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manidade inteira, que ela sujeitava às mais injustas extorsões<br />
para pagar as orgias dos patrícios romanos.<br />
Em todos os países, o contraste entre a riqueza e a miséria<br />
era patente. De um lado, homens riquíssimos viviam no<br />
fausto e no luxo desordenado. Do outro lado, uma multidão<br />
de sem-trabalho infestava muitos bairros de grandes<br />
cidades de então. inalmente, como negro fundo de quadro,<br />
milhões e milhões de escravos, acorrentados nos porões<br />
das naus, ou atrelados como animais aos carros de<br />
transporte, ou presos indissoluvelmente ao arado, gemiam<br />
sob o guante de uma opressão que parecia não ter mais<br />
fim.<br />
Uma imensa corrupção de costumes se alastrava por todo<br />
o território do Império, e punha em ruína todas as instituições<br />
políticas. Os escândalos se multiplicavam nas fileiras<br />
da mais alta aristocracia e daí se projetavam sobre todas<br />
as camadas da sociedade. Augusto tentava em vão reagir<br />
contra a crescente decadência. Não surtiam efeito suas<br />
leis reacionárias. Era no seio de sua própria família que as<br />
aberrações mais monstruosas se multiplicavam. E todo<br />
mundo sentia que uma crise imensa ameaçava a sociedade<br />
de uma ruína inevitável.<br />
Numa gruta de Belém, a salvação<br />
do mundo<br />
oi neste ambiente, enquanto os homens de Estado e os<br />
moralistas da época discutiam gravemente sobre tantos e<br />
tão insolúveis problemas, que, no estábulo de Belém, no<br />
meio de uma noite profunda, raiou para o mundo a salvação.<br />
É possível que, no momento exato em que o Salvador<br />
nasceu, o orgulhoso imperador romano estivesse em<br />
seu palácio, entregue às mais amargas reflexões que lhe<br />
sugeriam o fracasso de sua política moralizadora. É possível<br />
que, a pouca distância da casa imperial, se prolongasse<br />
pela noite adentro alguma daquelas descabeladas orgias<br />
que eram o tema obrigatório dos potins [mexericos] da<br />
época. Nem uns, nem outros, nem o genial imperador,<br />
nem os sibaritas que punham a perder a sociedade, tinham<br />
idéia do que naquele momento ocorria em Belém.<br />
Entretanto, não era no palácio imperial, nem nas orgias<br />
aristocráticas, nem nos conciliábulos dos conspiradores,<br />
que o destino do mundo se decidia. A sociedade do futuro,<br />
oriunda da solução perfeita e completa dos mais importantes<br />
e vitais problemas da época, nascia em Belém, e<br />
era das mãos virginais de Maria que o mundo recebia<br />
o Messias que haveria de redimi-lo<br />
com seu sangue e reorganizá-lo com seu<br />
Evangelho.<br />
Nossas esperanças<br />
têm de estar na Igreja<br />
e no Papado<br />
Qual a lição primordial que<br />
daí devemos tirar?<br />
É, em primeiro lugar, que,<br />
assim como para a humanidade<br />
do tempo de Augusto a<br />
solução dos mais intricados<br />
problemas sociais e políticos<br />
não foi encontrada a não ser<br />
em Cristo, assim também, em<br />
nosso tempo, é só na Igreja<br />
Católica, o Corpo Místico de<br />
Nosso Senhor Jesus Cristo,<br />
que devemos concentrar nossas<br />
esperanças.<br />
É possível que, imitando<br />
inconscientemente a vigília de<br />
Augusto na noite de Natal,<br />
muito césar hodierno (que diferença<br />
de envergadura entre<br />
o César autêntico e seus facsímiles<br />
contemporâneos!) tenha<br />
passado a noite de Natal,<br />
indiferente à piedade das<br />
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