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Tiamat World<br />
<strong>Além</strong> <strong>da</strong> <strong>Inocência</strong><br />
Beyond 1<br />
Emma Holly<br />
como a senhorita Fairleigh. Vesti<strong>da</strong> com blusa e meias, a senhorita Fairleigh era<br />
o sonho perverso de um escolar. Com aquele vestido elegante de cor<br />
Avermelhado, o deixava sem fôlego.<br />
Tinha o aspecto de uma grande <strong>da</strong>ma de Londres, ca<strong>da</strong> centímetro dela,<br />
do rígido pescoço até a cau<strong>da</strong> de sua polonesa. O complicado acerto de suas<br />
anquinhas, parecia refletir as agracia<strong>da</strong>s carnes que ocultava, isso ele sabia. Só<br />
sua expressão, pensativa e insegura, delatava sua origem rural.<br />
—Aí tem —disse ma<strong>da</strong>me Victoire com as mãos sobre os ombros <strong>da</strong><br />
senhorita Fairleigh—. Como se sente com isto?<br />
A senhorita Fairleigh tocou a cintura <strong>da</strong>quele vestido que lhe delineava a<br />
figura como se a se<strong>da</strong> queimasse.<br />
—Acredito que me assusta.<br />
Ma<strong>da</strong>me sorriu, alisou um cacho de cabelo caído e o devolveu à cabeleira<br />
de sua cliente. O cabelo <strong>da</strong> senhorita Fairleigh era liso e a julgar pela expressão<br />
<strong>da</strong> costureira, bastante agradável ao tato. Uma vez mais, Edward sentiu o<br />
tremor escuro do proibido. A jovem não sabia o que ma<strong>da</strong>me Victoire fazia. A<br />
jovem não podia imaginar que tipo de pensamentos expressavam gestos como<br />
esses.<br />
—O que está vendo é seu poder de mulher—sentenciou a costureira—,<br />
sem esse horrível vestido negro que lhe tira a luz.<br />
A senhorita Fairleigh elevou o queixo como primeira amostra de teimosia<br />
que Edward tinha visto nela.<br />
—Uma mulher não teria por que ser capitalista só porque é atraente.<br />
—Não? —perguntou a costureira com voz agu<strong>da</strong> e com seu divertido<br />
acento—. por que se preocupa do que não deveria ser? Assim é como são as<br />
coisas, chérie. Neste mundo, as mulheres caminham por um caminho difícil.<br />
Temos que utilizar nossas armas onde as encontremos. Assim como você tem<br />
que utilizar as suas, non? Tem que caçar a esse marido simpático. Se sua<br />
beleza o atrair o suficiente para ver quão simpático é, o que tem que mau<br />
nisso?<br />
— Eu nunca gostei de ser olha<strong>da</strong>—confessou a senhorita Fairleigh.<br />
—OH —exclamou ma<strong>da</strong>me com risa<strong>da</strong> sonora—. Eu diria para se<br />
acostumar, embora enten<strong>da</strong> que seu acanhamento é parte de seu encanto.<br />
Como o mel para as abelhas. Quando estremece e se ruboriza, faz que os<br />
homens se sintam fortes.<br />
Sem prévio aviso, a senhorita Fairleigh riu, como se o absurdo de sua<br />
queixa acabasse de lhe golpear como uma evidência. O som parecia uma<br />
espécie de gorjeio contagioso que nascia no mais profundo de seu peito.<br />
—Basta! —declarou entre aqueles surtos de risa<strong>da</strong>—, nunca voltarei a me<br />
ruborizar.<br />
E a costureira também riu porque a face de sua cliente ain<strong>da</strong> se refletia o<br />
rubor.<br />
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