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markeTing & negócios<br />
TV fortalece posição<br />
dominante como<br />
mídia <strong>de</strong> massa<br />
rwarnich/iStock<br />
Meio atinge no Brasil quase<br />
122 milhões <strong>de</strong> pessoas a cada dia<br />
Rafael Sampaio<br />
Os produtos da internet que <strong>de</strong>ram certo<br />
têm a ver com o entendimento <strong>de</strong> que<br />
no mercado o sol são os consumidores e<br />
as empresas, quaisquer empresas, são os<br />
planetas e os satélites. Mesmo as megaorganizações<br />
mundiais do setor não po<strong>de</strong>m<br />
mudar essa realida<strong>de</strong>.<br />
Dos sistemas <strong>de</strong> busca às mídias sociais<br />
<strong>de</strong> sucesso à publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> venda direta,<br />
o que funciona é o que gira ao redor dos<br />
consumidores e não o que se tenta impor a<br />
eles.<br />
Razão pela qual a briga que os dois gigantes<br />
do setor vêm travando com a televisão<br />
pela supremacia do entretenimento e<br />
dos esportes populares, bem como do jornalismo<br />
que interessa às gran<strong>de</strong>s massas<br />
da população, não tem alcançado nenhum<br />
sucesso consistente.<br />
Ao contrário, em todo o mundo, assim<br />
como no Brasil, a TV vem fortalecendo sua<br />
posição dominante como mídia <strong>de</strong> massa e<br />
assegurando sua principal fonte <strong>de</strong> renda,<br />
que é a publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marca, na qual esse<br />
meio é imbatível há mais <strong>de</strong> meio século e<br />
dá todos os sinais <strong>de</strong> que continuará assim<br />
por muito tempo.<br />
Isso ocorre porque a TV enten<strong>de</strong>u <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
seu início que é a Terra que gira ao redor do<br />
Sol e, por mais po<strong>de</strong>rosa que ela seja, não<br />
há como impor os seus interesses e as suas<br />
vonta<strong>de</strong>s sobre os consumidores. Dessa<br />
forma, quanto mais ela aten<strong>de</strong> ao que o<br />
conjunto da população <strong>de</strong>seja em termos<br />
<strong>de</strong> entretenimento, jornalismo e esportes,<br />
mais e mais se valoriza a “moeda <strong>de</strong> troca”<br />
que ela estabeleceu com as pessoas, que é a<br />
publicida<strong>de</strong>.<br />
Nos últimos anos, a internet tem insistido<br />
na prestidigitação <strong>de</strong> alar<strong>de</strong>ar que é<br />
mais universal e mais consumida que a TV,<br />
especialmente entre os mais jovens e mais<br />
abastados. Pesquisas robustas, feitas <strong>de</strong><br />
forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, porém, <strong>de</strong>monstram<br />
que o consumo da internet é generalizado<br />
e intenso, mas atomizado – granulado,<br />
em uma linguagem mais técnica – e nem<br />
<strong>de</strong> longe faz sombra ao po<strong>de</strong>r da TV como<br />
a gran<strong>de</strong> mídia integradora das massas na<br />
segunda meta<strong>de</strong> do século passado e nas<br />
quase duas décadas <strong>de</strong>ste século.<br />
Recentemente, o principal player da internet,<br />
o Google, vem trombeteando que<br />
no Brasil já existem 200 milhões <strong>de</strong> smartphones<br />
nas mãos das pessoas e isso faz do<br />
celular a nova gran<strong>de</strong> mídia <strong>de</strong> massa. Mas<br />
esse número é ilusório, pois quase 80%<br />
dos celulares no Brasil são pré-pagos e subutilizados,<br />
o acesso à banda larga <strong>de</strong> alta<br />
qualida<strong>de</strong> é limitado a menos <strong>de</strong> um quarto<br />
do mercado e a esmagadora maioria do<br />
consumo da internet é operacional, <strong>de</strong> alguns<br />
consumidores a grupos limitados <strong>de</strong><br />
consumidores – nada a ver com o processo<br />
<strong>de</strong> estruturação <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> massa<br />
(locais, regionais e nacional) através da comunicação<br />
televisiva.<br />
A TV aberta no Brasil, para se ter uma<br />
i<strong>de</strong>ia mais precisa <strong>de</strong> sua dimensão, atinge<br />
quase 122 milhões <strong>de</strong> pessoas (diferentes,<br />
não duplicadas) a cada dia e cobre praticamente<br />
100% da população a cada semana,<br />
com um média <strong>de</strong> consumo acima <strong>de</strong> 6 horas<br />
diárias. Em termos <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> consumo,<br />
o tempo médio do conjunto da população<br />
na frente da TV continua superior<br />
ao que elas empregam usando os celulares<br />
ou computadores.<br />
É por essa razão que as notícias, os esportes<br />
e o entretenimento que saem na TV<br />
<strong>de</strong> fato ocorrem, fazendo da TV, inclusive,<br />
o principal assunto individual tratado pelos<br />
sites e re<strong>de</strong>s sociais na internet.<br />
Também é muito simbólico o fato <strong>de</strong> que<br />
uma das categorias <strong>de</strong> negócios que mais<br />
investem em TV é justamente a das gran<strong>de</strong>s<br />
operações <strong>de</strong> internet e nela suportadas<br />
– com o evi<strong>de</strong>nte objetivo <strong>de</strong> fazer o<br />
que não conseguem fazer sozinhas: falar<br />
com as massas e construir o conhecimento<br />
e fama <strong>de</strong> suas marcas<br />
Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />
rafael.sampaio@uol.com.br<br />
6 <strong>30</strong> <strong>de</strong> <strong>outubro</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> - jornal propmark