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220 GÊNESIS<br />
era dado inteiramente à noiva. Esse dote podia ser pago sob a form a <strong>de</strong> trabalho,<br />
o que ficou <strong>de</strong>m onstrado no caso <strong>de</strong> Jacó.<br />
A questão da sedução <strong>de</strong> donzelas foi regulam entada sob a legislação<br />
m osaica. Ver Êxo. 22.16,17. No Dicionário ver o artigo intitulado Dote.<br />
34.13<br />
R e sp o n d eram c o m d o lo . Concordaram dos lábios para fora, m as em seu<br />
coração eles já haviam planejado o assassinato em m assa. Esse plano estava<br />
baseado na ira e no <strong>de</strong>sgosto, diante do estupro <strong>de</strong> Diná. A m aioria dos homens<br />
<strong>de</strong> pouco precisa para sentir-se inspirada a enganar ao próxim o. Basta um pouco<br />
<strong>de</strong> vantagem própria. V er no Dicionário o artigo M entir (M entiroso). As palavras<br />
“com dolo”, aqui usadas foram traduzidas por com sabedoria, por Onkelos, Jonathan<br />
e Jarchi, m as isso é uma distorção do texto sagrado.<br />
34.14<br />
A C ircuncisão é Exigida. Esse era o sinal externo do Pacto A braâm ico (ver<br />
Gên. 17.10 e os artigos C ircuncisão e Pactos, em sua quarta seção, no D icionário,<br />
e tam bém as notas expositivas em Gên. 15.18 sobre o Pacto Abraâm ico).<br />
Isso n o s se ria ig n o m ín ia . Não te r sido circuncidado era não fazer parte do<br />
Pacto Abraâm ico, e era <strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cer à aliança que Deus fizera com Abraão sobre<br />
essa questão. Nisso os filhos <strong>de</strong> Abraão estavam com a razão. “M as fazer <strong>de</strong>sse<br />
princípio santo uma capa para seus propósitos dolosos e assassinos era o cúm ulo<br />
da iniqüida<strong>de</strong>” (Adam Clarke, in loc.).<br />
34.15<br />
C ircuncidando-se todo m acho entre vós. Essa foi a condição imposta pelos<br />
filhos <strong>de</strong> Jacó aos homens da tribo <strong>de</strong> Hamor. Isso nâo lhes conferiria a fé <strong>de</strong> Abraão,<br />
mas removeria <strong>de</strong>les o estigma da incircundsão. Mas talvez, na mente dos filhos <strong>de</strong><br />
Jacó, isso nada lhes conferiria, pois, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo, a questão inteira era um artificio.<br />
34.16<br />
S erem o s um s ó p o vo . Os casam entos m istos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> algum tempo,<br />
criariam um único povo. Todavia, a últim a coisa que os filhos <strong>de</strong> Jacó queriam era<br />
ser um só povo com os cananeus. Os filhos <strong>de</strong> Jacó falavam em tom razoável (vs.<br />
18), m as a violência ocultava-se por trás <strong>de</strong> palavras agradáveis. Som ente em<br />
Cristo é que todas as nações tornam -se um a só (Gál. 3.28,29). O rito da circuncisão<br />
não po<strong>de</strong> fazer isso, nem casam entos m istos. Para que dois sejam um, é<br />
m ister que haja unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alm a, e nâo só <strong>de</strong> condições externas. Po<strong>de</strong>mos<br />
enten<strong>de</strong>r, todavia, que os filhos <strong>de</strong> Jacó queriam dizer que, m ediante a circuncisão,<br />
os cananeus tornar-se-iam religiosam ente orientados, o que os prepararia<br />
para aceitar as doutrinas e as práticas <strong>de</strong> Abraão, m as o próprio texto não aponta<br />
para nenhum a revolução <strong>de</strong>ssa natureza. M as para que entrar em <strong>de</strong>talhes sobre<br />
um plano ardiloso, que visava a enganar?<br />
34.17<br />
E n o s re tira re m o s e m b o ra . “Se vocês não concordarem , partirem os daqui” ,<br />
am eaçaram eles. A ameaça era som ente levar Diná dali; m as isso constituía uma<br />
gran<strong>de</strong> ameaça, por causa do gran<strong>de</strong> am o r <strong>de</strong> Siquém por ela. O vs. 26 mostranos<br />
que Diná estava na casa <strong>de</strong> Siquém . Por que ela não havia retornado, não é<br />
explicado. É difícil crer que ela tivesse ficado ali retida à força. Talvez ela tivesse<br />
concordado em casar-se com Siquém, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> negociações com seu pai,<br />
pelo que estava hospedada na casa <strong>de</strong> seu futuro sogro, até que as negociações<br />
tivessem sido concluídas.<br />
“ E retiraremos nossa filha à força." Esse é o fraseado do Targum <strong>de</strong> Jonathan,<br />
o que talvez indique que Diná estava sendo retida na casa <strong>de</strong> Ham or contra a sua<br />
vonta<strong>de</strong>.<br />
34.18<br />
T a is p a la vra s a g radaram . Ham or e Siquém não fizeram exigências <strong>de</strong>scabidas,<br />
m as som ente aquilo que contribuía para seu próprio interesse, não im pondo<br />
condições im possíveis ou m esm o difíceis <strong>de</strong> cum prir.<br />
É provável que o rito da circuncisão não fosse <strong>de</strong>sconhecido à tribo <strong>de</strong> Hamor,<br />
e que até fosse encarado <strong>de</strong> m odo favorável, embora não praticado por eles. Pelo<br />
menos, eles não se ofen<strong>de</strong>ram nem sentiram repugnância. A circuncisão era praticada<br />
por muitos povos antigos, o que se vê no artigo sobre esse rito, no Dicionário.<br />
34.19<br />
Não ta rd o u o jo v e m . Siquém não per<strong>de</strong>u tem po. M ais tar<strong>de</strong> haveria necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> a tribo inteira concordar em receber o rito. Isso seria conseguido m ediante<br />
um apelo indireto à cobiça <strong>de</strong>les (vs. 2), o que po<strong>de</strong> ter sido dito com serieda<strong>de</strong><br />
ou nâo. M as tudo nâo passava <strong>de</strong> outro ardil.<br />
Era o m a is h o n ra d o . Em um m om ento <strong>de</strong> <strong>de</strong>svario, ele havia <strong>de</strong>svirginado<br />
Diná. M as fora <strong>de</strong> certos im pulsos <strong>de</strong>sastrosos, ele era, norm alm ente, o mais<br />
honrado elem ento da tribo <strong>de</strong> seu pai. Portanto, ele cum priu prontamente a parte<br />
que lhe cabia, com eçando a corrigir o erro para po<strong>de</strong>r casar-se com Diná, por<br />
causa do gran<strong>de</strong> am or que lhe votava.<br />
34.20<br />
À p o rta da su a cid a d e . H am or e S iquém reuniram os anciãos da cida<strong>de</strong> a<br />
fim <strong>de</strong> discutir sobre a questão, exortando outros a concordar com o trato que<br />
tinham acabado <strong>de</strong> firm ar com Jacó. Q uanto a consultas e a negócios efetuados<br />
na porta <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong>, ve r Gên. 19.1 e 23.10. V er tam bém II Sam. 15.2; Nee.<br />
8.1; Sal. 69.12 e o artigo intitulado Portão, no Dicionário, sobretudo em sua segunda<br />
seção.<br />
À p o rta . “ Era ali que se efetuavam os tribunais <strong>de</strong> julgam ento, bem com o se<br />
resolviam todas as questões públicas acerca do interesse com um dos habitantes<br />
da cida<strong>de</strong>” (John Gill, in loc.).<br />
34.21<br />
E stes h o m e n s são p a c ífic o s . Até ali, Jacó com seus fam iliares e os habitantes<br />
da região tinham sido bons vizinhos. Eram criadores <strong>de</strong> gado, sem i nôm a<br />
<strong>de</strong>s, e não guerreiros. C oisa algum a tinham jam ais furtado, nem provocado contenção<br />
alguma. Isso os recom endava para que se fizesse com eles um pacto <strong>de</strong><br />
amiza<strong>de</strong> e casam entos m istos, a fim <strong>de</strong> que os dois povos, os heveus e Israel<br />
(este ainda em form ação), pu<strong>de</strong>ssem tornar-se um só povo. O território era espaçoso<br />
o bastante para am bos, fazendo contraste com o caso <strong>de</strong> Abraão e Ló, que<br />
precisaram separar-se (Gên. 13.8 ss.), e tam bém em contraste com a situação<br />
que, ainda recentem ente, surgira entre Jacó e Esaú (Gên. 36.7 ss.).<br />
A Troca <strong>de</strong> Filhas. V er as notas sobre os vs. 9 e 16 <strong>de</strong>ste capítulo, quanto à<br />
questão dos casam entos m istos, que inclui a relutância dos mem bros da família<br />
<strong>de</strong> Abraão em m isturar-se por casam ento com as tribos cananéias, que viviam à<br />
sua volta. Nem os heveus nem a fam ília <strong>de</strong> Jacó eram numerosas na época, e,<br />
conform e parecia a H am or e a Siquém , seria benéfico para ambos os grupos que<br />
eles fortalecessem seus recursos hum anos e m ateriais.<br />
34.22<br />
C o n s e n tirã o o s h o m e n s em h a b ita r c o n o s c o . Mas o acordo <strong>de</strong>pendia da<br />
circuncisão dos hom ens heveus, sinal do Pacto Abraâm ico. Po<strong>de</strong>-se presum ir<br />
(em bora o próprio texto sagrado nada diga a esse respeito) que os heveus haveriam<br />
<strong>de</strong> seguir a nova fé, que se estava <strong>de</strong>senvolvendo no Yahwism o. Ver os vss.<br />
14 e 15 quanto a essa condição, que foi proposta <strong>de</strong> modo ardiloso. O assassinato<br />
em massa estava no coração dos filhos <strong>de</strong> Jacó, e não as idéias <strong>de</strong> incorporação<br />
e <strong>de</strong> unificação.<br />
34.23<br />
S eu s a n im a is não se rã o n o s s o s ? Os heveus estabeleceriam com os filhos<br />
<strong>de</strong> Israel uma aliança e, sendo m ais num erosos que eles, haveriam <strong>de</strong> absorvêlos,<br />
incorporando Jacó e sua fam ília. Desse modo, eles se tornariam heveus, e<br />
não israelitas. Assim , a barganha, que com eçara com o estrada <strong>de</strong> duas mãos,<br />
term inaria favorável a eles. Este versículo m ostra-nos que os heveus tam bém<br />
estavam prom ovendo um a arm adilha, tal com o o tinham feito os filhos <strong>de</strong> Jacó,<br />
embora segundo um m étodo pacífico, e não violento. Alguns eruditos, porém,<br />
pensam que essa <strong>de</strong>claração servia apenas <strong>de</strong> isca, para obter a cooperação <strong>de</strong><br />
toda a com unida<strong>de</strong> dos heveus, não envolvendo nenhum a proposta séria <strong>de</strong><br />
incorporação e dom inação. Não há com o saber o que eles, realmente, pretendiam.<br />
Mas se este versículo não contém um ardil, então as idéias do vs. 21 são aqui<br />
contraditas.<br />
C o n s in ta m o s . Com a dupla finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> m anter a paz e <strong>de</strong> agradar o jovem<br />
Siquém, o m ais honrado <strong>de</strong>ntre os heveus, ao qual todos os heveus respeitavam<br />
(vs. 19).<br />
34.24<br />
Houve C ooperação Geral. Todos os varões foram circuncidados, sem nenhuma<br />
exceção. O po<strong>de</strong>r dos chefes asiáticos era quase absoluto, e os povos da<br />
região estavam acostum ados a prestar obediência passiva. Além disso, haviam<br />
sido apresentados argum entos convincentes, e todos queriam honrar Siquém.<br />
Ninguém entre os heveus haveria <strong>de</strong> <strong>de</strong>sapontá-lo.