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SOMBRA DO DESERTO<br />
(para a plateia)<br />
Posso enxergar já longe o grande número dos participantes que desceram.<br />
Eu ainda reconheço o Sr. Rouco e o Jovem voltando de sua descida<br />
arrependida.<br />
Um pouco mais abaixo, ouvimos as discussões do povo peleando. Suas<br />
pauladas ascendem na forma de analogias, ofensas, e baixezas.<br />
[O Sr. Rouco enxerga “Sombra do Deserto” e vai na direção dele, também de frente para<br />
o público.]<br />
ROUCO<br />
(para a plateia)<br />
Eu solto no ar para que “fujam do eu, do mim, de todo narcisismo ignóbil<br />
que ainda sequela a raça. Se o que é Raça, meus caros!? Mera ignição.<br />
Chegará o dia de seu aprendizado.”<br />
SOMBRA DO DESERTO<br />
(para o Rouco)<br />
Sua voz é como um sopro, irmão, quem sabe por quanta gente pode<br />
aquiescer!<br />
[“Sombra do Deserto” dá um leve sorriso e se esgueira pela escuridão da esquerda do<br />
palco, sempre atento. O Jovem Barbeado e o Rouco deixam o palco pela direita. O palco<br />
por um tempo fica vazio. “Sombra do Deserto” retorna.]<br />
SOMBRA DO DESERTO<br />
(para a plateia)<br />
Justamente à frente do grupo que desce, como um pelotão de soldados<br />
batedores, há uma garotada que papeia e dá goladas certeiras... segundo<br />
especulam. Uns falam, outros escutam; uns têm nomes, outros não.<br />
Entendam vocês mesmos.<br />
<strong>Atos</strong> <strong>II</strong> <strong>Beijo</strong> <strong>técnico</strong> (<strong>Adaptação</strong> <strong>teatral</strong>) 90