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Matéria Prima 102 - Julho 2018 - web

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AUTOFAGIA INDUSTRIAL<br />

Caso os industriais brasileiros desejassem,<br />

não haveria desindustrialização, pois são<br />

eles quem adquirem os equipamentos e<br />

produtos na China. Há, por toda parte, uma<br />

federação das indústrias ou associação comercial,<br />

além de incontáveis associações<br />

setoriais do empresariado. Eles simplesmente<br />

poderiam se sentar e discutir preços e margens.<br />

Não é assim que fazem, quando participam<br />

de licitações públicas? Outra coisa:<br />

não há um parque industrial genuinamente<br />

nacional. Os principais grupos são estrangeiros.<br />

Como a Fiat, Ford e GM, que estão no<br />

Brasil apenas em busca de dinheiro e lucros.<br />

José Augusto Ferreira Lima<br />

BH<br />

TODOS QUEREM MAMAR NESSAS TETAS<br />

Um amigo que vai a Brasília toda semana,<br />

diz que os passageiros do avião, como ele,<br />

desejariam levar uma gazua na bagagem<br />

para facilitar a tarefa de assaltar os cofres<br />

federais. Mas, infelizmente, seriam barrados<br />

nos detectores de metais dos aeroportos.<br />

Luís Augusto Brás<br />

JUIZ DE FORA-MG<br />

AS PESSOAS NÃO ARGUMENTAM:<br />

SENTEM NOJO<br />

A imensa popularidade da palavra nojo<br />

no debate público brasileiro só tem duas<br />

explicações possíveis: ou o Brasil está cada<br />

vez mais nojento ou os intervenientes no<br />

debate têm um vocabulário cada vez menos<br />

vasto. Inclino-me para a segunda hipótese.<br />

O Brasil tem muitos defeitos, mas (mesmo<br />

sem estar na posse de dados do<br />

IBGE) parece-me que se tem mantido relativamente<br />

estável em termos de nojo –<br />

o que contrasta com a cada vez maior<br />

frequência com que se assinala a ocorrência<br />

de múltiplos nojos: a divulgação<br />

de certos vídeos é um nojo; determinado<br />

artigo de jornal é um nojo; esta opinião é<br />

um nojo; aquela gente mete nojo; essa<br />

pergunta é um completo nojo.<br />

A discussão decorre, pelos vistos, numa<br />

pocilga argumentativa e o objetivo é ser o<br />

primeiro a apontar o nojo da posição do<br />

adversário. A grande vantagem deste modelo<br />

é a rapidez. Não é preciso aperfeiçoar argumentos<br />

e debater: não se discute com o<br />

nojo. Há a nossa opinião e o resto é nojo.<br />

Quem decreta nojo encontra-se numa<br />

imbatível posição de superioridade moral:<br />

é, ao mesmo tempo, mais sensível e mais<br />

limpo do que o seu opositor, que é demasiado<br />

bruto e porco para perceber que<br />

está sendo nojento. Após sentenciado o<br />

nojo, não há discussão: aguarda-se que o<br />

nojento seja retirado da presença das<br />

pessoas asseadas.<br />

Esta náusea perpétua tem o mérito de<br />

introduzir alguma energia num ambiente<br />

que costuma ser titubeante. Num país<br />

em que os fatos são sempre alegados, é<br />

bom que o nojo seja comprovado. Podemos<br />

não ter a certeza de nada, mas sabemos<br />

que é nojento.<br />

Adalberto Nunes<br />

BH-MG<br />

50<br />

JULHO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR

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