Atos II Beijo técnico (Adaptação teatral)_Paulo Vitor Grossi (2019)

PAI
(para a plateia)
Seguindo os ouvidos, a correnteza que estava perto, quem sabe se havia ou
não um peixe, por exemplo, ou estou louco? O restante da cambada foi
por outro lado, mas aqui perto, na face oeste, ouvimos bem nítida a
corrente d’água, que bom era aquilo! Claro que escutamos, aqui perto, foi
sim.
Nos separamos então em duas partes: uns explorando pela água e outros
de guarda. Fixei o posto de Donatela e das minhas meninas em uma boa
localização. Mas subiremos de volta às rochas que irrompemos dias atrás
quando demos entrada; vou com mais uns cinco, além do Grisalho e de
Muca. Era isso que estava faltando... ver como estaria a vida lá fora...
aquém.
[Termina a música tensa. Entra “Sombra do Deserto”, cumprimenta o Pai e fica ao seu
lado. Todos os outros deixam o palco.]
SOMBRA DO DESERTO
(para a plateia)
Na outro plano, mais abaixo ainda, o sangue continuou fervendo na
descida total pela fenda. Traziam o que havia sobrado do bar geral.
Tamanha era a ânsia de notícias que estas se destilaram em boatos cada
vez mais acalorados, viraram muita discussão. Logo havia aquela lavagem
de roupa suja. O papo foi aumentando, surgindo dúvidas e conclusões em
muitos. Quem é que estava certo? Falavam de tudo um pouco, segue o
que foi possível captar. Notem como a Baixinha divertida costurava suas
palavras, uma a uma. Mas a roupa que ela poderia vestir era a incógnita!
Ela, como muitos ali, não era transparente com suas intenções.
[Entram agora pela direita a Baixinha, Saulo Viegas, MARTA, Aflições, Marlene, Mofana,
Gentil e KOKO. Caminham para lá e para cá, sem rumo. O Pai e “Sombra do Deserto”
seguem lado a lado saindo pela esquerda.]
BAIXINHA DIVERTIDA
(para a plateia)
Não há ser que não precise de certos paliativos.
Atos II Beijo técnico (Adaptação teatral) 112