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SOMBRA DO DESERTO<br />
(para a plateia)<br />
Na verdade, tem raiva, ou certa inveja da Natureza, ao que renomeia tanto<br />
ao seu feitio, seu querer; mas a Natureza é perfeita, é real demais. Destruir<br />
e modificar é o único que consegue a grande fatia da humanidade; beleza<br />
e eternidade escapam de suas mãos.<br />
(pausa) Vêm catando designações e sobrepondo... Mas têm lá guardado<br />
remorso.<br />
Se dizem mesmo que o Conhecimento é a chave para qualquer existência,<br />
por que não fazem o que poderiam, então? Podiam, sim que podiam,<br />
como ainda podem. Mas deixam?<br />
A fera selvagem, em estado puro... e o ser humano, selecionado, aprendiz,<br />
ajudante. Humm. Abram os olhos! Suas mentes.<br />
Algo te compadece, sim.<br />
[“Sombra do Deserto” encosta uma de suas pequenas mãos no ombro de Magali.]<br />
SOMBRA DO DESERTO<br />
(para a plateia)<br />
Todos temos uma voz interior, saiba que você aí também.<br />
PAI<br />
(para Donatela)<br />
Com isso uma surdez passa, essas palavras ecoam nos pensamentos da<br />
gente da gruta.<br />
SOMBRA DO DESERTO<br />
(para o Pai)<br />
Depois, congelado em um abafado instante, o compasso oculta quem<br />
acabara de falar; ouvimos todos um estalar abruto e agudo, como se fora<br />
oriundo de uma potente chicotada. Foi tão ríspido, repentino, que alguns<br />
caíram, outros ficaram bambeados; por fim se abaixam os humanos. Que<br />
susto! Devo sair.<br />
<strong>Atos</strong> <strong>II</strong> <strong>Beijo</strong> <strong>técnico</strong> (<strong>Adaptação</strong> <strong>teatral</strong>) 67