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Revista Dr Plinio 64

Julho de 2003

Julho de 2003

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ECO FIDELÍSSIMO DA IGREJA<br />

pôs de seus tronos os poderosos, e<br />

exaltou os humildes”.<br />

Por meio da Encarnação do Verbo,<br />

Deus quebrou o poder com que o<br />

demônio e seus sequazes neste mundo<br />

atormentavam os bons. Então,<br />

depôs aqueles de seus tronos, e exaltou<br />

a estes que eram perseguidos.<br />

Alguém poderia objetar: “Mas,<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>, não foi o que aconteceu.<br />

Deu-se o contrário! Anás, Caifás, Pilatos<br />

e congêneres, todos se achavam<br />

nos seus tronos, perseguiram e mataram<br />

Nosso Senhor!”<br />

É verdade. Mas essa história não está<br />

narrada até o fim. Porque depois de<br />

Jesus ter sido morto, aconteceu precisamente<br />

o que aqueles poderosos queriam<br />

evitar: Ele ressuscitou, triunfando<br />

sobre a morte e sobre todos<br />

os seus algozes. Com Ele, triunfava<br />

a Santa Igreja, venciam<br />

os Apóstolos e Nossa Senhora,<br />

os humildes até então<br />

desprezados. E para<br />

todo o sempre, serão estes<br />

glorificados e exaltados,<br />

enquanto Anás, Caifás<br />

e Pilatos serão mencionados<br />

com vitupério e<br />

horror. Então se comprovou<br />

a veracidade do dito:<br />

deposuit potentes de<br />

sedes, et exaltavit humiles.<br />

Essa idéia ainda prevalece<br />

na seqüência do<br />

cântico: Esurientes implevit<br />

bonis, et divites dimisit<br />

inanes — “Cumulou<br />

de bens os famintos,<br />

e despediu os ricos com<br />

as mãos vazias”.<br />

Nossa Senhora não<br />

pretende fazer aqui uma<br />

alusão aos recursos materiais<br />

ou financeiros. Ela<br />

se refere, antes de tudo,<br />

aos que se acham na carência<br />

de bens espirituais,<br />

aos indigentes das<br />

dádivas celestiais. A esses<br />

pobres de espírito<br />

Jóia inapreciável,<br />

o Magnificat se<br />

encerra pensando<br />

na Encarnação<br />

do Verbo, como<br />

o fizera na<br />

primeira estrofe<br />

“Anunciação”, detalhe,<br />

por Rogier Van der Weyden<br />

que, humildemente, suplicam essas<br />

graças, Deus os atende na abundância<br />

infinita de sua misericórdia. Pelo<br />

contrário, aos “ricos”, àqueles que se<br />

julgam inteiramente satisfeitos no seu<br />

orgulho, Deus os despede de mãos vazias,<br />

isto é, sem torná-los partícipes do<br />

tesouro de seus dons sobrenaturais.<br />

Em Maria, cumpre-se a<br />

promessa feita a Abraão<br />

Por fim, Nossa Senhora volta à idéia<br />

central que inspira esse hino maravilhoso:<br />

Suscepit Israel puerum suum:<br />

recordatus misericordiae suae — “Tomou<br />

cuidado de Israel, seu servo,<br />

lembrado da sua misercórdia”.<br />

Quer dizer, o Povo Eleito receberia<br />

em breve o Messias há milênios<br />

prometido, a Quem Deus enviaria<br />

ao mundo, recordando que<br />

sua misericórdia assim havia<br />

disposto. Daí a conclusão:<br />

Sicut locutus est ad patres<br />

nostros, Abraham et semini<br />

eius in saecula — “Conforme<br />

tinha dito a nossos<br />

pais, a Abraão e à sua posteridade<br />

para sempre”.<br />

A promessa feita a<br />

Abraão, fundador da raça<br />

hebraica, e aos descendentes<br />

dele ao longo dos séculos,<br />

de que o Salvador<br />

nasceria de sua progênie,<br />

acabava de ser cumprida.<br />

Nossa Senhora já trazia<br />

em seu claustro materno<br />

o Esperado das nações.<br />

Ela, uma filha de Abraão,<br />

daria à luz o Filho de<br />

Deus.<br />

E assim o Magnificat,<br />

esta jóia inapreciável, este<br />

maravilhoso cântico de<br />

sabedoria, humildade e<br />

grandeza, muito harmoniosamente<br />

se encerra<br />

pensando na Encarnação<br />

do Verbo, como o fizera<br />

na primeira estrofe. !<br />

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