Chicos 49
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<strong>Chicos</strong> <strong>49</strong><br />
José Carlos de<br />
Vasconcelos<br />
Nasceu em Freamunde, Paços de Ferreira Portugal.<br />
É advogado, jornalista e escritor.<br />
Licenciado em Direito, pela Faculdade de Direito<br />
da Universidade de Coimbra, pertence a<br />
uma geração de estudantes dessa universidade<br />
onde se inserem figuras como Manuel Alegre,<br />
Fernando Assis Pacheco ou Silva Marques.<br />
Foi também colaborador da revista<br />
Vértice. Pertence à direção editorial da revista<br />
Visão e é diretor do Jornal de Letras.<br />
O Prémio Camões e ‘um copo de cólera’...<br />
A entrega do Prêmio Camões, de 2016, a<br />
Raduan Nassar, em 17 de fevereiro, em São Paulo,<br />
foi a mais falada de sempre. E não ocorreu,<br />
como muitas vezes antes, com a presença dos<br />
Presidentes do Brasil e de Portugal, mas num ato<br />
relativamente discreto, estando o Brasil representado<br />
pelo ministro da Cultura e Portugal pelo<br />
nosso embaixador em Brasília. O que aconteceu<br />
foi que o autor de Lavoura arcaica e Um copo de<br />
cólera, as suas duas obras fundamentais, na sua<br />
curta fala começou por lembrar que esteve entre<br />
nós em 1976, “fascinado pelo país, resplandecente<br />
desde a Revolução dos Cravos”, e por<br />
acentuar que sempre foi “carinhosamente acolhido”<br />
em Portugal, agradecendo ao embaixador.<br />
Logo acrescentando que “infelizmente nada é<br />
tão azul no nosso Brasil”.<br />
A partir daí Raduan fez um ataque cerrado<br />
aos “tempos sombrios, muito sombrios” que se<br />
vivem no país, citando casos, pessoas. Instituições,<br />
incluindo um novo juiz agora indicado para<br />
o Supremo Tribunal Federal e o próprio STF.<br />
Porque, segundo ele, o STF “propiciou a reversão<br />
da democracia”, ao não impedir o impeachment<br />
da Presidente Dilma Rousseff, “íntegra e<br />
eleita pelo voto popular”. E concluiu: “O golpe<br />
estava consumado! Não há como ficar calado.”<br />
O escritor foi muito aplaudido e o ministro<br />
respondeu, defendendo a legitimidade do Governo<br />
e atacando Raduan pelo que dissera:<br />
“desrespeitou a todos”. Segundo Roberto Freire,<br />
o Prêmio ter sido entregue a um “opositor” mostrava<br />
“o momento democrático” vivido no País –<br />
e se o escritor considerava o Governo<br />
“ilegítimo” devia ter recusado o Prémio que ele,<br />
Governo, lhe atribuíra. Houve sururu, vaias, gritos<br />
de “fora Temer”, com a consequente repercussão<br />
nos media.<br />
Não vou, nem seria possível, entrar aqui na<br />
análise do “caso”. Assim sublinho apenas duas<br />
coisas:<br />
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