REVISTA GALERIA POR MÁRCIA TRAVESSONI - EDIÇÃO 05
NIEDJA BEZERRA O renascimento que veio com a superação de um desafio A vontade de crescer que criou a DIAMANTES LINGERIE + Cultura, Decoração, Estilo, Empreendedorismo e Gastronomia
NIEDJA BEZERRA
O renascimento que veio com a superação de um desafio
A vontade de crescer que criou a DIAMANTES LINGERIE
+ Cultura, Decoração, Estilo, Empreendedorismo e Gastronomia
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“Tem que ter um<br />
além, tem que<br />
gerar algum fruto,<br />
porque é na dor, é<br />
na provação, que<br />
você é testado.”<br />
NIEDJA VIVE COM MAIS<br />
serenidade e humildade<br />
após o tratamento<br />
contra o câncer.<br />
por momentos de angústia. Foi um dia. Desse tempo todo,<br />
foi só um dia. O que mais me angustiava era a ideia da morte,<br />
porque eu queria muito ver meus filhos crescerem. Eu dizia<br />
que eles não estavam prontos, que eu não tinha cumprido<br />
minha missão. Eu quero ficar viva, para colaborar mais e ajudar<br />
no crescimento deles. Isso foi o que mais me motivava a<br />
lutar. Depois, eu estava tão entregue, que todos os outros dias<br />
eu não tive mais medo. Ele foi transformado em esperança,<br />
a tristeza em alegria”.<br />
A fé que cresceu em Niedja, na época do tratamento, também<br />
transbordou e iluminou as pessoas que convivem com ela.<br />
A médica relembra, inclusive, que o pai, Jorge Parente, passou a<br />
acreditar mais em Deus nessa época, o que aqueceu ainda mais<br />
o coração dela. Sem titubear, ela se doou por completo à fé.<br />
“Quando eu recebi o resultado da biópsia, eu disse: não, parei,<br />
agora eu sou só fé. Me entreguei ao “Terço da Misericórdia”<br />
de uma maneira...”, recorda, emocionada.<br />
PANAPANÁ<br />
A jornada de Niedja foi cheia de afago e carinho, principalmente<br />
quando cerca de 50 amigas se reuniram para “mimar”<br />
a médica, eram as “borboletinhas da Nih”. Todos os dias, Niedja<br />
acordava com um carinho, um presente, como livros, CDs,<br />
DVDs, bolo, brincos, chinelos, travesseiro, camisola, chocolate,<br />
acompanhados de orações e mensagens de apoio. Quando<br />
Niedja terminou o tratamento e os médicos sentenciaram a<br />
cura, ela já era maior.<br />
“Durante a minha dor, foi quando eu mais recebi amor.<br />
Eu disse para minhas amigas: agora eu estou transbordando,<br />
o amor que vocês me deram esse tempo todo não cabe mais<br />
em mim. Vamos agora fazer o mesmo trabalho, que vocês<br />
fizeram comigo, em outros jardins. Eu perguntei quem topava<br />
ir comigo e todas aceitaram. Eu tive o câncer, mas elas fizeram<br />
um pouquinho de quimioterapia comigo. Foi um crescimento<br />
mútuo, passamos por esse amadurecimento da fé juntas, essa<br />
busca incessante, essa vontade de servir, tudo isso construído<br />
em conjunto”, descreve.<br />
O Panapaná nasceu, então, da vontade de Niedja ultrapassar<br />
os limites que definiam o sentido da sua própria existência,<br />
por acreditar que o sofrimento enfrentado não deveria se<br />
perder e, sim, ser transformado para fazer o bem. De mimada,<br />
passou a mimar. “A dor tem que frutificar. Será que eu vou<br />
sofrer só por isso?. Por quê? Tem que ter um além, tem que gerar<br />
algum fruto porque é na dor, é na provação, que você é testado.<br />
É na provação que você encontra a verdadeira razão e motivo<br />
da sua missão. Foi nesse caminho que eu evolui”, estabelece.<br />
As ações do Panapaná, portanto, se baseiam, sobretudo,<br />
na fé, na convicção da bondade e na solidariedade de Niedja e<br />
das demais integrantes do grupo, que tem como foco o tripé:<br />
ação, oração e doação. O coletivo se reúne constantemente<br />
para fazer orações pelos mimados. Além disso, elas se juntam<br />
e visitam as pessoas com câncer que desejarem participar do<br />
momento união e oração do Panapaná. “Elas dizem que a gente<br />
chega na hora certa e que a nossa mensagem é dita por Deus,<br />
porque era o que elas estavam precisando ouvir e isso é uma<br />
coisa muito linda”.<br />
Atualmente, o grupo possui 44 borboletas, as integrantes do<br />
coletivo, e mima 42 pessoas com câncer em Fortaleza. Uma vez<br />
mudada, Niedja conseguiu também transformar o seu entorno.<br />
Além de acompanhar as pessoas que precisam de apoio e<br />
carinho, o coletivo, que completou três anos em junho, escolhe<br />
instituições para fazer doações.<br />
Uma das entidades beneficiadas pelo Panapaná foi o<br />
Grupo de Apoio ao Paciente Onco Hematológico do Ceará<br />
(Gapo). Tendo ciência das dificuldades da instituição que<br />
acolhe pessoas com câncer do Interior do Estado, que não<br />
possuem condições para manter-se financeiramente durante<br />
o tratamento, Niedja e suas borboletas se mobilizaram para<br />
comprar uma casa, que sediaria o Gapo. Promoveram um<br />
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