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Revista Dr Plinio 33

Novembro de 2000

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manidade inteira, que ela sujeitava às mais injustas extorsões<br />

para pagar as orgias dos patrícios romanos.<br />

Em todos os países, o contraste entre a riqueza e a miséria<br />

era patente. De um lado, homens riquíssimos viviam no<br />

fausto e no luxo desordenado. Do outro lado, uma multidão<br />

de sem-trabalho infestava muitos bairros de grandes<br />

cidades de então. inalmente, como negro fundo de quadro,<br />

milhões e milhões de escravos, acorrentados nos porões<br />

das naus, ou atrelados como animais aos carros de<br />

transporte, ou presos indissoluvelmente ao arado, gemiam<br />

sob o guante de uma opressão que parecia não ter mais<br />

fim.<br />

Uma imensa corrupção de costumes se alastrava por todo<br />

o território do Império, e punha em ruína todas as instituições<br />

políticas. Os escândalos se multiplicavam nas fileiras<br />

da mais alta aristocracia e daí se projetavam sobre todas<br />

as camadas da sociedade. Augusto tentava em vão reagir<br />

contra a crescente decadência. Não surtiam efeito suas<br />

leis reacionárias. Era no seio de sua própria família que as<br />

aberrações mais monstruosas se multiplicavam. E todo<br />

mundo sentia que uma crise imensa ameaçava a sociedade<br />

de uma ruína inevitável.<br />

Numa gruta de Belém, a salvação<br />

do mundo<br />

oi neste ambiente, enquanto os homens de Estado e os<br />

moralistas da época discutiam gravemente sobre tantos e<br />

tão insolúveis problemas, que, no estábulo de Belém, no<br />

meio de uma noite profunda, raiou para o mundo a salvação.<br />

É possível que, no momento exato em que o Salvador<br />

nasceu, o orgulhoso imperador romano estivesse em<br />

seu palácio, entregue às mais amargas reflexões que lhe<br />

sugeriam o fracasso de sua política moralizadora. É possível<br />

que, a pouca distância da casa imperial, se prolongasse<br />

pela noite adentro alguma daquelas descabeladas orgias<br />

que eram o tema obrigatório dos potins [mexericos] da<br />

época. Nem uns, nem outros, nem o genial imperador,<br />

nem os sibaritas que punham a perder a sociedade, tinham<br />

idéia do que naquele momento ocorria em Belém.<br />

Entretanto, não era no palácio imperial, nem nas orgias<br />

aristocráticas, nem nos conciliábulos dos conspiradores,<br />

que o destino do mundo se decidia. A sociedade do futuro,<br />

oriunda da solução perfeita e completa dos mais importantes<br />

e vitais problemas da época, nascia em Belém, e<br />

era das mãos virginais de Maria que o mundo recebia<br />

o Messias que haveria de redimi-lo<br />

com seu sangue e reorganizá-lo com seu<br />

Evangelho.<br />

Nossas esperanças<br />

têm de estar na Igreja<br />

e no Papado<br />

Qual a lição primordial que<br />

daí devemos tirar?<br />

É, em primeiro lugar, que,<br />

assim como para a humanidade<br />

do tempo de Augusto a<br />

solução dos mais intricados<br />

problemas sociais e políticos<br />

não foi encontrada a não ser<br />

em Cristo, assim também, em<br />

nosso tempo, é só na Igreja<br />

Católica, o Corpo Místico de<br />

Nosso Senhor Jesus Cristo,<br />

que devemos concentrar nossas<br />

esperanças.<br />

É possível que, imitando<br />

inconscientemente a vigília de<br />

Augusto na noite de Natal,<br />

muito césar hodierno (que diferença<br />

de envergadura entre<br />

o César autêntico e seus facsímiles<br />

contemporâneos!) tenha<br />

passado a noite de Natal,<br />

indiferente à piedade das<br />

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