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Revista Dr Plinio 33

Novembro de 2000

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N<br />

a fixação da fisionomia da Igreja, os diversos tipos de raciocínio dos<br />

povos é o título de uma conferência feita por <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> para jovens, da qual<br />

vimos publicando trechos desde outubro. Após elogiar o estilo de pensamento<br />

dos povos orientais, intuitivo e todo voltado para o sobrenatural e o místico, <strong>Dr</strong>.<br />

<strong>Plinio</strong> passa a analisar o raciocínio europeu e sua influência na Igreja dos primeiros<br />

séculos.<br />

aço agora o elogio da Europa.<br />

Nenhum povo antigo — a<br />

não ser primeiro os gregos e<br />

depois os romanos, continuadores da<br />

cultura grega —, se pôs a seguinte<br />

pergunta: “Este conjunto de seres em<br />

meio dos quais eu estou, os outros homens,<br />

as outras nações, a terra, os astros,<br />

etc., o que é tudo isto? Quem fez<br />

isto? Com que finalidade? Qual é o<br />

sentido da vida do homem na Terra?”<br />

Em comparação com o que anteriormente<br />

tratamos, vê-se que são<br />

perguntas de um feitio de espírito diferente<br />

do oriental. Não é “radar”,<br />

nem “antena”. ormular tais perguntas<br />

é ter o espírito grandiosamente<br />

largo, é querer ver claro onde os pagãos<br />

antigos se tinham contentado em<br />

comer, viver e morrer. É o nascimento<br />

de algo mais nobre, é a procura da<br />

finalidade, da razão de ser, da linha,<br />

da trajetória, do dever.<br />

Sobre uma porta de Babilônia, onde<br />

uma rainha se fez sepultar, estavam<br />

escritos esses dizeres: “Transeunte,<br />

na tua vida come, bebe e divertete,<br />

porque depois não há alegria nem<br />

dor”. São palavras desprovidas de<br />

qualquer nobreza. Pelo contrário, como<br />

é nobre o espírito que, podendo<br />

comer, beber e divertir-se, entretanto<br />

pára, pensa e pergunta: “Qual é o<br />

sentido de tudo isto? Aonde vamos?”<br />

Simbiose entre a fé cristã e<br />

as riquezas da cultura<br />

clássica<br />

Ao fazermos a história da filosofia<br />

grega, vemos que essa indagação vai<br />

nascendo como um sol, até ser respondida,<br />

primeiramente por Platão,<br />

depois, de modo mais adequado e<br />

com maior pureza, por Aristóteles.<br />

Este fala de um só Deus, causador e<br />

fim de todas as coisas, e de um sentido<br />

do universo todo para servir a esse<br />

Deus. Daí o dito de São Paulo, segundo<br />

o qual Deus tinha dado aos judeus<br />

a Revelação — Ele havia aparecido<br />

ao povo judaico como a nenhum outro<br />

—, mas aos gregos Ele dera a filosofia,<br />

quer dizer, esse raciocínio, essa<br />

análise tranqüila, essa classificação<br />

e essa conclusão.<br />

Em ambos os estilos, Deus é glorificado,<br />

quer na linha “antena”, quer<br />

na linha da reflexão. Devemos amar<br />

os dois, mesmo porque, se quisermos<br />

corresponder à vocação que o feitio<br />

ibero-americano pede, temos de ser<br />

um resumo compreensivo de todo o<br />

passado para que dele nasça o futuro.<br />

Não podemos fazer exclusões, nem<br />

dar pontapés de desprezo em um ou<br />

em outro. Cumpre apreciarmos no<br />

seu devido valor tudo quanto é bom,<br />

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