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Revista Dr Plinio 64

Julho de 2003

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A SOCIEDADE, ANALISADA POR DR. PLINIO<br />

ramas, da flora, da fauna, o saboreio ou olfateação dos<br />

produtos da terra, a audição de seus ruídos ou dos cânticos<br />

da natureza, tudo se reduz, para muitos dentre nós,<br />

às vagas recordações de infância que o progresso esmagou<br />

já na adolescência por meio do rolo compressor do<br />

“senso prático”.<br />

Um estabelecimento original<br />

Estas considerações me vieram ao espírito ao saber de<br />

um pitoresco fato que ocorre em Londrina, cidade que há<br />

cerca de trinta anos não visito. Mas sinto satisfação em<br />

contar o que a tal respeito me narraram amigos residentes<br />

na capital do café.<br />

Um homem de espírito e iniciativa instalou ali um café,<br />

em quiosque todo de vidro. Não porém um café qualquer.<br />

No modo de preparar nossa rubiácea, usou ele de nada<br />

menos do que vinte e cinco variedades. Entretido, corro os<br />

olhos em diagonal pela lista desses modos. Entre os cafés<br />

quentes não podia deixar de estar o “café com chantilly”,<br />

seguido entre outros por um enigmático “café escocês”,<br />

daquela Escócia que não produz café. Um pomposo “café<br />

royal” e um espirituoso “café society”. Os cafés frios vêm<br />

comandados, como também é natural, pelo “café vienense”.<br />

Mas o batalhão é menor. São seis, ao passo que os<br />

quentes são doze. Depois dos frios e dos quentes, figuram<br />

sete rotulados como “outros”. Como será o “licor creme de<br />

café”? No que se diferenciará do simples “licor de café”?<br />

E como serão os “confeitos de café”? O fato é que tudo<br />

isto encantou o povo. E o estabelecimento vive cheio.<br />

Riquezas da alma brasileira<br />

A diversificação que um homem de generosa fantasia<br />

soube fazer com o café, em que larga medida se poderia<br />

fazer com tantas de nossas frutas e, mutatis mutandis, com<br />

nossas incontáveis flores? E quantas riquezas de nossa<br />

alma assim mais facilmente se explicitariam?<br />

À luz das analogias de um verdadeiro simbolismo católico,<br />

num simultâneo e glorioso labor de alma de nosso povo,<br />

quanta magnificência diante de nós se desenrolaria!<br />

E se alguém me dissesse que tudo isto não<br />

passa de devaneios porque não resolve o<br />

problema do combustível, eu responderia<br />

com uma boa gargalhada.<br />

Pois um Brasil cristãmente desenvolvido<br />

não se define principalmente<br />

como uma imensa<br />

frota de motores, mas como<br />

uma imensa família de almas.<br />

(Transcrito da “Folha de S.<br />

Paulo” de 20/7/1979)<br />

Na pg. 28<br />

e nestas,<br />

variedades<br />

de bebidas<br />

e doces<br />

elaborados<br />

com café

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