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Revista Elas por elas 2013

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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discutidas no âmbito da reforma política<br />

podem ajudar a ampliar a participação<br />

feminina no poder. “O financiamento<br />

público de campanha e o voto em lista<br />

preordenada com alternância de gênero<br />

podem favorecer as mulheres”, destacou.<br />

Incentivar o protagonismo<br />

Esse quadro de pouca representatividade<br />

feminina também se constitui<br />

<strong>por</strong> questões culturais arraigadas. A<br />

política ainda não é um espaço favorável<br />

para as mulheres. “A mulher foi para o<br />

mercado de trabalho, ampliou anos de<br />

estudo, mas continua acumulando funções<br />

de gerenciamento do espaço privado”,<br />

destacou a deputada Luzia Ferreira.<br />

Para ela, além de conciliar uma<br />

jornada tripla de atividades, a mulher<br />

precisa vencer também a resistência<br />

da própria família para se envolver politicamente.<br />

“Quando ela se candidata,<br />

é <strong>por</strong>que já rompeu com muita coisa,<br />

já criou os filhos. Também <strong>por</strong> isso<br />

<strong>elas</strong> começam mais tarde na política”.<br />

Para a cientista política Marlise<br />

Matos, há ainda outro viés sociocultural<br />

que explica essa situação. A recente<br />

ascensão social das camadas mais pobres<br />

da sociedade brasileira não veio acompanhada<br />

de ações que possibilitassem<br />

um processo educativo e formador de<br />

consciência política e cidadã. “As políticas<br />

de distribuição de renda dos governos<br />

Lula e Dilma devem ser valorizadas,<br />

mas não podem parar <strong>por</strong> aí.<br />

Precisam ser associadas a outras políticas<br />

sociais, também no campo da educação.<br />

É fundamental preparar as pessoas,<br />

especialmente as mulheres, para assumir<br />

um maior protagonismo social, que<br />

gere transformações profundas na realidade<br />

brasileira”, destacou.<br />

Assim, segundo Marlise, muitas famílias,<br />

compostas também <strong>por</strong> mulheres,<br />

foram felizmente tiradas da pobreza,<br />

mas levadas em direção à sociedade do<br />

consumo. “A própria feminilidade está<br />

a serviço do consumo. A mulher hoje<br />

10<br />

está muito voltada para satisfazer seus<br />

desejos de consumo, para obter bens,<br />

para consumir ideais de estética, roupas<br />

e produtos de beleza. Além disso, muitas<br />

estão consumidas no seu tempo, chefiando<br />

lares. Precisamos descobrir,<br />

então, o que vai mobilizar as mulheres<br />

a agir politicamente”, analisa.<br />

Câmara de BH tem apenas<br />

uma vereadora<br />

De acordo com o Tribunal Superior<br />

Eleitoral, dos 1.287 candidatos a vereador<br />

na capital mineira, 397 (30,85%)<br />

eram mulheres. No entanto, somente<br />

uma mulher foi eleita, Elaine Matozinhos<br />

(PTB), para ocupar uma das 41 cadeiras<br />

da Câmara Municipal de Belo Horizonte.<br />

É a menor representação feminina no<br />

legislativo municipal desde a redemocratização,<br />

em 1988.<br />

Em 2008, foram eleitas cinco vereadoras,<br />

sendo que quatro d<strong>elas</strong> não<br />

conseguiram se reeleger em 2012:<br />

Neusinha Santos (PT), Pricila Teixeira<br />

(PTB), Sílvia Helena (PPS) e Maria<br />

Lúcia Scarpelli (PCdoB). Essa redução<br />

Mulheres<br />

vereadoras em<br />

BH<br />

1988<br />

1992<br />

1996<br />

2000<br />

2004<br />

2008<br />

2012<br />

quantidade de de mulheres<br />

es<br />

eleitas<br />

de cinco para uma eleita, após apenas<br />

quatro anos, assustou as mulheres e<br />

merece atenção e análise.<br />

A única vereadora da capital mineira<br />

se disse surpresa com o resultado das<br />

eleições e lamentou a redução do número<br />

de vereadoras. “É um grande retrocesso,<br />

mas não é um fato isolado<br />

em BH. Aconteceu em todo o país”,<br />

apontou Elaine Matozinhos.<br />

Ela é formada em Direito, Delegada<br />

de Polícia há mais de 30 anos, e uma<br />

das fundadoras das Delegacias de Mulheres<br />

e do Idoso em Belo Horizonte.<br />

Em 2012, foi eleita para seu quarto<br />

mandato eletivo, sendo três na Câmara<br />

Municipal e um na Assembleia Legislativa<br />

de Minas Gerais.<br />

Ela considera que há um desencanto<br />

das mulheres <strong>por</strong> se candidatarem. “As<br />

mulheres que estão nesse meio sabem<br />

como é difícil se eleger e continuar.<br />

Em muitos casos, quando eleitas, são<br />

pessoas que se destacam muito na sociedade<br />

pelo trabalho que exercem ou<br />

que recebem poder político <strong>por</strong> herança<br />

de um homem, que é seu padrinho político”,<br />

afirmou.<br />

Na opinião de Elaine Matozinhos, a<br />

falta de apoio dos partidos, uma cultura<br />

extremamente conservadora com relação<br />

às mulheres, e a reduzida participação<br />

d<strong>elas</strong> no cenário político municipal<br />

influenciaram esse resultado. “Houve<br />

também um desgaste da imagem da<br />

Câmara no último mandato”, completou,<br />

ao se referir aos escândalos recentes<br />

que envolveram vereadores. Essa<br />

imagem desgastada realmente afetou<br />

os resultados, haja vista a grande renovação<br />

da Câmara. Apenas 19 dos 41<br />

vereadores foram reeleitos em 2012.<br />

Encorajar as mulheres<br />

Marlise Matos considera essa redução<br />

um problema multideterminado, multifacetado.<br />

“É uma queda drástica e histórica.<br />

Se deve a inúmeros fatores,<br />

como a cultura, as instituições, os va-

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