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edição de 23 de julho de 2018

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MERCADO<br />

Familia Civita <strong>de</strong>ixa comando da<br />

Abril e Alvarez & Marsal assume<br />

O executivo Marcos Haaland vai ser o presi<strong>de</strong>nte-executivo do grupo<br />

com o objetivo <strong>de</strong> reestruturar operação e sanar dívida <strong>de</strong> R$ 450 mi<br />

Paulo Macedo<br />

Após quatro meses na presidência<br />

do Grupo Abril, o<br />

empresário Giancarlo Civita <strong>de</strong>ixou<br />

o comando da empresa que<br />

edita títulos como Veja, Exame,<br />

Claudia, Superinteressante, Elle<br />

e, por exemplo, Arquitetura &<br />

Construção, além dos braços <strong>de</strong><br />

livros, logística e gráfico. A gestão,<br />

a partir <strong>de</strong> agora, fica sob a<br />

responsabilida<strong>de</strong> da consultoria<br />

Alvarez & Marsal, que nomeou<br />

o sócio Marcos Haaland como<br />

novo presi<strong>de</strong>nte do negócio. O<br />

controle acionário permanece<br />

com a família Civita. Giancarlo e<br />

seu irmão Victor Civita Neto vão<br />

fazer parte apenas do conselho<br />

editorial da organização.<br />

Em comunicado, a consultoria<br />

afirma que assumiu a gestão do<br />

Grupo Abril “para dar continuida<strong>de</strong><br />

ao processo <strong>de</strong> reestruturação<br />

operacional da companhia<br />

e, principalmente, aos negócios<br />

do grupo”. A mudança marca o<br />

início <strong>de</strong> uma nova etapa da reestruturação<br />

operacional do Grupo<br />

Abril. Haaland já atuou com<br />

projetos em empresas <strong>de</strong> setores<br />

como agronegócio, petróleo e alimentos.<br />

“Essa mudança vai permitir<br />

que a Abril tenha a gestão<br />

profissionalizada <strong>de</strong> que precisa<br />

neste momento. Desejo ao Marcos<br />

sucesso nessa nova gestão”,<br />

afirma Giancarlo Civita.<br />

Nos últimos cinco anos Gianca,<br />

como Giancarlo é conhecido<br />

no mercado, vem fazendo esforços<br />

para revigorar a operação,<br />

mas sistematicamente as tentativas<br />

não ren<strong>de</strong>ram frutos. Em<br />

2017 convidou o executivo Walter<br />

Longo, que acabara <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />

o comando da Grey Brasil e sua<br />

função <strong>de</strong> mentor <strong>de</strong> estratégia<br />

do Grupo Newcomm <strong>de</strong> Comunicação,<br />

para li<strong>de</strong>rar a gestão do<br />

grupo. Foi um ano marcado por<br />

inovações como a criação <strong>de</strong> um<br />

content studio, marketplace, novos<br />

formatos <strong>de</strong> assinaturas atreladas<br />

a produtos e logística. Longo,<br />

porém, ce<strong>de</strong>u seu lugar para o<br />

advogado Arnaldo Tibyriçá, que<br />

Giancarlo Civita <strong>de</strong>ixa comando do Grupo Abril e fica apenas no conselho editorial ao lado do irmão Victor: tentativa <strong>de</strong> reestruturação<br />

“Essa mudança<br />

vai permitir que<br />

a Abril tenha a<br />

gestão <strong>de</strong> que<br />

precisa neste<br />

momento”<br />

em abril <strong>de</strong>ste ano abriu mão <strong>de</strong><br />

ocupar a função e ce<strong>de</strong>u a presidência<br />

para Gianca.<br />

Em entrevista ao jornal Valor<br />

Econômico em 2013, Gianca já<br />

prenunciava o impacto no grupo<br />

do crescimento dos canais digitais.<br />

Não se sabe exatamente o<br />

que Marcos Haaland vai propor<br />

na sua gestão, mas o ataque principal<br />

está relacionado ao equilíbrio<br />

da dívida que, segundo<br />

fontes do mercado, está casa dos<br />

R$ 450 milhões. À reportagem<br />

do Valor, Gianca também <strong>de</strong>u a<br />

enten<strong>de</strong>r o que po<strong>de</strong> estar ocorrendo<br />

<strong>de</strong> fato com a área editorial<br />

do Grupo Abril nesse momento:<br />

a concentração <strong>de</strong> sua operação<br />

em poucos títulos e nos <strong>de</strong> maior<br />

rentabilida<strong>de</strong>. Esses títulos po<strong>de</strong>riam<br />

ser as famílias formadas por<br />

Veja, Exame e Claudia.<br />

Os problemas da Abril são notórios.<br />

Após inadimplência no<br />

edifício Birmann 21, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />

do fundo <strong>de</strong> pensão Previ,<br />

do Banco do Brasil, <strong>de</strong>vido ao<br />

valor do contrato mensal, a se<strong>de</strong><br />

do grupo passou a ser em um<br />

complexo no bairro do Morumbi,<br />

em São Paulo. Durante 18 anos<br />

a Abril ocupou integralmente o<br />

prédio localizado na Marginal Pinheiro.<br />

O Grupo Abril foi fundado em<br />

1950 por Victor Civita publicando<br />

os quadrinhos da Disney, primeiro<br />

com o Pato Donald. No último<br />

mês <strong>de</strong> junho, após 68 anos, a<br />

Abril rompeu o contrato por “<strong>de</strong>cisão<br />

estratégica”, <strong>de</strong> acordo com<br />

o comunicado assinado neste<br />

mesmo mês pelo diretor <strong>de</strong> assinaturas<br />

Ricardo Perez.<br />

Principal grupo editorial da<br />

América Latina, a Abril se tornou<br />

referência, com títulos <strong>de</strong> cir-<br />

Marçal Neto/Divulgação<br />

culação robusta. A revista Veja,<br />

por exemplo, chegou a ter mais<br />

<strong>de</strong> 1,2 milhão <strong>de</strong> exemplares vendidos<br />

por semana, o que a colocava<br />

entre as maiores do segmento<br />

em escala global, sem mencionar<br />

que esse volume alcançava,<br />

segundo o IVC, cerca <strong>de</strong> seis milhões<br />

<strong>de</strong> leitores. A marca Super<br />

Interessante também chegou a<br />

ter circulação superior a 400 mil<br />

unida<strong>de</strong>s por mês. Capricho, cuja<br />

edição impressa foi <strong>de</strong>scontinuada<br />

em 2015, é outra marca que<br />

teve gran<strong>de</strong> penetração no passado,<br />

com mais <strong>de</strong> 500 mil exemplares.<br />

Não é só no mercado brasileiro<br />

que canais impressos per<strong>de</strong>m<br />

fôlego. A história do Grupo Abril<br />

se mistura a história recente do<br />

país. O grupo busca alternativas<br />

para se manter <strong>de</strong> pé em uma<br />

época marcada pela revolução<br />

digital. Os benchmarks existentes<br />

no mercado, como a reinvenção<br />

do New York Times e a<br />

revitalização do Washington Post<br />

por Jeff Bezos, da Amazon, nem<br />

sempre têm a<strong>de</strong>rência no Brasil.<br />

10 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>julho</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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