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Revista Curinga Edição 12

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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“Bala. A sensação<br />

de conforto por<br />

que tudo a volta para estar<br />

em sintonia com tudo que esta a<br />

volta, sentimos que tudo de repente<br />

tem uma resposta. Acredito que<br />

perdemos a capacidade de mentir...<br />

o que torna tudo a volta mais<br />

simples e explicável.” - W. 36<br />

anos, ator.<br />

“Foi uma<br />

sensação de liberdade,<br />

todos meus sentidos<br />

ficaram muito apurados. Em<br />

suma, me senti completo: fui<br />

para um estado de espírito tão<br />

bom que deixei de ligar para as<br />

pessoas a minha volta” - M.<br />

, 23 anos, estudante.<br />

“Ingeri a<br />

chamada bala, que<br />

na verdade é o ecstasy, ano<br />

passado na formatura de uma<br />

amiga. Algo que me marcou muito<br />

foi a ideia que aquele era um<br />

momento perfeito, nunca antes<br />

senti algo semelhante com<br />

tanta intensidade.” - L.<br />

Editor de Vídeo, 24<br />

anos<br />

“Tomei o LSD,<br />

quando fui ao cinema<br />

uma vez com minha amiga.<br />

Foi a primeira e única vez que tomei<br />

doce sem ingerir mais nada. Tive<br />

uma onda muito boa, e minhas experiências<br />

negativas se deram pelo uso<br />

de outras drogas conjuntas, como<br />

o álcool, e a ressaca moral e física<br />

do dia seguinte.” - B., 21<br />

anos, estudante<br />

Do recreativo ao vício<br />

Segundo o psicológo português Pedro Godinho, é<br />

muito difícil definir uma razão exata para o ser humano<br />

buscar o uso: “Há níveis diferentes de consumo”. Ou seja,<br />

antes de definir o por quê de uma pessoa usar, deve-se ver<br />

o quanto a pessoa está usando: “os consumos podem ser<br />

cotidianos, experimentais, ocasionais, de uso nocivo e dependência.”<br />

Isso está relacionado a experiências anteriores<br />

de cada um: “Quanto a essas experiências aflorarem<br />

ou não durante os consumos, depende muito da pessoa e<br />

dos efeitos da substância, mas pode acontecer”.<br />

O site português “Tu Alinhas” (página virtual do Ministério<br />

da Saúde português para prevenção do uso entre<br />

jovens) acrescenta que nossos problemas com drogas não<br />

passam somente por essa ou aquela substância, mas sim<br />

a um comportamento social que o ser humano pode adotar<br />

com qualquer coisa: “A dependência/adição torna-se<br />

cada vez mais difícil de ultrapassar quando todo o nosso<br />

cotidiano, todos os nossos interesses, toda a nossa vida<br />

passa a girar em torno de uma substância, do jogo, de<br />

qualquer comportamento ou situação compulsiva (que<br />

não conseguimos controlar), alterando todo o nosso<br />

projeto de vida.”. Porém, ao falar de drogas ilícitas, que<br />

causem dependência física, devemos observar o meio no<br />

qual o indivíduo está inserido e como a droga é aceita<br />

nesse meio. “A experiência de determinados acontecimentos<br />

traumáticos, ou marcantes, pode atuar como um<br />

fator de risco para o consumo de substâncias. Nesse caso,<br />

ao não conseguir lidar de uma forma satisfatória com o<br />

problema, a pessoa pode recorrer a estratégias como os<br />

consumos de forma a minimizar o sofrimento.” Completa<br />

o psicólogo.<br />

Uma coisa é certa: se o ser humano sentir que deve<br />

passar por determinadas experiências com seu uso, ele<br />

deve estar ciente principalmente dos riscos que corre.<br />

Ainda não é possível medir os níveis seguros para cada<br />

um, mas também não se pode dizer que todo fim será<br />

brutal. E, para cada caso, vale a pena perguntar se é o que<br />

se esperava, ou se foi demais.<br />

“Ri a noite<br />

inteira incessantemente,<br />

os sons da musica eram<br />

captados por mim com sensação<br />

de cores e alucinações visuais com<br />

formas geométricas - tive uma sensação<br />

mais forte relacionada a objetos<br />

da cor azul, eram os que mais<br />

distorciam na minha visão.”<br />

- F. 33 anos, analista de<br />

suportes<br />

“ B a s i c a m e n t e<br />

fiquei no meu quarto paranóico,<br />

e toda a vez que ouvia<br />

um som, ou pelo menos achava que<br />

ouvi, descia até a sala para conferir se<br />

alguém havia entrado na casa. Resumindo:<br />

fiquei uma noite inteira no quarto,<br />

ora paranoico, ora extremamente agitado.<br />

Não tive um minuto de paz e<br />

perdi uma noite de sono para<br />

acordar acabado” M., Estudante,<br />

23 anos.<br />

CURINGA | EDIÇÃO <strong>12</strong><br />

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