Revista Apólice #215
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sucessão<br />
❙❙Nelson Fontana<br />
cessores de corretoras bem estabelecidas<br />
não devem pensar assim. A boa formação<br />
pode ajudá-los a desenvolver um grande<br />
negócio da família”, aposta o corretor.<br />
André Schubert acredita que isso<br />
tem começado a mudar e o que traz esses<br />
novos ventos é justamente o momento<br />
de dificuldade. “Creio que a crise atual<br />
vem servindo de alavanca para os jovens<br />
passarem a olhar de forma diferente<br />
para as empresas que um dia herdarão”,<br />
pondera.<br />
É fato que o valor que é dado à<br />
carreira muitas vezes vem de pessoas<br />
que pensavam que não teriam a oportunidade<br />
de desenvolver uma profissão de<br />
maneira sólida. “Se você não percebe<br />
a importância de orientar um cliente a<br />
proteger o seu patrimônio, sua família<br />
e seus negócios e acha que isso é menos<br />
glorioso do que outra profissão, você<br />
realmente não nasceu para ser corretor”,<br />
enfatiza Fontana.<br />
A venda online, que antes era vista<br />
como uma ameaça, já vai se estabelecendo<br />
como uma aliada, conforme<br />
podemos conferir na página 40. Essas<br />
mudanças devem ser cada vez menos<br />
impactantes. “Há uma falsa impressão<br />
de que o mercado está saturado”, afirma<br />
Schubert, que lembra outras ameaças<br />
que pareciam rondar o corretor de<br />
seguros, mas que nunca foram capazes<br />
de derrubá-los. “A concorrência com<br />
bancos e revendas ainda é avassaladora,<br />
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mas o atendimento especializado e individualizado<br />
ainda é muito procurado<br />
pelos clientes”, afirma.<br />
Quem apostou na carreira<br />
Para além das histórias dos desejos<br />
dos pais está a experiência dos filhos<br />
que já abraçaram o desafio de tocar<br />
uma corretora de seguros. A família de<br />
Larissa Lopes teve seu primeiro contato<br />
com o mundo de seguros quando a mãe,<br />
Norma, começou a trabalhar com planos<br />
de saúde, em 1997.<br />
“Desde que eu me lembro, ela<br />
convidava a mim e a minha irmã para<br />
trabalhar com ela. Na época, eu tinha<br />
quase 16 anos e não queria entrar para<br />
a corretora de forma alguma. Eu a via<br />
trabalhando muito, por muito tempo e<br />
achava algo frustrante. Não queria isso”,<br />
conta Larissa.<br />
Mesmo com toda essa recusa, as<br />
filhas de Norma aceitaram participar, em<br />
2014, de um programa de uma semana,<br />
oferecido por uma grande seguradora,<br />
que visa apresentar aos jovens o mundo<br />
do seguro. “A seguradora também percebia<br />
que os negócios estavam morrendo<br />
por falta de sucessor”, pontua Larissa.<br />
Essa proximidade possibilitou que<br />
Larissa descobrisse que seguradoras e<br />
corretoras precisavam de uma área de<br />
marketing. “Eu estava tentando buscar<br />
fora uma oportunidade que já tinha.<br />
Havia uma empresa pronta e muito que<br />
agregar a ela”, relembra.<br />
Com a decisão, veio a necessidade<br />
de estudar. E, como a mãe, Larissa se<br />
voltou para a Escola Nacional de Seguros.<br />
“Acredito que o empecilho para os<br />
jovens é o desconhecimento que leva ao<br />
preconceito. A geração que poderia ser de<br />
jovens corretores, hoje, não assume essa<br />
responsabilidade por diferentes motivos,<br />
mas o principal é desconhecimento sobre<br />
os processos e a missão de uma corretora”,<br />
aponta a jovem.<br />
Hoje, Larissa administra a corretora<br />
da família. Ela detectou que o que faltava<br />
à corretora era uma melhor gestão<br />
de pessoas. “A administração precisa<br />
seguir um processo. Não adianta ter um<br />
financeiro estruturado se o RH não está”,<br />
opina. Ela diz que isso é bastante comum<br />
em empresas familiares, que acabam por<br />
❙❙Larissa Lopes<br />
afastar a rotina do que realmente é uma<br />
empresa. “E isso tudo eu tenho aprendido<br />
na faculdade. Eu aprendo na terça-feira e<br />
na quarta já estou aplicando na empresa”,<br />
comemora.<br />
A responsabilidade de Larissa assumir<br />
uma empresa com apenas 18 anos foi<br />
enorme. “A maior diferença em todo esse<br />
processo foi a confiança que meus pais<br />
depositaram em mim. Infelizmente, isso<br />
muitas vezes falta no mercado”, afirma.<br />
Para ela, o mercado sabe se adaptar<br />
à geração Y porque dá aos jovens que<br />
anseiam por crescimento a oportunidade<br />
de estar bem colocados dentro de<br />
uma empresa e adicionar tecnologias e<br />
novas formas de atuação que possam<br />
fazê-la crescer. Há também o fator social,<br />
enfatizado pela administradora.<br />
“Eu não consigo mais olhar para outro<br />
mercado, porque o setor de seguros tem<br />
uma enorme importância social”. Claro<br />
que seguradoras e corretoras visam lucro<br />
e querem ter negócios prósperos e<br />
longevos, mas é importante lembrar que<br />
existem vidas seguradas, que dependem<br />
de um plano de saúde, da indenização<br />
do seguro de automóvel. “Não é apenas<br />
uma venda, uma relação de interesse, há<br />
uma finalidade social. Isso é o que me faz<br />
continuar e gostar cada vez mais desse<br />
mercado. Existem pessoas e famílias por<br />
trás do que eu faço. Você aliar isso ao fato<br />
de poder mudar a história da empresa da<br />
sua família é algo lindo”, finaliza.