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Edição Março/Abril - 2018

Edição de Março/Abril 2018 da Revista Ferroviária

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Não conseguimos tratar um país, que quer ser<br />

o celeiro do mundo, em cima de pneu.<br />

LF – Para o porto, onde a matriz de transporte se configura<br />

como 20% ferrovia e o resto (80%) caminhão, não havia a<br />

possibilidade de ficarmos esperando o aumento da capacidade<br />

de transporte ferroviário. Sabemos que investimentos<br />

em ferrovia são mais complexos até por conta de uma<br />

série de etapas exigidas, como licenciamento ambiental e<br />

captação de recursos. Pensamos: não podemos tratar mal<br />

o cliente se a ferrovia ainda não consegue atender a todos<br />

e, então, partimos para atender bem o caminhão. Isso<br />

foi uma opção porque não tínhamos outra alternativa. Ou<br />

fazíamos isso ou teríamos um porto congestionado. Dessa<br />

decisão para cá, instalamos pelo menos 10 tombadores<br />

novos de caminhões no porto, quando, na verdade, nosso<br />

desejo seria instalar tombadores de vagões ou moegas de<br />

vagão. Por uma questão de não conseguirmos avançar, partimos<br />

para atender o mercado da melhor forma possível.<br />

RF – O volume de cargas por ferrovia que chega ao Porto não<br />

chega nem perto do que é transportado via caminhão. Quais<br />

são as dificuldades que levam a esse baixo volume?<br />

LF – Temos no ramal que segue para o lado Noroeste<br />

e Norte do Paraná as regiões de Maringá e Londrina,<br />

onde basicamente faltam investimentos para o aumento<br />

da capacidade de transporte, já que aproximadamente 8<br />

milhões de toneladas vêm daquela região e, no caso da<br />

Serra do Mar, precisa de investimentos também vultuosos<br />

da Rumo para poder elevar o volume de mercadorias.<br />

Estamos falando de utilizar a Ferroeste, que é um<br />

ramal de 250 quilômetros, e conectá-la com o porto por<br />

uma nova ferrovia, por um novo acesso, que ultrapasse<br />

a Serra do Mar. A malha atual da Rumo, que dá acesso<br />

ao Porto, eu diria que é uma das grandes dificuldades<br />

hoje. Trata-se de uma ferrovia cuja engenharia é de 1880,<br />

época em que era aceitável um tráfego de 6, 7 km/hora,<br />

havia problemas de rampa e de curva. O mundo moderno<br />

não aceita mais isso. Eu digo que temos que elogiar o<br />

trabalho que se tem feito com as condições que se tem.<br />

No caso do setor Oeste do Paraná, próximo aos munícipios<br />

de Toledo e Cascavel, que é uma das zonas de<br />

maior produtividade do país, não temos ferrovia hoje.<br />

Temos um Procedimento de Manifestação de Interesse<br />

(PMI) para a implantação de trilhos naquela região, cuja<br />

demanda é de cerca de 15 milhões de toneladas que poderia<br />

ser colocar na ferrovia.<br />

RF – A proposta de construção de um novo ramal ferroviário, a<br />

Nova Ferroeste, para facilitar o escoamento da produção agrícola<br />

do Centro-Oeste brasileiro pelo Porto de Paranaguá, avança.<br />

Como esse projeto pode impactar o fluxo de carga no porto?<br />

LF – Veja só, já recebemos, aproximadamente, de 12 a<br />

13 milhões de toneladas de caminhão que vêm da região<br />

Oeste do Paraná. Então, de fato, a oportunidade que nós<br />

temos de desenvolver um outro ramal ferroviário no setor<br />

Oeste que pode se conectar com a concessão da Ferroeste<br />

que vai até Dourados, no Mato Grosso do Sul; aquilo<br />

que 40 anos atrás alguém pensou e podia parecer muito<br />

longe, hoje estamos falando só de problema ambiental e<br />

de capital. Quer dizer, eu não vejo como um problema e,<br />

sim, como um desafio, além de uma grande oportunidade.<br />

As duas dificuldades são tratar o problema ambiental e<br />

buscar os recursos para o financiamento, porque demanda<br />

tem. Porque qualquer ferrovia que você tenha capacidade<br />

de injeção de carga que seja de 10 a 15 milhões, você vai<br />

fazer contas e essas contas são boas, vão fechar. Principalmente,<br />

à luz do que, isso não traz só um problema de<br />

solução da carga de commoditie que seria regularidade<br />

do atendimento, mas traria um grande ganho para as vias;<br />

para as rodovias, porque hoje é praticamente um caminhão<br />

atrás do outro, é uma loucura.<br />

RF – O senhor acredita que poderá haver aumento da participação<br />

da ferrovia no Porto de Paranaguá com a implementação<br />

desse novo acesso, independente da Malha Sul da Rumo?<br />

LF – Olha, eu diria que com a construção da ferrovia no ramal<br />

Oeste e com a aplicação de melhorias no ramal Norte, podemos<br />

falar em elevar de 20% para 60, 70% essa participação.<br />

RF – Seria uma elevação significativa, então...<br />

LF – Inverteria a matriz de transporte no acesso ao porto.<br />

Porque, o que acontece? A maior parte dos destinos da<br />

nossa produção, commodities, por exemplo, estão a 600<br />

km daqui, que é o nosso cliente, entende? Então, a partir<br />

de 600 km, você colocar uma matriz de competitividade,<br />

caminhão, vagão, enfim, outros modais como pipeline,<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong> 17

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