Revista Apólice #215
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especialização<br />
❙❙Claudio Macedo, da CredRisk<br />
em apenas um nicho, como são também<br />
aquelas especializadas em crédito. São<br />
poucas, mas a aliança se torna eficiente<br />
porque possibilita que os players falem de<br />
igual para igual. “Outra vantagem de ser<br />
especializado é que, no caso do seguro<br />
de crédito, por exemplo, você atua com<br />
o departamento financeiro da empresa”,<br />
destaca Macedo.<br />
Essa proximidade com a realidade<br />
do cliente faz com que o corretor esteja<br />
muito além de checar coberturas, franquia<br />
e fechar o preço. Claro que essas<br />
são tarefas que também fazem parte,<br />
mas eles tentam ir além e despendem<br />
mais tempo para passar com os clientes,<br />
até mesmo antes de conseguir fechar o<br />
negócio. “Geralmente é uma negociação<br />
que pode durar meses ou mais de um<br />
ano até fecharmos negócios”, afirma o<br />
corretor. O seguro de crédito vai cobrir<br />
a inadimplência desses seus clientes.<br />
A análise passa por diversas etapas e a<br />
aprovação depende não só do pagamento<br />
do prêmio, mas também do quanto ela<br />
tem de crédito. Só então a seguradora<br />
dirá se aceita essa empresa em sua carteira.<br />
“Também não importa vir com<br />
uma carteira boa, com custo bom se, ao<br />
olhar os clientes, eles não estiverem saudáveis.<br />
Às vezes, até análises de balanço<br />
precisamos fazer”, conta Macedo. Ele<br />
dá esse exemplo para mostrar a importância<br />
de se saber muito bem o que está<br />
fazendo. Se os corretores não correrem<br />
para alcançar outras carteiras como essa,<br />
eles poderão ficar de fora, porque os<br />
profissionais oriundos de outros ramos,<br />
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por ter expertise, podem acabar ocupando<br />
alguns espaços no mercado. Na própria<br />
CredRisk, dos 15 profissionais da corretora<br />
especializada, apenas 3 ou 4 vieram<br />
do mercado segurador, os outros são<br />
oriundos do mercado financeiro.<br />
No entanto, a concentração na atuação<br />
tem suas desvantagens. Além de<br />
todo estudo para se especializar, é preciso<br />
monitorar o mercado. Corretores especializados,<br />
muitas vezes estão ligados ao<br />
que acontece na macroeconomia. Crises<br />
como a que o Brasil passa agora pode<br />
enfraquecer diversos setores e quando se<br />
é focado em apenas um ramo, é preciso<br />
esperar que tudo melhore. Isso acontece<br />
também com a carteira de transportes e<br />
benefícios, por exemplo. No trimestre<br />
encerrado em julho, o índice de desemprego<br />
no Brasil ficou em 11,6%, fazendo<br />
com que as empresas transportadoras<br />
demitissem funcionários e que as que<br />
contrataram plano de saúde desistissem<br />
de oferecer o benefício ou diminuíssem<br />
o que estava na cesta.<br />
Não é questão de tamanho<br />
Algo que passa pela cabeça de muitos<br />
corretores é que os que são menores devem<br />
ser generalistas, que se especializar<br />
custa tempo e um dinheiro que eles não<br />
têm. Além disso, há a crença de que as<br />
grandes companhias podem dar mais<br />
suporte e trabalhar melhor com clientes<br />
que precisam ser atendidos em áreas mais<br />
básicas que precisam de mais atenção.<br />
“Acreditamos que empresas de maior<br />
porte têm mais possibilidades, pelo fato<br />
de ter uma rede de especialistas e por<br />
ter em seu portfólio empresas que dão<br />
sustentação à experiência”, afirma o especialista<br />
da Aon.<br />
Cláudio Macedo discorda e usa sua<br />
experiência na corretora para pontuar:<br />
“em um corretora de grande porte, se<br />
você somar o número de pessoas que<br />
trabalham em uma área específica não<br />
chega às 15 pessoas que temos na corretora”,<br />
afirma. Ele acrescenta ainda que em<br />
termos de volume de prêmio a corretora<br />
é, de fato, menor, mas ao analisar só o<br />
seguro de crédito Macedo acredita que<br />
corretoras especializadas podem chegar<br />
a ter cinco vezes o volume de prêmio das<br />
maiores companhias. “Não é exatamente<br />
❙❙Marcelo Homburger, da Aon<br />
o tamanho da empresa do corretor, mas<br />
sim a estrutura dele. É questão de foco”,<br />
pontua.<br />
Uma coisa é certa: em corretoras grandes<br />
ou pequenas, os clientes têm buscado<br />
atendimento personalizado. Mesmo empresas<br />
que preferem trabalhar com corretoras<br />
apenas de grande porte, desejam que<br />
seus consultores estejam atentos às suas<br />
necessidades, que sejam capazes, inclusive,<br />
de antecipar seus desejos e decisões.<br />
As próprias seguradoras acabam<br />
preferindo trabalhar com corretores especializados<br />
em algumas situações, até<br />
mesmo para que elas possam agilizar seus<br />
negócios, não tendo que interferir muito<br />
no que é tratado. “Acreditamos que as<br />
seguradoras têm diferentes áreas de atuação<br />
e, portanto, têm condições de lidar<br />
com todas as situações que aparecem”,<br />
lembra Homburger. “A decisão de com<br />
que ela irá atuar depende basicamente<br />
da proposta de valor e do interesse da<br />
seguradora. Portanto, dependerá do plano<br />
de negócio que a seguradora deseja ter e<br />
sua forma de fazer negócios”, completa<br />
o executivo da Aon.<br />
Macedo concorda e afirma que “elas<br />
ficam mais tranquilas por não ter que se<br />
envolver direto com o cliente, porque sabem<br />
que podem contar com um corretor<br />
que vai fazer tudo de maneira correta e<br />
satisfatória para as duas pontas”.<br />
Não há ramos fáceis, mas certamente<br />
há aqueles que exigem mais tempo e dedicação.<br />
Investir nisso, mesmo atuando em<br />
outros ramos, sempre será um diferencial<br />
a ser levado em conta.