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Março 2017<br />

19<br />

Exposição de Krebber na Suíça<br />

Após a passagem por pela Fundação Serralves no Porto,<br />

a obra Michael Krebber, The Living Wedge foi apresentada<br />

no Kunsthalle Bern, na Suíça<br />

O pintor alemão Michael Krebber, caracterizado<br />

como “um dos mais influentes dos nossos dias”, apresentou<br />

no passado dia 18 de Fevereiro no museu Kunsthalle<br />

Bern, em Berna, na Suíça, a exposição The Living<br />

Wedge, que estará patente até 30 de Abril, depois<br />

de se ter estreado em Portugal no final de 2016.<br />

A exposição, organizada pelo Museu de Arte Contemporânea<br />

de Serralves, Porto, em associação com<br />

a Kunsthalle Bern, pretende mostrar o trabalho de Michael<br />

Krebber, que explora “a exaustão, o repúdio e a<br />

renovação do meio para simultaneamente o afirmar e<br />

negar”.<br />

Refere a <strong>revista</strong> Sábado que ”esta exposição reúne<br />

perto de cem obras das últimas três décadas, provenientes<br />

de numerosas colecções públicas e privadas<br />

de vários países da Europa e dos Estados Unidos. Os<br />

desenhos, pinturas e esculturas expostos vão da hesitação<br />

e do repúdio a uma variedade de motivos e gestos<br />

empáticos, surpreendentes ou irónicos — às vezes<br />

tudo isto ao mesmo tempo”, pode ler-se no comunicado<br />

da organização.<br />

Michael Krebber, Installation view, C-A-N-V-A-S,<br />

Uhutrust, Jerry Magoo and guardian.co.uk Paintings,<br />

Greene Naftali, New York, 2011<br />

O Outono no Inverno<br />

ANTÓNIO M. RIBEIRO (UHF)<br />

Sinto que a estação que anuncia<br />

o frio, que rodopia em ventanias<br />

truculentas à noite, de gritos que<br />

despem as árvores, trovoadas intensas<br />

e nuvens baixas de algodão<br />

sujo, sinto que essa estação cabe<br />

melhor no sentimento destas palavras.<br />

Hoje de manhã, parei no pequeno café<br />

de algum costume, pisei as pedras molhadas<br />

do passeio, havia silêncio na sala<br />

onde a miudagem apura o estudo, e entrei<br />

para uma bica quente com pastel<br />

de nata. Não havia televisão, um rádio<br />

escondido soltava gargalhadas sobre as<br />

notícias costumeiras de um mundo de<br />

imagens aos solavancos. No lugar do<br />

ecrã furos na parede e um cabo de antena<br />

no ar como um galho branco que não<br />

dará botão, flor e fruto.Calhou na conversa<br />

saber que a dona do café partira<br />

no início de Dezembro. E isso de repente<br />

custou-me. Não é que fossemos próximos,<br />

disse-me um dia que andáramos<br />

a estudar no liceu de Almada, mas ela<br />

era mais nova e um adolescente olha<br />

sempre em frente para as miúdas mais<br />

crescidas, inatingíveis, e sonha à noite<br />

com a professora de medidas certas e<br />

olhos azuis – eu sonhei, receoso que os<br />

sonhos dos meus colegas ma roubassem<br />

no meu.Não sei o seu nome, andava à<br />

espera de a ver um destes dias com ironia<br />

nas palavras sobre a nossa geração e<br />

o Correio da Manhã para entreter o café<br />

dos clientes. Partiu e nesta fisicalidade<br />

já não vai ser possível essa palavra de<br />

palavras.Às vezes é assim, descobrimos<br />

que a vida não prega partidas, a vida flui<br />

e nós fazemos parte dessa viagem. Por<br />

vezes o Outono vem connosco.Foto<br />

da minha autoria na Lagoa das Sete Cidades,<br />

S. Miguel, no dia 5 de Fevereiro<br />

de 2017.

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