedem-lhe que discorra sobre<br />

a relação existente entre oratória, embalo e prudência.<br />

2) Assim denominava <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> o defeito de quem se imagina<br />

superior, dotado de qualidades que não possui ou que exagera<br />

as qualidades que tem.<br />

3) O que tem megalice (ver nota anterior).<br />

4) Discurso feito por <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> no Congresso Eucarístico de<br />

1942, em São Paulo.<br />

5) “Folha de São Paulo”, diário de maior circulação no Brasil,<br />

para o qual <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> passou a escrever a partir de 1968.<br />

19

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