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Revista Dr Plinio 180

Março de 2013

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Gesta marial de um varão católico<br />

Como nasceu a arte da<br />

oratória em <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> - I<br />

Remontando às suas experiências de infância em torno da escolha<br />

entre as alegrias proporcionadas pelo embalo e os gáudios inerentes<br />

à serenidade, <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> nos revela a fonte de onde emanaram suas<br />

qualidades de orador e escritor, as quais, utilizadas com prudência,<br />

serviram-lhe de importante e eficaz instrumento de apostolado.<br />

Antes de iniciarmos uma caminhada juntos, é<br />

prudente acertarmos bem os relógios. Assim,<br />

comecemos por nos entender a respeito da palavra<br />

embalo 1 .<br />

O gosto da velocidade e a perda<br />

da noção de finalidade<br />

Imaginemos alguém que esteja correndo a cavalo para<br />

levar uma mensagem muito importante, de uma cidade a<br />

outra, dentro de um determinado espaço de tempo. Tendo<br />

em vista o cumprimento do dever como, por exemplo,<br />

a realização de uma missão apostólica, a pessoa cavalga<br />

rapidamente. Em certo momento ela começa a ter sua<br />

atenção voltada não mais para a finalidade — a obra de<br />

apostolado —, mas para o gosto de correr a cavalo.<br />

Esse gosto toma apenas a periferia e não o íntimo da<br />

alma, e atinge sua sensibilidade mais baixa, embora legítima.<br />

E o espírito superficial considera aquilo uma delícia.<br />

De repente, quando se dá conta, a pessoa está no fundo<br />

de um precipício. Ela correu demais e o cavalo rolou<br />

abismo abaixo. Ambos estão quebrados e ela não sabe<br />

onde a mensagem foi parar. A finalidade foi prejudicada.<br />

A essa pessoa faltou prudência. O embalo levou-a à<br />

imprudência, e a imprudência, ao desastre.<br />

O que significa, na minha terminologia, a palavra embalo?<br />

No tempo em que aprendi a linguagem correntemente<br />

usada por mim, embalo indicava o gosto por um<br />

ritmo exagerado pelo qual o indivíduo perdia a noção da<br />

finalidade e o aspecto raciocinado da atividade, ficando<br />

entregue à mera fruição.<br />

Então, por exemplo, estaria na linha do embalo o caso<br />

de uma pessoa que começa a contar um caso e, para<br />

tornar a narração mais atraente, diz uma pequena mentira.<br />

E os ouvintes manifestam interesse: “Ah, foi assim?!”<br />

A pessoa, então, aumenta a mentira: “Não foi só assim,<br />

mas vou contar mais.” E, pelo embalo de causar cada<br />

vez mais admiração, ela acaba numa mentirada da<br />

qual não sabe sair. Embalo!<br />

Não há coisa que embale mais do que a megalice 2 . O<br />

indivíduo chega numa roda e dá ares de que é um grande<br />

senhor, e os outros lhe fazem uma reverência. Ele pensa:<br />

“Ah, bom! se eu posso de tal maneira montar neles, vou<br />

fazê-lo ainda mais.” E termina por delirar, ou seja, tomando<br />

ares em que ninguém mais pode acreditar. E dão<br />

gargalhadas dele, dizendo: “Olha o mega 3 !”<br />

Portanto, o embalo é um ritmo, uma ênfase determinada<br />

por um deleite superficial inebriante que se multiplica<br />

por si mesmo até chegar ao absurdo. É uma forma<br />

de prazer inteiramente diferente de outros gáudios ordenados.<br />

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