You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
GÊNESIS 37<br />
3.18<br />
Cardos e abrolhos. Não é preciso cultivar as plantas nocivas. Sozinhas,<br />
elas exibem uma estonteante fertilida<strong>de</strong>. Adam Clarke proveu uma curiosa exposição<br />
neste ponto, que vale a pena reproduzir:<br />
. ,a espécie <strong>de</strong> cardo cham ada A canthum vulgare produz m ais <strong>de</strong> cem<br />
cabeças, cada um a contendo <strong>de</strong> três a quatrocentas sem entes. S uponham os que<br />
esses cardos produzam uma m édia <strong>de</strong> 80 cabeças, e que cada qual contenha<br />
apenas 300 sem entes. A prim eira colheita da planta seria <strong>de</strong> 22 mil. Se tudo fosse<br />
replantado, a colheita seguinte seria <strong>de</strong> 576 m ilhões. Se tudo fosse sem eado <strong>de</strong><br />
novo, haveria 13.824 bilhões; e um a única colheita daí, que seria apenas a colheita<br />
do terceiro ano, produziria 331.776 quatrilhões; e a colheita do quarto ano<br />
totalizaria 7.962.624 sextilhões, uma produção m ais do que suficiente para ocupar<br />
não som ente a superfície do m undo inteiro, m as tam bém <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>mais<br />
planetas do sistem a solar, <strong>de</strong> tal form a que nenhum a outra espécie vegetal po<strong>de</strong>ria<br />
medrar, se im aginarm os que cada planta ocupasse um quadrado <strong>de</strong> trinta<br />
centím etros <strong>de</strong> lado” . (Ele acreditava que os planetas são habitáveis e são férteis,<br />
à sem elhança da terra.) E é bom que ele tenha parado no quarto ano, pois <strong>de</strong><br />
outra sorte ninguém saberia dizer o núm ero resultante.<br />
John Gill mostrou ser m ais sim ples. Disse ele apenas: * . . .toda espécie <strong>de</strong><br />
ervas daninhas e plantas e m ato sem v a lo r .. . crescendo e florescendo” . Clarke<br />
prosseguiu para queixar-se <strong>de</strong>ssa prodigiosa produção <strong>de</strong> vida vegetal, a fim <strong>de</strong><br />
m encionar o C ardus vulgatissim us viarum, que não som ente produz m ilhões <strong>de</strong><br />
sem entes inúteis, m as tam bém espalha suas raízes por toda parte, cercando a<br />
planta-m ãe por muitos m etros em redor, a lançar seus rebentos por toda parte.<br />
Em seguida as sem entes criam um a nova planta-m ãe e assim o processo se vai<br />
m ultiplicando, até que gran<strong>de</strong>s cam pos acabam cobertos por essa espécie tão<br />
daninha. Então ele fala sobre a terrível S pinosa vulgaris, tão prejudicial que nenhum<br />
a outra planta ousa m edrar on<strong>de</strong> ela tiver lançado raízes. Essa planta é<br />
recoberta <strong>de</strong> espinhos, <strong>de</strong> tal m odo que se um a pessoa aproxim ar-se <strong>de</strong>la, terá <strong>de</strong><br />
pagar pela sua im prudência. P or outra parte, tentem os plantar uma macieira! Em<br />
breve fica recoberta <strong>de</strong> verm es e parasitas, e a m enos que seja <strong>de</strong>vidam ente<br />
cultivada, logo estará com pletam ente <strong>de</strong>generada. O lim ão, no entanto, fazendo<br />
exceção à regra, é tão azedo que não parece ter nenhum inim igo natural. Será<br />
isso correto?<br />
Foi assim que o p araíso <strong>de</strong>generou em um cam po recoberto <strong>de</strong> espinhos e<br />
abrolhos, árvores frutíferas m irradas e grãos <strong>de</strong> cereal m inados <strong>de</strong> parasitas.<br />
3.19<br />
No suor do rosto. No jardim do É<strong>de</strong>n, o hom em tinha <strong>de</strong> cultivar o solo; mas<br />
então sua tarefa era com parativam ente leve. Ele tinha tem po para lazer, adoração<br />
e <strong>de</strong>senvolvim ento espiritual. M as agora, para o bter um m inim o <strong>de</strong> sustento, ele<br />
precisava suar. E continuaria a cum prir sua sentença perpétua, pois o labor e o<br />
suor haveriam <strong>de</strong> continuar até que voltasse à terra, da qual fora form ado.<br />
A o pó to rn a rá s . A referência aqui é ao sepultam ento <strong>de</strong> corpos m ortos. O<br />
homem foi tirado do pó da terra; e haveria <strong>de</strong> voltar a ele. Algo lam entável, para<br />
dizer o mínimo. Por ocasião dos sepultam entos, é costum eiro o pregador dizer, à<br />
beira do túmulo: “Tu és pó e ao pó tornarás". M as notem os que coisa algum a é<br />
dita acerca da alma, que não po<strong>de</strong> ser afetada pelo pó da terra. Tam bém nada é<br />
dito sobre a vida do futuro. O Pentateuco, <strong>de</strong> fato, é mudo quanto à esperança<br />
futura. V er m eus com entários sobre esse fato em Gên. 1.26. Assim , embora haja<br />
um pálido raio <strong>de</strong> esperança no fato <strong>de</strong> que o homem com partilha da im agem <strong>de</strong><br />
Deus (e essa percepção fazia parte inerente do uso <strong>de</strong>sse vocábulo), o autor<br />
sagrado não <strong>de</strong>senvolveu o tema, e, ao que parece, não sabia m uita coisa a<br />
respeito, ou m esm o nada sabia. V er no Dicionário o artigo intitulado Alma. A pren<strong>de</strong>m<br />
os que a teologia é um em preendim ento contínuo. Na verda<strong>de</strong>, a teologia<br />
progri<strong>de</strong>. É ridículo que queiram os achar no G énesis as verda<strong>de</strong>s que encontram<br />
os nos escritos <strong>de</strong> Paulo. E é igualm ente ridículo dizer que aquilo que Paulo<br />
sabia é o fim da erudição. A verda<strong>de</strong> nunca estaca, em bora os hom ens tentem<br />
freiá-la em uma ou outra <strong>de</strong> suas fases. O que estaca é o conhecim ento do<br />
homem, quando este se enterra em dogm as estagnados.<br />
Quando um m inistro, diante <strong>de</strong> um túm ulo qualquer, diz que o m orto está<br />
voltando ao pó, costum a adicionar as palavras “na esperança da vida eterna”.<br />
Mas o autor sagrado fez alto diante da m aldição herdada pelo homem , sem agitar<br />
nenhum laivo <strong>de</strong> esperança.<br />
O homem teria vivido fisicam ente para sem pre se não tivesse com ido do fruto<br />
proibido? Alguns eruditos respon<strong>de</strong>m com um não, m as outros respon<strong>de</strong>m com<br />
um sim. Para alguns, o pó precisa voltar ao pó, com m aldição divina ou não. Seja<br />
com o for, não foi oferecida nenhum a prom essa <strong>de</strong> vida. Ver E d. 12.7 quanto a um<br />
contraste. O homem, com o pó, volta à terra; m as o espirito volta a Deus, “que o<br />
<strong>de</strong>u” . Agora está sendo dito algo. A gora tem os esperança.<br />
O homem, essa criatura frágil, quão pouca razão tem para orgulhar-se <strong>de</strong> si<br />
m esmo.<br />
Em meu artigo sobre a alma, forneci provas acerca da sobrevivência da alma.<br />
Alguns estudiosos, neste ponto, contrastam o pó, que naturalm ente se <strong>de</strong>sintegra,<br />
com a substância pura da alm a, que é sim ples e não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sintegrar. Este<br />
argum ento filosófico com um teve origem com Platão e foi aproveitado por filósofos<br />
e teólogos posteriores. Um corpo feito <strong>de</strong> partículas <strong>de</strong> terra <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sintegrar-se.<br />
Mas o espírito, por sua própria natureza, não se dissolve. Alguns intérpretes<br />
supõem que a “árvore da vida" teria dado ao homem essa contraparte imortal,<br />
pelo que teria vivido para sem pre no espírito, sem im portar o que viesse a suce<strong>de</strong>r<br />
ao seu corpo físico. M as o texto não nos fornece nenhum indício em favor<br />
<strong>de</strong>ssa idéia.<br />
O Trabalho com o M aldição e com o Bênção. Para a maioria das pessoas, o<br />
trabalho é uma maldição. Poucas pessoas seguem todos os dias para o trabalho <strong>de</strong><br />
coração leve. A maior parte dos trabalhadores é escrava <strong>de</strong> seus salários. Poucas<br />
pessoas acham satisfação interior naquilo que fazem. Isso faz parte da maldição<br />
divina. Quando nada há <strong>de</strong> criativo em um trabalho, este se tom a monótono, insípido,<br />
entorpecedor. Tal tipo <strong>de</strong> trabalho é <strong>de</strong>gradante, mas é nisso que a maior parte<br />
das pessoas se vê envolvida. Hoje em dia as pessoas se mantêm em longas filas à<br />
espera <strong>de</strong> algum trabalho que pague o salário mínimo, o qual não é a<strong>de</strong>quado nem<br />
m esm o para as necessida<strong>de</strong>s m ais básicas. E os que não são contratados acabam<br />
ficando sem alimento suficiente para servir a seus filhos. Quase meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> toda a<br />
população brasileira vive subnutrida. Muitas pessoas vão para o leito, à noite, com<br />
fome. Pessoas neste país estão m orrendo <strong>de</strong> inanição, ao passo que muitos políticos<br />
vivem no luxo e dispõem <strong>de</strong> contas bancárias secretas na Suíça. Essas condições<br />
fazem parte da maldição; e, no entanto, continuamos a consi<strong>de</strong>rar o pecado <strong>de</strong><br />
forma tão negligente. As pessoas sentem -se esgotadas diante <strong>de</strong> seu trabalho, e<br />
não lhes resta energia para <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> suas horas <strong>de</strong> lazer. Uniões trabalhistas,<br />
apesar <strong>de</strong> seus excessos ocasionais, têm m elhorado um tanto a situação, mas esta<br />
é <strong>de</strong>veras lamentável, para dizer o mínimo.<br />
O Trabalho com o uma Bênção. Um trabalho que realiza alguma coisa é divertido.<br />
Epicuro insistia em que os prazeres m entais são superiores aos prazeres físicos.<br />
Aqueles que trabalham usando seus cérebros, e assim realizam projetos valiosos,<br />
divertem-se o tempo todo. Talvez tenham <strong>de</strong> trabalhar longas horas, mas sentem<br />
satisfação. “Os homens que trabalham duramente em geral são os mais felizes”<br />
(Cuthbert A. Simpson, in loc.). “Sem pre haverá alguém ou alguma coisa pela qual<br />
<strong>de</strong>vam os trabalhar; e enquanto assim continuar suce<strong>de</strong>ndo, a vida <strong>de</strong>verá ser e<br />
realmente será digna <strong>de</strong> ser vivida” (Le Baron R. Briggs). O treinamento e a educação<br />
têm por alvo <strong>de</strong>senvolver habilida<strong>de</strong>s naturais e latentes, liberando-as em ativida<strong>de</strong>s<br />
dignas. Quando temos algo pelo que trabalhar, mui naturalmente a energia se<br />
redobra, e o trabalho tom a-se m ais inspirador do que cansativo. Quando o trabalho<br />
não é criativo é que se tom a <strong>de</strong>gradante. Desenvolvi esse tema no meu artigo<br />
intitulado Trabalho. Dignida<strong>de</strong> e Ética do, que se acha no Dicionário.<br />
A Expulsão do Jardim (3.20-24)<br />
3.20<br />
E <strong>de</strong>u o hom em o nom e <strong>de</strong> Eva à sua m ulher. Adão havia dado nom es ao<br />
reino animal, e agora <strong>de</strong>u o nome à princesa, a m ãe <strong>de</strong> todos os seres humanos.<br />
(Gên. 2.19).<br />
Eva<br />
Esboço<br />
I. O Nome<br />
II. Seu Relacionam ento com Adão<br />
III. Participação <strong>de</strong> Eva na Q ueda<br />
IV. C om paração com o Relato sobre o Deus Sum ério Enki<br />
V. Eva no Novo Testam ento<br />
I. O Nome<br />
No hebraico, Hawwah, com freqüência <strong>de</strong>finido com o “doadora da vida”, em <br />
bora outros significados tenham sido sugeridos. A <strong>de</strong>rivação é incerta, a tal ponto<br />
que um certo léxico fala em nove possibilida<strong>de</strong>s. O relato do livro <strong>de</strong> Gênesis<br />
conecta o nome <strong>de</strong>ssa m ulher com a própria existência da raça humana. Adão<br />
cham ou sua com panheira <strong>de</strong> Eva, palavra que, no hebraico, aparentem ente está<br />
relacionada ao term o hebraico hayyah, que significa “viver” . Ela foi chamada<br />
assim porque se tom aria a mãe <strong>de</strong> todos os seres humanos. O nome lhe foi dado<br />
por Adão, após a queda no pecado (Gên. 3.20).<br />
II. Seu Relacionam ento com Adão<br />
O trecho <strong>de</strong> G ênesis 2.21,22 revela que Deus fez Eva, partindo <strong>de</strong> uma<br />
costela extraída <strong>de</strong> Adão. A lguns intérpretes aceitam o relato literalmente, mas<br />
outros só o aceitam sim bolicam ente. Neste últim o caso, estariam em foco a intim i<br />
da<strong>de</strong> entre homem e m ulher, a <strong>de</strong>pendência da m ulher ao homem, e, no caso ae<br />
Eva, a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> toda a vida hum ana a essa prim eira mulher. A Bíblia<br />
tam bém ensina a subordinação da m ulher ao homem (I Tim. 2.12,13). Tudo isso<br />
indica um a lição geral da vida, que nos instrui sobre o fato <strong>de</strong> que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m os