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ATO ONZE<br />
[Abre o pano e o Pai está lá. No momento em que ele começa a falar, aparece a projeção<br />
daquele ângulo da gruta. Uma música tensa é iniciada.]<br />
PAI<br />
(confessando para a plateia)<br />
Apagamos duas cavernas ao lado do bar. E dormimos como pedras a<br />
família toda, era hora de relaxar o mínimo que fosse.<br />
Umas cinco horas depois de levantarmos, começaram estrondos e ruídos<br />
de movimento de águas abaixo da gente. Levantei e fui conferir.<br />
Curiosamente, o ar foi melhorando um pouquinho, apesar da apreensão.<br />
O Grisalho acena para mim. Vejo com ele um amontoado se reunindo ao<br />
redor do jardineiro, o Muca. Chegamos todos perto dele, que orientava<br />
calmamente enquanto era abordado por nossas carências.<br />
[O jardineiro entra no palco e fica agachado. Ao começar a falar, MUCA mostra um<br />
montinho terra em forma de pilha, parecia a miniatura de um morrinho. Ele se levanta.]<br />
MUCA<br />
(para os outros)<br />
Hunf. Vê esse punhado de areia? Afortunadamente, mesmo querendo ou<br />
não, existem os grãos normais, os que se mexem ou só evaporam de<br />
acordo com as intempéries; em sua maioria, não fazem muita diferença no<br />
geral. E... continuam alugando espaço na areia comum, são, igualmente...<br />
parte do volume. Os que já são meio cristalizados, que a Natureza fez a<br />
figa de apurar um cado mais... esses se afastam do meio ordinário... são<br />
espaçosos demais, então a areia comum vai aos poucos rechaçando, até<br />
por saber que eles representam tudo aquilo que poderiam ser, mas só ‘se’<br />
tivessem sido mais enfático, isso em termos de vontade.<br />
<strong>Atos</strong> <strong>II</strong> <strong>Beijo</strong> <strong>técnico</strong> (<strong>Adaptação</strong> <strong>teatral</strong>) 106