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ECO IDELÍSSIMO DA IGREJA<br />
“Quem passa...?”<br />
todos os tronos, porque é o guardião<br />
infalível da moral que defende a ordem<br />
mais que os aparatos da força e a<br />
bravura dos exércitos. Quem quisesse<br />
conhecer, em sua realidade, o poder<br />
moral do Pontífice, não deveria fazer<br />
mais que colocar-se, um dia só, nos<br />
primeiros degraus da escadaria que<br />
leva ao Vaticano<br />
— Quem passa? interrogaria, maravilhado,<br />
a todo instante. — É um rico<br />
senhor, filho de além-mar. Viajou<br />
pelo mundo inteiro; visitou todas as<br />
maravilhas da terra. Reservou para o<br />
fim a maior de todas: antes de voltar<br />
para as ilhas da sua Bretanha ou para<br />
as capitais da sua América, quer ver o<br />
Papa de Roma<br />
— Quem passa? — É uma irmã de<br />
caridade, com o seu cândido véu esvoaçando<br />
ao vento. Deixou um orfanato,<br />
um asilo, uma escola no interior<br />
mais deserto da Índia: vem beijar<br />
os pés do Santo Padre, para voltar, feliz,<br />
entre os seus órfãos e consagrarlhes<br />
a vida inteira.<br />
— Quem passa? — É um venerando<br />
prelado de cabelos brancos, cheio<br />
de anos, alquebrado de fadigas. Vem<br />
do Canadá, das Montanhas Rochosas,<br />
ou dos imensos pampas da<br />
América meridional. Vem ver o Santo<br />
Padre, implorar sua bênção.<br />
— Quem passa? — É o embaixador<br />
do mais poderoso soberano do<br />
mundo. É protestante, mas não se<br />
desdoura em homenagear o Septuagenário,<br />
que não é rei senão de um<br />
minúsculo Estado, mas que é o Pai<br />
universal de todos os povos.<br />
— Quem passa? — É um missionário<br />
do Japão, um religioso da Espanha,<br />
um missionário da África.<br />
Vem para referir ao Vigário de Cristo<br />
o êxito dos seus esforços, o fruto das<br />
suas fadigas apostólicas.<br />
— Quem passa, com todo esse<br />
aparato, com todo esse cortejo? — É<br />
um príncipe cristão, descendente augusto<br />
dos antigos guerreiros que rechaçaram<br />
os bárbaros, que fizeram as<br />
cruzadas. Guardando nas veias o sangue,<br />
e no coração os sentimentos dos<br />
seus avós, não se peja de vir colocar<br />
aos pés do Doce Cristo na terra, o tributo<br />
do seu afeto, as homenagens dos<br />
seus súditos.<br />
— Quem passa? É um peregrino<br />
da Polônia, é um monge da Armênia<br />
ou da Síria, é um homem de letras, é<br />
uma humilde filha do povo, é um livrepensador,<br />
é um capitão de armada.<br />
Todos sobem ansiosos aquelas escadas.<br />
Percorrem impacientes as salas<br />
do Vaticano, para ver o ancião vestido<br />
de branco, beijar-lhe as mãos e os<br />
pés, ouvir-lhe a voz, receber-lhe a<br />
bênção. E depois, descem radiantes<br />
de alegria, voltam bem-aventurados<br />
para as suas terras, para as suas casas,<br />
para os seus afazeres, e jamais se esquecerão<br />
desse dia tão afortunado.<br />
É essa a história de todos os dias,<br />
de todas as semanas, de todos os meses,<br />
de todos os anos. Essa é a história<br />
de todos os séculos. Tal é a força misteriosa,<br />
centro da Roma nova, que,<br />
partindo do Vaticano, irradia-se pelo<br />
mundo, toca os corações, tudo penetra,<br />
tudo move. E quando uma alma<br />
aflita ou dedicada não tiver a ventura<br />
de chegar-se ao Santo Padre para fazer<br />
sua queixa ou protestar o seu<br />
amor, ei-la mesmo de longínquas paragens,<br />
lançando um olhar e um grito<br />
para os lados onde se ergue, farol de<br />
Justiça, a Cúpula de São Pedro. [...]<br />
Não parece que estamos a ouvir,<br />
novamente, as narrações sublimes<br />
dos atos dos primeiros mártires que<br />
se entregavam aos suplícios, cantando<br />
hinos e enviando uma saudação afetuosa<br />
ao Pontífice de Roma?!<br />
Eis a força moral do Pontífice. A<br />
mesma de ontem, a mesma de hoje, a<br />
mesma no passado, a mesma no futuro,<br />
a única capaz de salvar o mundo.<br />
Bem poderíamos corrigir os versos<br />
de Virgílio, dizendo: Tu regere amore<br />
populos, Romane, memento.<br />
(Transcrito do “Legionário”,<br />
de 15/3/42)<br />
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