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Não creio que apanhem<br />
uma só fotografia em que<br />
eu tenha fisionomia de<br />
atormentado. Estou sempre<br />
tranquilo, sereno, em ordem<br />
e satisfeito, com um bemestar<br />
interior dado pelos<br />
gáudios da inocência<br />
O menino <strong>Plinio</strong> durante uma viagem<br />
a Águas da Prata - São Paulo<br />
O gáudio da serenidade<br />
Existem os gáudios do equilíbrio, da objetividade e da<br />
distância psíquica que constituem um todo. Quem tem<br />
estes gáudios começa por se alegrar em ser tranquilo:<br />
“Eu sou eu mesmo, sinto que mando em mim e que obedeço<br />
a quem deve ser obedecido. Dentro de mim tudo<br />
está em ordem, e eu vejo todas as coisas nas devidas proporções<br />
e distâncias: isso é bom, aquilo é mau; isso é verdadeiro,<br />
aquilo é falso; isso é belo, aquilo é feio; eu catalogo<br />
segundo os predicados e as circunstâncias sem mexer<br />
em ninguém, e simplesmente olhando de cá, de lá, de<br />
acolá e formando o meu universo interior, imagem fiel<br />
do universo exterior analisado.” Isto dá uma plenitude,<br />
uma satisfação!<br />
E depois vêm as legítimas simpatias e as legítimas execrações<br />
e antipatias. E como as ideias são claras, elas encontram<br />
as palavras adequadas para se exprimir, e saem<br />
cristalinas e fluentes. Não como um esguicho que jorra,<br />
mas como uma fonte em que as águas brotam puras, generosas,<br />
abundantes, irrigando uma parte do terreno e<br />
indo mais além, podendo formar um rio, mas na tranquilidade,<br />
no donaire daquilo que está ordenado e vê de cima.<br />
Como isto é diferente do embalo!<br />
Em meus antigos tempos, senti a propósito da oratória<br />
e de tantas outras coisas essa alternativa entre as duas<br />
formas de gáudio: o do embalo e o da serenidade, o qual,<br />
no fundo, é o gáudio da inocência.<br />
Vários membros de nosso Movimento tiveram a paciência<br />
de coletar fotografias minhas de todos os tempos<br />
e, portanto, também da época em que era pequeno.<br />
Não creio que apanhem uma só fotografia em que eu<br />
tenha fisionomia de atormentado. Estou sempre tranquilo,<br />
sereno, em ordem e satisfeito. Creio não terem<br />
encontrado também uma fotografia em que eu esteja<br />
manifestando muita alegria. Com bem-estar interior,<br />
graças a Nossa Senhora, sim. Esse bem-estar interior<br />
era dado pelos gáudios da inocência com a qual todos<br />
nós nascemos. Essa inocência foi acrescida, de um modo<br />
sobrenatural e admirável, pelo batismo, e dela fomos<br />
fazendo este ou aquele uso, ao logo de nossas vidas.<br />
Não é um privilégio meu, pois todos nós tivemos<br />
em mãos essa possibilidade.<br />
Um circuito semelhante à corrente elétrica<br />
Desde os albores de meu convívio com outros, lembro-me<br />
dessa diferença. Eu me sentia, dentro de mim,<br />
cheio de gáudios. Quando eu estava com um certo número<br />
de colegas e amigos, percebia neles a fruição da<br />
alegria pela alegria, o desejo exorbitante da gargalhada,<br />
da brincadeira, do corre-corre e do remexe-mexe,<br />
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