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Revista Elas por elas 2013

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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Belo Horizonte ainda vivia sob o<br />

poder dos generais quando Inês Peixoto<br />

começou a ensaiar os primeiros passos<br />

em direção ao teatro, à vida de atriz. Na<br />

época, no início dos anos 70, a jovem<br />

estudante não se contentava em ter de<br />

apresentar os trabalhos escolares na sala<br />

de aula. Era preciso encená-los. “Desde<br />

a infância, eu transformava os meus trabalhos<br />

de história em encenação. Tinha<br />

esse desejo desde infância. Eu encenava.<br />

Lembro que fiz uma encenação sobre a<br />

abolição da escravatura, ficou um trabalho<br />

superbacana”, recorda-se a consagrada<br />

atriz do Grupo Galpão, uma das mais<br />

aclamadas e im<strong>por</strong>tantes companhias<br />

de teatro do país.<br />

Nascida na capital mineira, em 1960,<br />

Inês Peixoto conta que foi criada numa<br />

família com ideais humanistas, cujos pais<br />

colocavam a liberdade acima de tudo, e<br />

que, no começo da carreira artística, no<br />

início da década de 80, vivenciou os<br />

“malditos” ensaios para a censura. “Todo<br />

espetáculo tinha que fazer um ensaio<br />

geral para a censura. Era uma situação<br />

muito estranha, onde as palavras escritas<br />

muitas vezes não podiam ser ditas, e<br />

cenas consideradas subversivas tinham<br />

de ser cortadas”, relata Inês Peixoto.<br />

Formada pelo Cefar, o curso de formação<br />

de atores da Fundação Clóvis<br />

Salgado, do Palácio das Artes, em Belo<br />

Horizonte, a primeira vez que Inês pisou<br />

em um palco como atriz profissional foi<br />

em 1982, com A lenda do vale da lua,<br />

um espetáculo infantil de João das Neves.<br />

Já a estreia em uma produção adulta foi<br />

com a peça Brasil, mame-o ou deixe-o,<br />

no mesmo ano.<br />

Em meados de 1987, após ter feito<br />

outros três espetáculos – Quando fui<br />

morto em Cuba, de Roberto Drumond,<br />

Foi bom, meu bem?, de Alberto Abreu,<br />

e O abajour lilás, de Plínio Marcos –,<br />

Inês integrou o elenco da comédia musical<br />

No cais do corpo. O trabalho resultou<br />

na criação, naquele mesmo ano, da<br />

banda Veludo Cotelê, a “maior de rock<br />

brega do mundo”, que fez sucesso em<br />

Belo Horizonte e percorreu o país.<br />

“Era um espetáculo muito dinâmico,<br />

que tinha uma interação muito grande<br />

com a plateia, eram três casais e uma<br />

banda. As coisas iam acontecendo, um<br />

casal discutindo a relação, os outros dois<br />

representando a história desse casal principal.<br />

Era com música ao vivo. Então a<br />

banda nasceu dessa coisa do teatro e da<br />

música juntos. Eram dez integrantes,<br />

cinco músicos, três cantoras e duas veludetes,<br />

que éramos eu e a Amaziles [Almeida].<br />

A gente fazia back vocal, quase<br />

que um clipe ao vivo desses hits da<br />

música brega”, conta a atriz.<br />

Em 1992, depois de fazer uma oficina<br />

promovida pelo Grupo Galpão, a atriz<br />

recebeu um inesperado convite do grupo<br />

para participar de Romeu e Julieta, tragédia<br />

shakespeariana dirigida <strong>por</strong> Gabriel<br />

Villela que estreou naquele mesmo ano<br />

e representou um marco na carreira da<br />

companhia. “Fiz para reciclagem, sem<br />

saber que havia o desejo do grupo de<br />

que alguém daquela oficina entrasse no<br />

espetáculo”, comenta Inês, que a partir<br />

de então passou a fazer parte do grupo<br />

mineiro, atuando em todas as montagens<br />

seguintes.<br />

Sobre os diretores com quem trabalhou,<br />

Inês conta que gostou de todos<br />

e diz que, com cada um deles, há um<br />

processo de troca que resulta num<br />

aprendizado. A atriz, que em <strong>2013</strong> co-<br />

memora 31 anos de carreira, acumula<br />

a experiência de inúmeros papéis<br />

também fora dos palcos.<br />

No cinema, ela já atuou em longas<br />

como Vinho de Rosas e 5 frações de<br />

uma quase história, e, na TV, participou,<br />

entre outros trabalhos, de dois seriados:<br />

A cura e Hoje é dia de Maria, este<br />

último uma fábula infantil com uma estética<br />

mais poética. “Eu adoro o Till<br />

(foto na página ao lado), a Maria, de Pequenos<br />

Milagres, e a Dona Boneca e a<br />

Rosa, de Hoje é dia de Maria. São personagens<br />

que me tocaram muito. Gosto<br />

de todos, cada um trouxe uma coisa pra<br />

mim, mas tem uns que te tocam em camadas<br />

mais profundas do seu ser, da<br />

sua criação”, diz Inês, sobre os personagens<br />

que mais a marcaram, e revela que<br />

ainda tem vontade de encarar outros<br />

personagens shakespearianos, além de<br />

algum papel feminino de Nelson Rodrigues.<br />

“Tenho muita vontade de fazer<br />

um Nelson Rodrigues profissionalmente.<br />

Eu acho as personagens femininas dele<br />

muito fortes, multifacetadas, ambíguas”.<br />

Atualmente, Inês participa das gravações<br />

de uma nova minissérie e dos<br />

ensaios de Os gigantes da montanha,<br />

de Luigi Pirandello, novo espetáculo do<br />

Grupo Galpão, previsto para estrear em<br />

junho deste ano. Na peça, ela fará Ilce<br />

Paulsen, a atriz de uma companhia mambembe<br />

que chega a um vilarejo com a<br />

intenção de encenar o texto de um poeta<br />

morto. “Será um grande desafio levar<br />

Pirandello para a rua”, afirma a atriz,<br />

que se diz realizada e quer manter o<br />

desejo de seguir a caminhada, sem abandonar<br />

o olhar poético sobre o mundo.<br />

“Acho que o desejo é esse, de continuar<br />

trabalhando, tendo sensibilidade, criatividade,<br />

conseguindo olhar para vida com<br />

poesia, mesmo que vá falar sobre coisas<br />

terríveis. Ter inspiração, intuição, saúde<br />

para trabalhar, criar meus filhos e estar<br />

junto com minha família, fazendo teatro,<br />

cinema, televisão”, afirma Inês Peixoto.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - março <strong>2013</strong> 83

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