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Tiamat World<br />
<strong>Além</strong> <strong>da</strong> <strong>Inocência</strong><br />
Beyond 1<br />
Emma Holly<br />
— Oh, senhorita —disse, com um suspiro de assombro—, que<br />
impressionante é Londres.<br />
— Você tem que me chamar de senhorita Fairleigh —corrigiu Florence,<br />
agarrando Lizzie pelo braço para guiá-la no meio <strong>da</strong> agitação <strong>da</strong> estação—.<br />
Como corresponde uma jovem com a sua senhora.<br />
Essa era a história que ambas tinham combinado, porque Florence não<br />
podia viajar sem uma acompanhante, e era muito difícil imaginar uma<br />
acompanhante menos imponente que Lizzie Thomas. Com seu vestido escuro e<br />
desbotado, Florence pensava que seu próprio aspecto se parecia muito ao de<br />
uma governanta, embora pelo largura <strong>da</strong>s mangas e o volume do busto não<br />
parecia muito elegante. Na penumbra do vagão, tudo tinha transcorrido sem<br />
problemas. Entretanto, quando tinham desembarcado nas sucessivas estações<br />
para se abastecer de água entre Lancashire e Londres, Florence tinha sido<br />
objeto de olhares curiosos.<br />
Aparentemente, nem sequer uma governanta passava despercebido aos<br />
olhares masculinos.<br />
—Oh, senhorita —disse Lizzie, a tirando de seus devaneios—, quero dizer,<br />
senhorita Fairleigh, Como vamos saber aonde temos que ir?<br />
—Seguiremos as pessoas —disse Florence—. A seguro que se dirigem à<br />
rua.<br />
Foi necessária uma breve discussão para convencer Lizzie que não era ela<br />
quem devia carregar a bagagem de Florence. Uma vez solucionado o<br />
problema, logo se encontraram sob o monumental arco dórico <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>. Para<br />
desilusão de Florence, a multidão no interior <strong>da</strong> estação não fez mais do que<br />
aumentar no exterior. Ali a confusão se multiplicava, entre os carros e<br />
carruagens pesa<strong>da</strong>s, entre vendedores ambulantes que anunciavam suas<br />
mercadorias aos gritos e um penetrante aroma, mesclado de pátio de estábulo<br />
e de fogo apagado do dia anterior. Florence não tinha nem a menor ideia de<br />
como avançar através desse tumulto.<br />
Quando já havia engolido algumas lágrimas, um moço esfarrapado<br />
segurou na manga do seu casaco. Florence viu uns olhos enormes em um rosto<br />
sujo mas de expressão tão astuta que, por um momento, teve medo. Levou a<br />
mão a sua bolsa.<br />
—Necessitam de uma carruagem? —ofereceu o moço—. Posso buscar um<br />
por um centavo.<br />
—Um centavo? —exclamou Lizzie, que sentiu que seu gênio recuperava<br />
vi<strong>da</strong> para ouvir essa proposta de saque de seus recursos—. O chamará por um<br />
quarto de centavo, patife.<br />
Florence sorriu ao ver sua indignação.<br />
—Um centavo está bem —disse—, mas pagaremos depois de subir na<br />
carruagem.<br />
Isto pareceu justo ao rapaz, que se mostrou zeloso em sua missão. Depois<br />
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