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Semana Santa<br />
sima fica nessa alternativa: de um lado, desejar que Ele<br />
morra logo para diminuir as dores; de outro, que sua vida<br />
ainda se prolongue, em primeiro lugar porque toda<br />
mãe anseia por prolongar a vida de seu filho e, em segundo<br />
lugar, pela ideia de que assim Ele sofreria mais e os<br />
pobres pecadores seriam mais favorecidos.<br />
Ela, então, concorda com o prolongamento desse sofrimento<br />
e firma o propósito de aceitar que Nosso Senhor<br />
seja imolado apenas naquela hora extrema, com todas<br />
as dores que Ele tivesse de sofrer.<br />
Ela, Rainha do Céu e da Terra, com uma palavra poderia<br />
encerrar todos os sofrimentos expulsando os demônios<br />
e toda aquela gente que estava lá. Mas, para a salvação<br />
das nossas almas, Ela quis deixar aqueles algozes ali.<br />
Apenas uma ou outra situação extrema Ela evitou.<br />
Conta Maria de Ágreda que o demônio havia arquitetado<br />
o seguinte projeto: quando Nosso Senhor fosse erguido no<br />
alto da Cruz e começasse a sua agonia, em determinado<br />
momento, derrubar a Cruz no chão, de maneira que a Sagrada<br />
Face batesse na terra e se despedaçasse. Mas Nossa<br />
Senhora, diante do excesso de ignominia de uma intenção<br />
como essa, proibiu o demônio de realizá-la.<br />
Agora, por que Ela deixou o demônio fazer todo o<br />
resto? Porque amava tanto a salvação de nossas almas —<br />
mas da alma de cada um de nós — a ponto de querer que<br />
o Filho d’Ela passasse por tudo aquilo para, por exem-<br />
<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> oscula a Santa Cruz na cerimônia<br />
da Sexta-Feira Santa de 1992<br />
plo, eu não ir para o inferno. E Ela ama de tal maneira a<br />
minha alma e a de cada um dos senhores que, ainda que<br />
houvesse um só dos senhores para ser salvo naquele dilúvio<br />
de dores, Ela quereria que seu divino Filho sofresse<br />
aqueles tormentos para salvar essa alma.<br />
Imaginem, por exemplo, Nossa Senhora vendo a coroa<br />
de espinhos penetrar na fronte sagrada de Nosso Senhor e<br />
produzir lesões nervosas que faziam o seu Corpo estremecer<br />
em meio a todas aquelas dores que Ele já padecia. Contemplar<br />
o Sangue escorrendo de todos os lados, a sede tremenda,<br />
a febre altíssima, os estertores de todo o Corpo.<br />
A Santíssima Virgem conhecia e media tudo isso. Entretanto,<br />
queria que fosse assim. Ela era como um sacerdote<br />
que imolava a Vítima divina no alto do Calvário. E se era<br />
esse o preço de uma alma, Ela desejava que o Filho d’Ela<br />
sofresse o que estava sofrendo para conquistar uma alma.<br />
A grandeza de Nossa Senhora não está tanto na enormidade<br />
das dores padecidas, quanto no fato de ter Ela<br />
querido sofrer o que sofreu. Ela quis que o Filho d’Ela<br />
realizasse esse sacrifício tremendo e admirável, e fez isso<br />
por amor a nós. Porque Deus nos amou a ponto de querer<br />
sacrificar o seu Unigênito, Ela nos amou tanto que<br />
aderiu a essa função sacrifical, e quis sacrificar por cada<br />
um de nós o seu Filho Unigênito.<br />
Um exame de consciência<br />
A Semana Santa está se aproximando e é o momento<br />
de cada um de nós fazer, individualmente, uma meditação<br />
a esse respeito. Por mais que o homem pense, ele<br />
não pode deixar de se nutrir dessa reflexão que nunca<br />
deve bastar para a alma católica.<br />
Colocar-se, portanto, sozinho frente a um Crucifixo<br />
ou diante de uma imagem de Nossa Senhora das Dores,<br />
e esquecer o restante do mundo. Porque diante de Deus,<br />
o mundo inteiro para mim não existe. E então fazer-me<br />
esta pergunta:<br />
Eu, <strong>Plinio</strong>, tenho consciência do preço da minha salvação?<br />
Todas as graças que eu tenho recebido, eu faço<br />
ideia dos gemidos e das dores que elas custaram e do que<br />
causaram no Coração Imaculado de Maria?<br />
Eu tenho ideia de que tudo quanto se passou no Gólgota<br />
de tal maneira visava a minha salvação que se teria<br />
realizado ainda que eu fosse o único beneficiado?<br />
Eu estou compenetrado de que no alto da Cruz Nosso<br />
Senhor Jesus Cristo pensou nominalmente em cada homem,<br />
desde o começo do mundo até aqui? E que, portanto,<br />
passou pela mente divina d’Ele, com pensamento<br />
de misericórdia, de bondade e de salvação, o nome de<br />
<strong>Plinio</strong> Corrêa de Oliveira? E que Ele teve em vista não<br />
apenas meu nome, mas viu minha alma, minha pessoa,<br />
o meu ser, e amou o meu ser por Ele criado e, num ato<br />
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