ECO FIDELÍSSIMO DA IGREJA pôs de seus tronos os poderosos, e exaltou os humildes”. Por meio da Encarnação do Verbo, Deus quebrou o poder com que o demônio e seus sequazes neste mundo atormentavam os bons. Então, depôs aqueles de seus tronos, e exaltou a estes que eram perseguidos. Alguém poderia objetar: “Mas, <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>, não foi o que aconteceu. Deu-se o contrário! Anás, Caifás, Pilatos e congêneres, todos se achavam nos seus tronos, perseguiram e mataram Nosso Senhor!” É verdade. Mas essa história não está narrada até o fim. Porque depois de Jesus ter sido morto, aconteceu precisamente o que aqueles poderosos queriam evitar: Ele ressuscitou, triunfando sobre a morte e sobre todos os seus algozes. Com Ele, triunfava a Santa Igreja, venciam os Apóstolos e Nossa Senhora, os humildes até então desprezados. E para todo o sempre, serão estes glorificados e exaltados, enquanto Anás, Caifás e Pilatos serão mencionados com vitupério e horror. Então se comprovou a veracidade do dito: deposuit potentes de sedes, et exaltavit humiles. Essa idéia ainda prevalece na seqüência do cântico: Esurientes implevit bonis, et divites dimisit inanes — “Cumulou de bens os famintos, e despediu os ricos com as mãos vazias”. Nossa Senhora não pretende fazer aqui uma alusão aos recursos materiais ou financeiros. Ela se refere, antes de tudo, aos que se acham na carência de bens espirituais, aos indigentes das dádivas celestiais. A esses pobres de espírito Jóia inapreciável, o Magnificat se encerra pensando na Encarnação do Verbo, como o fizera na primeira estrofe “Anunciação”, detalhe, por Rogier Van der Weyden que, humildemente, suplicam essas graças, Deus os atende na abundância infinita de sua misericórdia. Pelo contrário, aos “ricos”, àqueles que se julgam inteiramente satisfeitos no seu orgulho, Deus os despede de mãos vazias, isto é, sem torná-los partícipes do tesouro de seus dons sobrenaturais. Em Maria, cumpre-se a promessa feita a Abraão Por fim, Nossa Senhora volta à idéia central que inspira esse hino maravilhoso: Suscepit Israel puerum suum: recordatus misericordiae suae — “Tomou cuidado de Israel, seu servo, lembrado da sua misercórdia”. Quer dizer, o Povo Eleito receberia em breve o Messias há milênios prometido, a Quem Deus enviaria ao mundo, recordando que sua misericórdia assim havia disposto. Daí a conclusão: Sicut locutus est ad patres nostros, Abraham et semini eius in saecula — “Conforme tinha dito a nossos pais, a Abraão e à sua posteridade para sempre”. A promessa feita a Abraão, fundador da raça hebraica, e aos descendentes dele ao longo dos séculos, de que o Salvador nasceria de sua progênie, acabava de ser cumprida. Nossa Senhora já trazia em seu claustro materno o Esperado das nações. Ela, uma filha de Abraão, daria à luz o Filho de Deus. E assim o Magnificat, esta jóia inapreciável, este maravilhoso cântico de sabedoria, humildade e grandeza, muito harmoniosamente se encerra pensando na Encarnação do Verbo, como o fizera na primeira estrofe. ! 24
DENÚNCIA PROFÉTICA Não há paz sem a Lei de Deus A paz — na família, na nação, no plano internacional — todos a desejam. Mas onde e como obtê-la? <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> dá-nos a resposta neste artigo. Segundo São Tomás de Aquino, a paz é a tranqüilidade da ordem. Esta definição do Santo Doutor deixa entrever que há duas espécies de tranqüilidade: a que provém da ordem e a que provém da desordem. A paz, fruto da ordem Tome-se um adolescente saudável que dorme. Todo o seu físico está em ordem perfeita. Todos os órgãos funcionam admiravelmente bem. Nenhuma dor, nenhum mal- 25