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AUTOFAGIA INDUSTRIAL<br />
Caso os industriais brasileiros desejassem,<br />
não haveria desindustrialização, pois são<br />
eles quem adquirem os equipamentos e<br />
produtos na China. Há, por toda parte, uma<br />
federação das indústrias ou associação comercial,<br />
além de incontáveis associações<br />
setoriais do empresariado. Eles simplesmente<br />
poderiam se sentar e discutir preços e margens.<br />
Não é assim que fazem, quando participam<br />
de licitações públicas? Outra coisa:<br />
não há um parque industrial genuinamente<br />
nacional. Os principais grupos são estrangeiros.<br />
Como a Fiat, Ford e GM, que estão no<br />
Brasil apenas em busca de dinheiro e lucros.<br />
José Augusto Ferreira Lima<br />
BH<br />
TODOS QUEREM MAMAR NESSAS TETAS<br />
Um amigo que vai a Brasília toda semana,<br />
diz que os passageiros do avião, como ele,<br />
desejariam levar uma gazua na bagagem<br />
para facilitar a tarefa de assaltar os cofres<br />
federais. Mas, infelizmente, seriam barrados<br />
nos detectores de metais dos aeroportos.<br />
Luís Augusto Brás<br />
JUIZ DE FORA-MG<br />
AS PESSOAS NÃO ARGUMENTAM:<br />
SENTEM NOJO<br />
A imensa popularidade da palavra nojo<br />
no debate público brasileiro só tem duas<br />
explicações possíveis: ou o Brasil está cada<br />
vez mais nojento ou os intervenientes no<br />
debate têm um vocabulário cada vez menos<br />
vasto. Inclino-me para a segunda hipótese.<br />
O Brasil tem muitos defeitos, mas (mesmo<br />
sem estar na posse de dados do<br />
IBGE) parece-me que se tem mantido relativamente<br />
estável em termos de nojo –<br />
o que contrasta com a cada vez maior<br />
frequência com que se assinala a ocorrência<br />
de múltiplos nojos: a divulgação<br />
de certos vídeos é um nojo; determinado<br />
artigo de jornal é um nojo; esta opinião é<br />
um nojo; aquela gente mete nojo; essa<br />
pergunta é um completo nojo.<br />
A discussão decorre, pelos vistos, numa<br />
pocilga argumentativa e o objetivo é ser o<br />
primeiro a apontar o nojo da posição do<br />
adversário. A grande vantagem deste modelo<br />
é a rapidez. Não é preciso aperfeiçoar argumentos<br />
e debater: não se discute com o<br />
nojo. Há a nossa opinião e o resto é nojo.<br />
Quem decreta nojo encontra-se numa<br />
imbatível posição de superioridade moral:<br />
é, ao mesmo tempo, mais sensível e mais<br />
limpo do que o seu opositor, que é demasiado<br />
bruto e porco para perceber que<br />
está sendo nojento. Após sentenciado o<br />
nojo, não há discussão: aguarda-se que o<br />
nojento seja retirado da presença das<br />
pessoas asseadas.<br />
Esta náusea perpétua tem o mérito de<br />
introduzir alguma energia num ambiente<br />
que costuma ser titubeante. Num país<br />
em que os fatos são sempre alegados, é<br />
bom que o nojo seja comprovado. Podemos<br />
não ter a certeza de nada, mas sabemos<br />
que é nojento.<br />
Adalberto Nunes<br />
BH-MG<br />
50<br />
JULHO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR