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abastecimento do complexo industrial,<br />
uma vez que montadoras de automóveis<br />
trazem consigo um rosário de indústrias<br />
fornecedoras que se instalam nas imediações<br />
da nave mãe para entregar suprimentos<br />
“just in time”. Foi tudo por águas<br />
abaixo na pachorrenta correnteza do<br />
Guaíba e, como consequência, a fábrica<br />
foi parar na costa da Bahia, onde a Ford<br />
produz hoje os carros da linha Fiesta, vendidos<br />
no mercado interno e<br />
na exportação. Dilma é uma<br />
nova Ford. Dilma fazia parte<br />
desse governo como secretária<br />
de Minas e Energia.<br />
A QUEDA: DUAS VERSÕES. Segundo<br />
seus adversários,<br />
Dilma foi derrubada por inapetência<br />
e incompetência<br />
política. Já seus aliados e ela<br />
própria atribuem a queda a<br />
um golpe parlamentar, uma<br />
novidade na teoria política.<br />
Mas vá lá. Em vez de tanques,<br />
as canetas da oposição.<br />
Bem se diz que uma<br />
ideia é, politicamente, mais<br />
perigosa que um canhão.<br />
Dilma caiu no grito.<br />
Mas o bordão do golpe<br />
pegou. Tanto é verdade, que ressuscita<br />
Dilma Rousseff. Repetido todos os dias,<br />
aqui e no Exterior, o bordão de “Temer<br />
Golpista” foi colando, pegando e se espalhando<br />
o suficiente para converter Dilma<br />
Rousseff em vítima. Aí está o pulo do gato.<br />
O exemplo histórico marcante também<br />
vem do Rio Grande do Sul. Getúlio Vargas,<br />
deposto um mês antes das eleições em<br />
1945, reverteu uma vitória certíssima da<br />
oposição e venceu em todas as frentes. Ganhou<br />
a presidência da República com seu<br />
apaniguado, general Eurico Gaspar Dutra.<br />
Tal como Dilma, Getúlio candidatou-se<br />
ao parlamento e venceu de ponta a ponta.<br />
Naquele tempo uma pessoa podia apresentar-se<br />
candidata a vários cargos e em<br />
mais de um estado. Assim, Vargas foi eleito<br />
senador pelo Rio Grande do Sul e São<br />
Paulo, e deputado federal pelo Rio Grande<br />
do Sul, São Paulo, Distrito Federal (atual cidade<br />
do Rio de Janeiro), estado do Rio de<br />
Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Bahia.<br />
DE VOLTA AO FUTURO. Alguém duvida que<br />
Minas Gerais oferecerá uma votação consagradora<br />
à filha pródiga expelida do poder<br />
pelas forças café com leite da dupla<br />
PSDB e Minas e São Paulo e (então)<br />
PMDB paulista? Ela caiu porque já era<br />
gaúcha. Então volta às alterosas e readquire<br />
sua cidadania politicamente consequente.<br />
É verdade que a chegada de Dilma em<br />
Minas não foi uma aterrisagem com mão<br />
de veludo, como dizem os pilotos. Foi um<br />
pouso três pontos, com um baque daqueles<br />
que deixam os passageiros com os pelos<br />
crispados, elogiando a mãe do comandante.<br />
Além do pré-candidato Virgílio, que<br />
perdeu a vez, deixou em palpos de aranha<br />
o candidato do MDB, deputado estadual<br />
Adaldever Lopes, que além de delfim do<br />
chefão emedebista local Newton Cardoso,<br />
o exuberante e folclórico ex-governador,<br />
deixou o atual detentor do Palácio da Liberdade,<br />
Fernando Pimentel, ameaçado<br />
de ser derrotado em sua reeleição pelo<br />
ex-governador Antônio Anastasia. Com<br />
Aécio no páreo, sobra apenas uma vaga.<br />
Adalclever contava com ela, mas a entrada<br />
de Dilma deixou-o no banco, fora do jogo.<br />
Então veremos nos palanques de Minas<br />
Gerais os protagonistas da grande opereta<br />
que constituiu o impeachment da presidente<br />
Dilma Rousseff. Na primeira linha do<br />
palco os dois galãs, Aécio Neves, o príncipe<br />
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