01 - Além da Inocência

Tiamat World
Além da Inocência
Beyond 1
Emma Holly
diga que tragam a carruagem.
—Sim, Excelência —respondeu ele com sua voz cerimoniosa, como se
receber golpes de sua ama fora uma questão de todos os dias. Florence se
perguntou no que havia se metido quando deixou à duquesa tomá-la sob sua
tutela. Se não podia viver para cumprir com os planos de Hypatia, acaso
acabaria também com as panturrilhas doloridas?
Seu coração teve tempo suficiente para se agitar antes que o carro se
aproximasse pausadamente seguindo a linha de carros até a porta. Aqueles
vestidos que entrou na sua vista enquanto esperavam! Essas sedas e pedras
preciosas e nuvens de perfumes caros! Desta vez se alegrou de que madame
Victoire não tivesse economizado nos gastos de seus vestidos. Ao menos teria
o aspecto de alguém que pertencia a esse círculo.
Quando chegaram na elegante entrada das portas garagens, Edward a
ajudou a descer do carro. O contato de suas mãos dificultou ainda mais a
respiração que o espartilho impedia. Nunca tinha imaginado que um homem
pudesse ter tanta força, porque parecia não pesar nada em seus braços.
Quando Edward a deixou sobre o pavimento, seus olhares se cruzaram. Os
olhos de Edward brilhavam como duas intensas e misteriosas chamas azuis e
quentes, completamente concentrado nela. Florence sentiu um calor que se
derramava sobre os seios. Por muito que o desejasse, era impossível mitigar a
reação. Envergonhada, tocou no tule que cobria o corpete. Edward desviou o
olhar.
—Cuidado com a cauda do vestido — advertiu, com a mesma secura de
sempre, e ajudou à duquesa descer.
Quando esta esteve preparada, se dirigiram juntos para a escada.
Agradecida pela distração, Florence não podia conter sua curiosidade. Jamais
tinha estado em uma casa tão elegante.
A seus olhos, aquilo parecia um palácio. Um par de tochas em forma de
ninfas, com bolas de gás balançando sobre os ombros, iluminavam a zona de
recepção, uma vez cruzada a porta. Enquanto o criado de libré anunciava seus
nomes, Florence olhava com olhos exagerados. As ninfas não levavam mais
indumentárias que um tecido vaporoso como um lenço que parecia se ajustar
as suas partes íntimas. Tinham nus os seios, cujas pontas acabavam em uns
mamilos grossos, não rigidamente grossos, posto que as ninfas tinham frio, a
não ser suaves, como se a brisa que soprava sobre os lenços beijasse
brandamente sua pele.
De repente, sentiu um impulso irracional. Gostaria de tocar aquele bronze
gentil. E logo, o que parecia ainda mais intrigante, pensou que gostaria de
ocupar o lugar das ninfas, igualmente nua, e ser beijada pela suave brisa e
admirada pelos convidados. Ao fim e a cabo, uma estátua não podia se
comportar como uma tímida. Uma estátua só podia ser adorada. Tocou a base
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