PME Magazine - Edição 9 - Julho 2018

OPINIÃO
É NECESSÁRIO VALORIZAR O TURISMO NACIONAL
Mário Pereira Gonçalves, presidente da AHRESP - Associação da
Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal
AHRESP
Nunca antes se falou tanto de turismo como agora. Uns dizem que Portugal
está na moda, mas eu prefiro dizer que Portugal está a colher os
frutos dos investimentos que os empresários têm vindo a realizar, assim
como da estratégia de promoção externa que o Turismo de Portugal tem
vindo a desenvolver em mercados estratégicos.
Portugal tem recebido inúmeras distinções por esse mundo fora, mas é
importante não ficarmos deslumbrados e temos o dever de olhar de forma
transversal para o contributo do turismo para a economia nacional.
Um desses contributos é o aumento generalizado do emprego.
Em 2017, os setores da Restauração e Bebidas e do Alojamento Turístico
registaram 323,2 mil postos de trabalho, o que significou um aumento de
15,8% (mais 44 mil postos de trabalho), o que correspondeu a 120 novos
postos de trabalho por dia.
Em 2018, o ritmo continua a ser bastante positivo. Em março, a taxa de
desemprego situou-se nos 7,4%. Recorde-se que, no mesmo período de
2017, a taxa de desemprego rondava os 9,7% e é preciso recuarmos 14
anos para encontrarmos uma taxa de desemprego nos valores em que se
encontra hoje.
A alta empregabilidade na Restauração e Alojamento demonstra bem o
compromisso assumido pelos empresários na criação de emprego após
a reposição parcial da taxa do IVA dos Serviços de Alimentação e Bebidas.
Este foi um longo processo de luta da Associação da Hotelaria,
Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) mas que foi decisivo para
o setor.
Não obstante a performance que a atividade turística está a registar, é
necessário termos consciência de que estamos perante um estrangulamento
do mercado de trabalho nacional e uma escassez de mão-de-obra
qualificada, o que coloca graves problemas na qualidade da nossa
oferta turística, e no desenvolvimento das nossas empresas, dos seus
negócios e dos seus atuais e futuros investimentos.
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" PORTUGAL TEM RECEBIDO INÚMERAS
DISTINÇÕES POR ESSE MUNDO FORA"
Mário Pereira Gonçalves, presidente da AHRESP
A AHRESP realizou recentemente um inquérito junto das empresas dos
setores da Restauração e Bebidas e do Alojamento Turístico para apurar
as necessidades de contratação de recursos humanos qualificados, perceber
as carências de competências e de formação dos colaboradores
atuais das empresas e conhecer as suas intenções futuras e expectáveis
de contratação e concluiu que 52% das empresas têm necessidade de
contratação de um novo colaborador e que 70% das empresas têm dificuldades
de contratação.
Nas últimas Jornadas da AHRESP, realizadas em janeiro deste ano, foi
aprovado um conjunto de conclusões e de medidas que têm como objetivo
a valorização e dignificação das profissões destes setores, e das
competências e qualificações dos recursos humanos, o aumento da produtividade
e o incremento das relações
entre entidades empregadoras e trabalhadores.
Entre as várias medidas, destacam-se
a elaboração do “Livro Verde do Mercado
do Trabalho HORECA”, para identificação
das atuais carências do mercado,
quer em termos de quantidade
de recursos humanos, quer em termos
da sua qualificação; congregação da
oferta e procura de emprego e formação
realizada através dos Centros de
Emprego do IEFP, com o objetivo de
criar uma rede específica para o turismo
que analisa e comunica todas as
ofertas/procuras de emprego/formação
com os destinatários; desenvolvimento
e implementação de um programa
de formação de início de carreira, de
curta duração, para as profissões mais
carentes de mão-de-obra qualificada;
sensibilização junto dos empresários
destes setores, para a importância e
mais-valia que representa poderem
contar com profissionais qualificados.
Estes são apenas alguns exemplos de
iniciativas que estamos certos de que
irão contribuir para a valorização desta
atividade.
Para construir uma oferta turística de
qualidade e manter este elevado nível
de empregabilidade, essenciais ao
crescimento económico do nosso país,
é urgente apostar nas competências e
na formação e qualificação dos nossos
trabalhadores.