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Revista Dr Plinio 180

Março de 2013

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Dona Lucilia nas décadas de 1910, 1940 e 1960<br />

brilho todo redundava em desprezo<br />

para quem era menos, retira sua<br />

simpatia por não poder concordar<br />

com a falta de doçura. Assim, poderíamos<br />

dar incontáveis exemplos. É<br />

uma montanha de derrotas da Contra-Revolução<br />

por causa disso. Derrotas<br />

potenciais: antes de travada a<br />

batalha, a Contra-Revolução já perdeu<br />

terreno.<br />

Bondade hierárquica<br />

Dona Lucilia se<br />

apresentava com uma<br />

autoridade definida e<br />

firme, mas exercendo-a<br />

com doçura<br />

Apresentei os aspectos psicológico e tático; devo mostrar<br />

agora o caráter mais profundo, que atinge a própria<br />

ordem do ser e a própria natureza de Deus. Para um revolucionário,<br />

aquele que é maior do que nós não pode<br />

nos querer bem, mas nos despreza e deseja esmagar-nos<br />

para conter a nossa rebeldia.<br />

O conceito de luta de classes é este: O maior querendo<br />

sempre esmagar o menor, e o menor necessariamente<br />

se revoltando contra o maior. A concórdia entre as classes<br />

sociais, nunca; sempre a luta como desfecho. Segundo<br />

esta ideia, o Deus transcendente representa para a<br />

criatura humana uma classe diferente, e o homem deve<br />

tomar para si um outro deus — amigo, camarada, igual,<br />

o deus de todas as igualdades — e deixar de lado o Deus<br />

hierárquico considerado mau precisamente por ser sumo<br />

e hierárquico.<br />

Então este problema que, num primeiro<br />

momento, parece apenas psicológico,<br />

e depois, aprofundado, mostra<br />

também o aspecto tático possantíssimo,<br />

de fato é uma questão metafísica<br />

que se apresenta assim: É bom<br />

ou não que o homem seja inferior a<br />

Deus? Quem nos criou inferiores a<br />

Ele fez-nos um favor ou arranjou-nos<br />

uma prisão? Mas tudo envolve a questão<br />

da doçura: Terá faltado doçura a<br />

Ele ou não?<br />

A mentalidade revolucionária não acredita na harmonia<br />

como condição normal do trato humano. Ela crê apenas<br />

no interesse individual ou coletivo. Essa forma de<br />

afeto que consiste em sentir a harmonia ontológica entre<br />

uma pessoa e outra, a Revolução não tem; e Dona Lucilia<br />

transbordava disso. E daí vinha o fato de ser hierárquica<br />

sua bondade.<br />

v<br />

(Extraído de conferência de 20/2/1982)<br />

1) Emmanuel Joseph Sieyès (1748-1836). Eclesiástico, político<br />

e escritor francês imbuído das ideias revolucionárias. Votou<br />

pela morte de Luís XVI.<br />

2) Sistema social e político aristocrático em vigor na França<br />

entre os séculos XVI e XVIII.<br />

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