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Revista Dr Plinio 33

Novembro de 2000

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O PENSAMENTO ILOSÓICO DE DR. PLINIO<br />

Santo Agostinho, romano<br />

típico<br />

Para dar uma idéia de como seria o<br />

romano católico, bem como a temperatura<br />

e o calor da Igreja naqueles<br />

tempos, vem a propósito analisarmos<br />

um trecho escrito por Santo Agostinho.<br />

É, a justo título, um dos mais famosos<br />

dele, conhecido como o “colóquio<br />

de Óstia”.<br />

Antes de comentá-lo, importa registrar<br />

alguns dados sobre as circunstâncias<br />

nas quais o colóquio se deu, e<br />

ainda dizer algo sobre a pessoa de<br />

Santo Agostinho. Assim, podemos entender<br />

melhor o Ocidente católico<br />

que nasce. Teremos dado um primeiro<br />

passo, utilizando uma matéria-prima<br />

indiscutivelmente nobre, analisada<br />

a fundo, para aqui lhes transmitir o<br />

que eu desejava.<br />

Santo Agostinho era de Cartago,<br />

urbe romana naquele tempo. A época<br />

em que essa cidade-Estado havia sido<br />

a grande inimiga da República Romana<br />

tinha passado. Ocupada e colonizada<br />

pelos césares, tornou-se parte<br />

integrante do Império.<br />

Santo Agostinho teria composições<br />

étnicas não latinas? Não há elementos<br />

suficientes para se afirmar isso,<br />

mas é certo que estava inteiramente<br />

incorporado à cultura latina, da qual<br />

foi um representante solar. Como<br />

pessoa dessa cultura do povo-rei, da<br />

nação que tinha dominado a Terra,<br />

vemo-lo, através das obras dele, como<br />

um homem de alma possante.<br />

Ele causa a impressão de ter sido<br />

fisicamente grande, sem chegar a ser<br />

um gigante, mas um desses homens<br />

que, quando se movem, parecem levar<br />

consigo toda a natureza. Pessoa<br />

com uma vida vegetativa tão intensa,<br />

que se teria impressão de que o reino<br />

mineral, o reino vegetal, o reino animal<br />

e o homem viviam nele com uma<br />

espécie de plenitude desconcertante.<br />

Senhor de um tom de voz grave e profundo,<br />

porém repercutindo longe como<br />

um desses sinos que podem acordar<br />

um vale ou uma cidade inteira. E<br />

com essa característica própria à alma<br />

dele (mas que seria bem da alma romana):<br />

as suas exclamações e os seus<br />

sentimentos que comoviam todo mundo<br />

a que ele se dirigia. Por causa disso,<br />

uma extraordinária capacidade de<br />

se comunicar, de penetrar nas almas<br />

dos outros, de fazê-las se mexerem<br />

como a dele. Predicado que o tornava<br />

um orador incomparável.<br />

De momento, contudo, não contemplaremos<br />

o orador. Vamos considerá-lo<br />

enquanto um escritor que escreve<br />

suas memórias.<br />

Ele começa por ressaltar que,<br />

quando pequeno, recebeu uma educação<br />

católica. As perseguições de há<br />

muito tinham acabado, o Império Romano<br />

todo era católico, mas Agostinho<br />

muito cedo prevaricou. O pai havia<br />

morrido, ele abandonou a mãe,<br />

meteu-se por vários lados, chegou a<br />

ingressar numa seita herética maniquéia,<br />

perdeu a é completamente e<br />

levou uma vida totalmente corrupta.<br />

Continuou assim até que a mãe dele,<br />

Depois de sua conversão, Santo Agostinho<br />

tornou-se um representante solar do pensamento<br />

católico latino (“Santo Agostinho lendo a<br />

Epístola de São Paulo”, por Gozzoli)<br />

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