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Revista Dr Plinio 64

Julho de 2003

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DONA LUCILIA<br />

Cartas de “São Lourenço”<br />

Dias depois, tendo Dª Rosée recebido<br />

um telegrama no qual <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />

comunicava ter chegado bem a Paris,<br />

apesar de um atraso em Dakar, quis logo<br />

dar a sua mãe a boa nova.<br />

Em carta do dia 12 de junho, <strong>Dr</strong>. João<br />

Paulo conta a seu filho como Dª Lucilia<br />

recebeu a notícia. Logo que tomou conhecimento<br />

da verdade inteira, ela censurou<br />

atenciosamente seu esposo por<br />

não a ter colocado a par da viagem, e<br />

passou a derramar copiosas e entristecidas<br />

lágrimas. E assim prosseguia <strong>Dr</strong>.<br />

João Paulo:<br />

Depois lhe passei as cartas que deveriam<br />

ter vindo de São Lourenço; leu-as<br />

todas imediatamente e as guardou. Seguise<br />

a visita das irmãs, da Dora, etc. etc., e<br />

tudo entrou em fase de calma. Lembraram-lhe<br />

que a viagem te seria muito proveitosa<br />

ainda sob o ponto de vista da tua<br />

saúde; como disse Camões: depois de procelosas<br />

tempestades, noturnas sombras e<br />

sibilantes ventos, trouxe a manhã serena<br />

claridade, esperança de porto e salvamento.<br />

Em suma, voltou tudo ao normal. Hoje,<br />

dia do Corpus Christi, assistimos à missa<br />

de praxe e aguardamos a hora para<br />

ver a procissão na cidade.<br />

A leitura das cartas do “filhão querido”<br />

aliviou-a um pouco do pesar intenso<br />

de seu coração, pois recordavam a felicidade<br />

que lhe pervadia a alma durante<br />

as prosinhas com ele:<br />

Luzinha querida,<br />

Tenho gostado bastante daqui, onde<br />

trato de repousar o mais possível, e tirar todo o proveito para<br />

minha saúde. Estou persuadido de que São Lourenço tem<br />

águas excelentes para mim. Dou-me muito bem com elas.<br />

Sinto muita falta, é claro, da minha Lú querida, lamentando<br />

não poder trazê-la no bolso... como a trago no coração.<br />

Mande dizer-me como estão as coisas: isto é, se a Lú tem<br />

tratado de deitar cedo, dormir bastante, levar uma vida bem<br />

tranqüila, e ir a alguns cinemas.<br />

Mande contar-me também como vai nossa deliciosa casa,<br />

e como vão seus freqüentadores. Não preciso dizer-lhe que<br />

quero, especialmente, notícias de Papai, Rosée, Maria Alice.<br />

Com mil beijos, pede-lhe a bênção o filho que a respeita e<br />

quer tanto quanto se pode querer alguém.<br />

<strong>Plinio</strong><br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> em 1952<br />

As expressivas manifestações de afeto que <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> empregava<br />

em suas cartas reconfortavam, em boa medida, Dª<br />

Lucilia da privação da presença dele, e se não podiam “estar<br />

juntos e olhar-se”, ficava por escrito o “quererse bem”.<br />

Manguinha do fundo de meu coração<br />

Como vai a Senhora? Estou com imensas saudades suas,<br />

e desejoso de voltar logo pra junto da “saia da Mãe”. E como<br />

vai Papai? E a vidinha da Lú, como vai? Juízo? Horários?<br />

Muito sono?<br />

Por aqui, continuo aproveitando todas as ocasiões para me<br />

refazer dos cansaços de São Paulo. O clima é ótimo, a alimentação<br />

também, enfim, está tudo a meu contento, ou pelo<br />

menos estaria se a Lú estivesse a meu lado.<br />

Mande-me sempre notícias suas. Quero saber de tudo,<br />

inclusive dos sonhos, dos pesadelos, dos incidentes na rua,<br />

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