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Edição Março/Abril - 2018

Edição de Março/Abril 2018 da Revista Ferroviária

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entrevista<br />

Revista Ferroviária – O Porto de Paranaguá vem atingindo<br />

recordes frequentes de movimentação de carga. Pode nos<br />

detalhar um pouco a evolução do porto nos últimos anos e as<br />

principais cargas movimentadas?<br />

Lourenço Fregonese – Em primeiro lugar, é importante<br />

destacar que o Porto de Paranaguá tem um perfil técnico<br />

muito ligado ao agronegócio, pois aproximadamente 70%<br />

da carga que chega ao Porto é agrícola e isso se coloca como<br />

item principal da pauta. Nos últimos sete anos, fizemos uma<br />

série de intervenções de forma planejada e ordenada para<br />

repotencializar a área do porto por meio de investimentos<br />

diretos. Focamos no cliente, olhamos o importador e o<br />

exportador e daí começamos a tomar providências. Hoje<br />

temos o melhor e mais estruturado pátio para caminhões<br />

da América Latina. Instalamos uma praça de pedágio totalmente<br />

automatizado, wi-fi disponível para o motorista, assim<br />

como um posto do Detran só para atendê-lo. Sabemos<br />

que o bom atendimento ao segmento de transporte facilita<br />

muito o trabalho. A partir daí iniciamos um processo para<br />

melhorar a carga e descarga dos caminhões. Em 2011, tínhamos<br />

filas e filas de veículos que por vezes chegavam a<br />

40 quilômetros, agora não se vê mais isso.<br />

RF – Quais foram os resultados dessas mudanças?<br />

LF – Nas áreas portuárias aceleramos a capacidade de descarga,<br />

promovendo uma mudança radical e sensível, inclusive<br />

na estrutura de frete rodoferroviária, que costumava<br />

embutir um preço maior por conta dos atrasos na descarga.<br />

Entretanto, não bastava descarregar mais rápido no armazém,<br />

era preciso carregar mais rápido os navios. Nossa<br />

equipe, então, mudou todas as regras de atracação do porto.<br />

Tínhamos regras e conceitos ultrapassados de mais de 30<br />

anos. Modernizamos as regras, facilitamos a compreensão,<br />

tornando-as mais inteligíveis, ao ponto de qualquer pessoa<br />

conseguir entender como funciona o porto. Geramos um<br />

índice de transparência e conseguimos ganhar parte da produtividade<br />

melhorando a forma de fazer as coisas. Criou-se,<br />

então, um processo de ganha a ganha, em que cada terminal,<br />

para não oferecer um serviço pior que o concorrente,<br />

passou a fazer ajustes. Todo mundo entrou num processo de<br />

sintonia que possibilitou uma série de recordes, pois conseguimos<br />

ter uma sinergia entre ações de planejamento do<br />

porto e desempenho dos terminais privados.<br />

RF – Qual foi a participação da ferrovia nesse processo de melhorias<br />

pelo qual o Porto de Paranaguá passou nos últimos anos?<br />

LF – Sem dúvida, com a chegada da Rumo, já houve mudanças.<br />

A concessionária investiu em melhorias dos ramais<br />

de chegada ao porto. Isso nos permitiu elevar sensivelmente<br />

a capacidade ferroviária, dar mais segurança, eliminar todos<br />

os acidentes – algo que era comum em Paranaguá, hoje não<br />

ouvimos falar disso. A segurança melhorou muito no aspecto<br />

ferroviário. O Porto de Paranaguá movimentou em 2017 quase<br />

50 milhões de toneladas, entre importação e exportação.<br />

Deste total, 80% das cargas foram transportadas pelo modal<br />

rodoviário. O trem responde por 20% do volume – cerca de 9<br />

milhões de toneladas. Mesmo que não tenha tido um crescimento<br />

significativo do volume de carga ferroviária no porto<br />

nos últimos anos e isso se deve também a uma limitação de<br />

capacidade de transporte da concessionária, eu sempre digo<br />

que a performance da descarga ferroviária melhorou muito, o<br />

que já é importante para atender com sincronismo a ferrovia.<br />

RF – Quais foram os investimentos que permitiram uma melhora<br />

na operação ferroviária dentro do Porto de Paranaguá?<br />

LF – Os investimentos de responsabilidade da Appa foram<br />

aplicados na parte interna, como no caso da moega ferroviária<br />

do porto. Uma coisa que fizemos que tornou-se sensível<br />

para a operação foi a disponibilização de uma área<br />

estratégica para a instalação de um ramal ferroviário no<br />

Terminal de Contêineres de Paranaguá, que hoje me arrisco<br />

a dizer que é o melhor ramal ferroviário de terminal de contêineres<br />

do país. Quem não era cliente de ferrovia passou<br />

a ter uma performance grande, pois hoje cerca de 15% de<br />

tudo que fazemos em contêineres já vêm por ferrovia. Isso<br />

é considerado bastante, porque antes era praticamente zero.<br />

RF – Os caminhões dominam o porto. Você acha que houve<br />

uma preferência da Appa por direcionar investimentos que<br />

beneficiassem o modal rodoviário?<br />

Disponibilizamos uma área estratégica para instalação de um<br />

ramal ferroviário no Terminal de Contêineres de Paranaguá.<br />

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REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>

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