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Revista Dr Plinio 64

Julho de 2003

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Uma pessoa penetrada destas grandes verdades, e habituada<br />

a fazer do relacionamento matéria-alma-Deus uma<br />

atividade-réctrix de seu espírito, pode desta maneira chegar<br />

ao ápice de sua personalidade. Ou seja, atingiu o desenvolvimento<br />

ordenado e inteiro de seu próprio eu. Seu desenvolvimento-ápice.<br />

Estas verdades, precisamente porque muito abstratas,<br />

têm, contudo, relação com o que há de mais profundo e<br />

decisivo na realidade concreta. Assim, é fator da grandeza,<br />

do bem-estar e da force de frappe, de um país o relacionamento<br />

íntimo entre os recursos naturais e a paisagem do<br />

território, de um lado, com as características do espírito<br />

nacional, de outro lado, a<br />

ponto de o observador notar<br />

afinidades entre a configuração<br />

dos montes, o<br />

curso e o rumorejar dos<br />

rios, as mil cores e formas<br />

da vegetação, os perfumes<br />

das flores, os sabores da<br />

culinária local, as harmonias<br />

das músicas e das danças populares, das formas e<br />

das cores dos trajes típicos — com o espírito da população;<br />

por exemplo, com o estilo dos gracejos e das brigas<br />

das crianças, dos feitos dos homens maduros e da experimentada<br />

sabedoria dos anciãos.<br />

Tudo isto forma um emaranhado de elementos que se<br />

entrelaçam por mil afinidades indissociáveis. E é a diferença<br />

entre estes — mais até do que os limites territoriais —<br />

que distingue as nações. Que diferença entre a França e<br />

a Alemanha, por exemplo! Salta aos olhos que cada uma<br />

dessas nações forma com o respectivo “emaranhado” um<br />

só todo. Não se pode conceber uma França habitada só por<br />

alemães, nem uma Alemanha habitada só por franceses.<br />

A tradição clássica, e mais tarde a influência profunda<br />

da Igreja, ensinou esses homens a “serem” muito mais<br />

alma do que corpo, a procurarem nas coisas da matéria<br />

analogias e ensinamentos supremos sobre a alma e sobre<br />

Deus. Daí essa admirável consonância entre o corpo e a<br />

alma dos grandes povos. Assim, tais povos foram conduzidos,<br />

numa imensa<br />

ação conjunta, a interpretarem<br />

o respectivo qua-<br />

Os homens massificados<br />

pela civilização moderna já não dro material, encontrando<br />

nele mil afinidades<br />

sabem sentir os significados com suas próprias almas.<br />

Afinidades estas que a<br />

espirituais e “divinos” das coisas<br />

cultura acentuou e pôs<br />

em relevo.<br />

Tenho a impressão de que, dentro da tormenta contemporânea,<br />

a maioria dos homens, descaracterizados,<br />

massificados pela civilização moderna, mecânica e cosmopolita,<br />

já não sabe sentir os significados espirituais e “divinos”<br />

das coisas. Nem perceber os vínculos que os ligam<br />

entre si, nem às paisagens em que nasceram. E em países<br />

novos como o nosso, a interpretação simbólica dos pano-<br />

É fator da grandeza e do bem-estar de um país o relacionamento<br />

íntimo entre seus recursos naturais e as características do espírito<br />

nacional. Abaixo, à esquerda: festa popular alemã; à direita:<br />

crianças francesas com trajes de época<br />

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