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meRcado<br />
Recente crise nas livrarias mobiliza<br />
indústria dos gráficos em São Paulo<br />
Preocupada com efeito cascata, Abigraf forma grupo que trará<br />
sugestões para qualificar ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conteúdos editoriais<br />
Felipe Turlão<br />
mercado editorial atravessa<br />
sua pior crise no Brasil,<br />
O<br />
já que as duas principais livrarias<br />
do país, Saraiva e Cultura,<br />
entraram em recuperação judicial<br />
recentemente, com dívidas<br />
somadas que chegam a R$ 1 bilhão.<br />
Diante <strong>de</strong> possíveis reflexos<br />
em cascata, o setor <strong>de</strong> gráficos<br />
criou grupo <strong>de</strong> trabalho<br />
que vai apontar soluções para<br />
gestão da situação.<br />
Em reunião realizada na semana<br />
passada na Abigraf-SP<br />
(Associação Brasileira da Indústria<br />
Gráfica), o grupo do setor<br />
editorial da entida<strong>de</strong> se reuniu<br />
com empresários e a mobilização,<br />
que continuará em outros<br />
encontros, vai resultar em diversas<br />
recomendações para recuperar<br />
a indústria do livro.<br />
“É preciso repensar o mecanismo<br />
do negócio do livro no<br />
Brasil. Estávamos adiando o<br />
problema, mas, após essas recuperações<br />
judiciais, chegou<br />
a hora <strong>de</strong> enfrentar e nos reorganizarmos<br />
sob outras bases. O<br />
principal <strong>de</strong> um negócio, que é<br />
<strong>de</strong>manda, nós temos. O Brasil<br />
tem mais <strong>de</strong> 23 milhões <strong>de</strong> leitores”,<br />
afirma João Scortecci,<br />
diretor editorial da Abigraf-SP.<br />
Segundo ele, que se envolveu<br />
em diversos estudos sobre<br />
o setor, a <strong>de</strong>manda no país, que<br />
já chegou a 550 milhões <strong>de</strong> livros<br />
(incluindo os didáticos),<br />
po<strong>de</strong> muito bem se acomodar<br />
a 300 milhões, um número bastante<br />
representativo na comparação<br />
a outros países.<br />
No caso específico das gráficas,<br />
a sensação dos empresários<br />
do setor é que sua importância<br />
na ca<strong>de</strong>ia produtiva é muito<br />
gran<strong>de</strong>, e que as transformações<br />
pelas quais passou nos<br />
últimos anos po<strong>de</strong>m ser importantes<br />
para outros players. “As<br />
gráficas vivem um problema há<br />
muitos anos e se adaptaram.<br />
Po<strong>de</strong>mos ajudar, por exemplo,<br />
o mercado editorial que vive<br />
sua crise agora. Essa comissão<br />
João Scortecci: “Um dos objetivos do grupo é recuperar o espaço dos gráficos nas mesas <strong>de</strong> negociação com os editores”<br />
que criamos está aberta a conversas<br />
e atitu<strong>de</strong>s”, diz.<br />
Um dos objetivos do grupo<br />
é recuperar o espaço dos gráficos<br />
nas mesas <strong>de</strong> negociação<br />
com os editores e ressaltar o<br />
valor agregado do serviço que<br />
prestam. A expectativa do setor<br />
é que a ca<strong>de</strong>ia editorial<br />
passe por uma reorganização<br />
<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo nos próximos anos,<br />
sob novos parâmetros, e <strong>de</strong>ve<br />
voltar a crescer assim que encontrar<br />
o equilíbrio. Os 23 milhões<br />
<strong>de</strong> leitores, número que<br />
poucos países superam, ten<strong>de</strong><br />
a se estabilizar. Por outro lado,<br />
há players qualificados para<br />
fazer bons produtos editoriais<br />
chegarem às mãos das pessoas,<br />
incluindo autores, editores,<br />
livrarias e gráficas. Para Scortecci,<br />
a <strong>de</strong>rrocada das livrarias<br />
se <strong>de</strong>ve a fatos como <strong>de</strong>scontos<br />
em excesso e valor médio<br />
“O principal <strong>de</strong><br />
um negóciO, que<br />
é <strong>de</strong>manda, nós<br />
temOs. O Brasil<br />
tem mais <strong>de</strong><br />
23 milhões <strong>de</strong><br />
leitOres”<br />
baixo, custo alto das megalojas,<br />
um mo<strong>de</strong>lo para o qual<br />
ele não vê sobrevida no Brasil.<br />
Ele compara a situação com a<br />
dos supermercados, que estão<br />
criando lojas menores para<br />
sustentar seus negócios.<br />
A produção física da indústria<br />
gráfica registrou alta <strong>de</strong><br />
9,6% no terceiro trimestre <strong>de</strong><br />
<strong>2018</strong> com relação ao segundo<br />
trimestre, sem consi<strong>de</strong>rar efeitos<br />
sazonais. Esse crescimento<br />
Alê Oliveira<br />
é o maior <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o terceiro trimestre<br />
<strong>de</strong> 2011, quando o setor<br />
apontou aumento <strong>de</strong> 16,4%.<br />
No entanto, esse bom resultado<br />
reflete em alguma medida a<br />
baixa base <strong>de</strong> comparação. Em<br />
função da greve dos caminhoneiros<br />
ocorrida em maio, a indústria<br />
<strong>de</strong> transformação apresentou<br />
crescimento <strong>de</strong> 2,9%<br />
no terceiro trimestre frente ao<br />
trimestre anterior. O <strong>de</strong>sempenho<br />
da indústria gráfica segue<br />
sendo mais fraco quando comparado<br />
à indústria <strong>de</strong> transformação.<br />
Na divisão setorial, a produção<br />
do segmento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> impressão cresceu 12% na<br />
passagem do segundo trimestre<br />
para o terceiro. Na mesma direção,<br />
a produção do segmento<br />
<strong>de</strong> embalagens cresceu 7,6% e o<br />
setor <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> papel teve<br />
aumento <strong>de</strong> 6,8%.<br />
54 3 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark