Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Há um estado de espírito inicial<br />
a partir do qual nasce uma<br />
série de critérios para ver e<br />
analisar as coisas. É a inocência<br />
vista na posição tomada<br />
por ela quando contempla<br />
as mais altas verdades que<br />
é chamada a contemplar<br />
<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> na década de 1960<br />
Uma alma em ogiva: séria, sólida,<br />
recolhida, procurando sempre subir<br />
to. A pessoa se volta para si mesma e deixa falar aquela<br />
apetência que ela tem de um certo unum, de um certo estado<br />
de espírito. Então ela examina, se lembra desta ou<br />
daquela coisa, mas por associação de imagens, sem fixar<br />
o espírito. Depois se recorda também do que era o contrário,<br />
faz um certo contraste, mas aos pedacinhos. Não<br />
é nada raciocinado, em ordem como se fossem soldados<br />
marchando. Imaginemos cardumes de peixes no mar: as<br />
ondas vão e vêm, e eles as acompanham. Assim também<br />
o pensamento humano, mesmo quando é reto, flutua em<br />
certas horas.<br />
Em certo momento, quando o homem encontrou, mediu,<br />
sentiu bem um ponto e o relacionou com vários outros,<br />
antes de essa ideia se tornar inteiramente nítida, ele<br />
adquire a respeito da vida uma visão geral na qual considera<br />
os aspectos favoráveis e contrários. É a hora em que<br />
o homem forma o conjunto de afinidades e de repulsas<br />
em torno de um determinado assunto.<br />
Depois vem a análise desse conjunto em relação<br />
ao que está fora dele. Surge, então, de modo por vezes<br />
indefinido, a ideia de Deus. Nem sempre se pensa<br />
claramente n’Ele, tanto mais que não se ensina às<br />
pessoas que, quando isso vem ao espírito, é a própria<br />
ideia de Deus que está mais próxima e se trata de colher.<br />
Aquilo fica assim, no lusco-fusco, mas de fato é<br />
a ideia de Deus.<br />
Se disséssemos a um homem neste estado de espírito<br />
que o Céu é como se costuma pintar em certos quadrinhos,<br />
ele teria uma vontade muito maior de ir para o paraíso<br />
terrestre do que para esse Céu tão pouco atraente.<br />
Porque neste último ele sente a morada de todo mundo,<br />
mas não a sua própria. Ora, o Céu é a morada de todos,<br />
mas também a morada individualíssima de cada um. E é<br />
preciso sentir ambas as coisas.<br />
Suponhamos alguém com apetência por certa forma<br />
de seriedade que abrange esses vários aspectos da vida<br />
e se compraz em notar a grandeza, a majestade, a distinção,<br />
bem como a lógica interna que eles têm. Esta pessoa<br />
se toma a sério e se respeita a si própria. Dir-se-ia que é<br />
uma alma em ogiva, séria, sólida, pensativa, levando tudo<br />
para cima, calma, pesando e analisando tudo de modo<br />
inflexível, muito propensa a se recolher e estando disposta<br />
a redarguir os que afirmam o contrário deste estado<br />
de espírito, ou mesmo a usar de qualquer meio legítimo<br />
de luta para fazer triunfar a verdade contra o erro.<br />
Mas isso sem agitação, sem trepidação, sem excitação,<br />
com naturalidade.<br />
Torres que convidam para o sonho<br />
Dão essa impressão, sobretudo, certas catedrais medievais.<br />
Outro dia comentei com um membro de nosso Movimento<br />
um desenhozinho a bico de pena — feito pe-<br />
25