12.09.2017 Views

Revista Elas por elas 2013

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

doutoranda em Antropologia Social<br />

pela Universidade de São Paulo (USP).<br />

Ela pesquisou, no mestrado, a trajetória<br />

de estudantes negras na Universidade<br />

Estadual de Campinas (Unicamp) e<br />

quase não encontrou dados históricos<br />

sobre a presença do negro no ensino<br />

superior. Entre suas conclusões, ela<br />

destaca o fato de que a mulher negra<br />

não está livre de alguns estereótipos<br />

sociais, dentro ou fora do ambiente<br />

universitário.<br />

“Há um caso de uma estudante de<br />

medicina, a Elaine. Um dia, ela foi a primeira<br />

a entrar na sala de aula e estava<br />

arrumando o material dela. Aí o professor<br />

entrou e disse: ‘olha, minha filha,<br />

você tem de terminar logo essa limpeza<br />

<strong>por</strong>que minha aula já está começando’.<br />

Então, mesmo dentro da academia, os<br />

estereótipos são fortes. Não tem pro-<br />

blema ser confundida com doméstica. O<br />

problema é como no Brasil as pessoas<br />

tratam aqu<strong>elas</strong> que <strong>elas</strong> acham que estão<br />

num patamar inferior ao seu”.<br />

Para o doutorado, previsto para ser<br />

defendido em agosto deste ano, Damaceno<br />

estudou a vida e obra da socióloga<br />

e psicanalista Virgínia Bicudo, a<br />

primeira mulher negra a se tornar professora<br />

universitária no país e a pesquisar<br />

as relações raciais, em 1945. “Há<br />

uma coisa ótima no trabalho dela. Ela<br />

refuta toda a corrente intelectual dos<br />

anos 40 e diz que havia preconceito racial<br />

no Brasil. Os grandes sociólogos<br />

diziam que não existia”, afirma Damaceno,<br />

que revela também que a psicanalista<br />

passou <strong>por</strong> um processo social<br />

de embranquecimento. “Fiquei paranoica,<br />

<strong>por</strong>que achei que estava inventando<br />

um monte de coisa, como o fato<br />

de que ela era negra. Porque você consegue<br />

encontrar documentos em que<br />

ela escrevia que era negra, que sofreu<br />

preconceito na escola, a família dizendo<br />

que ela era negra, mas em todas<br />

as associações p<strong>elas</strong> quais ela passou,<br />

na universidade, na sociedade brasileira<br />

de psicanálise, ninguém diz que<br />

essa mulher era negra”.<br />

O que se percebe é que, apesar das<br />

dificuldades, e mesmo que bem mais<br />

tarde do que o desejado, o país começa<br />

a redefinir o mapa do acesso ao<br />

ensino superior, realidade que tem deixado<br />

as mulheres negras otimistas,<br />

como Liza, a jovem do início da re<strong>por</strong>tagem.<br />

“Estou otimista. O cenário<br />

mudou muito e continua mudando e,<br />

daqui pra frente, teremos mais mulheres<br />

negras ocupando esses espaços”,<br />

comemora a futura pedagoga.<br />

Negros com diploma universitário<br />

2000<br />

25.713<br />

cursando mestrado<br />

2.011.051 50,7%<br />

=<br />

8.150<br />

1.298.988<br />

14,3% * 24,5% *<br />

2010<br />

Mulheres<br />

Homens<br />

cursando doutorado<br />

da população<br />

brasileira<br />

se autodeclara<br />

negra, o que<br />

equivale a<br />

96,7 milhões de<br />

pessoas<br />

62%<br />

dos brasileiros<br />

são a favor de<br />

cotas em<br />

universidades<br />

públicas<br />

Fonte: IBOPE<br />

Fonte: Censo IBGE.<br />

* O percentual é referente ao total de pessoas com ensino superior completo<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - março <strong>2013</strong> 75

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!