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Chicos 49

e-zine literária de Cataguases - MG - Brasil

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L ibertar de<br />

M eu poema “L ibe rtarde ”, q u e está<br />

ex po sto a qui, n a mo stra Imagética,<br />

f o i r ea l izado neste p rédio há cerca de<br />

50 a nos. Eu traba l hava na Supla, a<br />

S u pe rintendência d e P la ne jamento do<br />

B B, no ter ceiro a ndar. Eram tempos<br />

<strong>Chicos</strong> <strong>49</strong><br />

d a repr essão, embora m eno s sev era<br />

d o q ue a q ue v ir ia no a no seg u i nte,<br />

com o AI -5 . N um i n tervalo d o t rabal<br />

ho, co mece i a pensar na ba ndeira de<br />

M i nas, n aque l e “L i ber tas q ua e sera<br />

ta men” e nvolv e ndo o t riâ ng u lo verm<br />

e lho .<br />

Troquei o dito em Latim (que o poeta-menino<br />

Vinicius de Moraes lia como “Libertas que será<br />

também”, e nada entendia) por um círculo envolvendo<br />

um pequeno triângulo. Aos poucos, o<br />

triângulo crescia e já tangenciava o círculo e logo<br />

dava o que na minha desvairada cabeça seria<br />

um dialético salto qualitativo – até que cercasse<br />

o círculo, ultrapassasse totalmente a “prisão”<br />

por ele representada. O título “Libertarde” surgiu<br />

da junção do “Liberdade” com o “ainda que<br />

tardia”.<br />

Wlademir Dias-Pino com a palavra: “Programas<br />

que visem a tornar o computador cada vez mais<br />

capaz de produzir pinturas, desenhos, sinfonias<br />

e textos (aleatórios ou figurativos), reduzem as<br />

próprias possibilidades que a eletrônica oferece<br />

na pesquisa de vanguarda. É a tentativa de igualar<br />

(substituir de modo snob) o computador ao<br />

pincel, ao lápis, ao piano e ao dicionário. O uso<br />

contínuo de um instrumento torna-o extensão<br />

do homem: ´o lápis é a ponta grafitada de seu<br />

dedo´. Daí a individualidade do desenho”.<br />

Interessante registrar que “Libertarde” foi inicialmente<br />

produzido em minha mesa de trabalho,<br />

com o auxílio de uma moeda (de onde saiu o<br />

círculo), um lápis (olha o lápis do Wlademir aí!)<br />

e o livro de instruções circulares do BB, que me<br />

39<br />

ajudou a traçar o triângulo. Mais que uma época<br />

pré-digital, aquele foi um momento sem régua<br />

ou compasso. Aliás, se a Bahia deu a Gil régua<br />

e compasso, o Banco do Brasil pouco me ofereceu<br />

para a realização do poema, fora o livroesquadro.<br />

Bem, na verdade esta não é certamente<br />

função de bancos.<br />

Era realmente um tempo pioneiro, artesanal. O<br />

poema foi publicado pela primeira vez em livro,<br />

em 1972 na obra “Processo: Linguagem e Comunicação”,<br />

do próprio Wlademir. No ano seguinte,<br />

sairia no Jornal da Poesia, no Caderno B,<br />

editado por Affonso Romano de SantAnna, com<br />

direito a chamada de capa no então poderoso<br />

Jornal do Brasil. Logo, seguiria mundo, publicado<br />

em jornais, livros e revista, daqui e do exterior.<br />

Já neste século, a poeta e designer Regina<br />

Pouchain – que nos honra com sua presença<br />

nesta mesa – faria ótimas releituras cromáticas<br />

de “Libertarde” e de outros de meus poemas<br />

visuais, que podem ser vistas na seção<br />

“Trabalhos/Poemas Visuais” de meu site<br />

www.ronaldowerneck.com.br. Wlademir não<br />

diria “releituras”, mas “versões”. Isso porque,<br />

para ele, a versão é criativa: “Eu pego o poema<br />

inaugural de um cidadão e faço uma versão. O<br />

que eu fiz foi acrescer a minha experiência à<br />

conquista daquele poeta”.

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