31.03.2019 Views

Chicos 56 - 20.03.2019

Chicos é uma e-zine que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar nossas edições. Neste número, a poeta da primeira página é Maria do Carmo Ferreira. Inédita em livro, a irmã de Celina Ferreira tem sua poesia espalhada pela internet e em publicações das mais variadas. Além de homenageá-la, oferecemos a vocês um pouco da obra dela dispersa por aí.

Chicos é uma e-zine que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar nossas edições.
Neste número, a poeta da primeira página é Maria do Carmo Ferreira. Inédita em livro, a irmã de Celina Ferreira tem sua poesia espalhada pela internet e em publicações das mais variadas. Além de homenageá-la, oferecemos a vocês um pouco da obra dela dispersa por aí.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Chicos</strong><br />

Maria do Carmo<br />

Ferreira<br />

Maria do Carmo Ferreira nasceu em Cataguases<br />

(MG), em 21 de dezembro de 1938. Ela<br />

viveu no Rio de Janeiro (RJ) por algumas décadas<br />

e, finalmente, mudou-se para Niterói (RJ),<br />

onde vive. Embora tenha publicado poemas em<br />

jornais, suplementos e revistas literárias desde a<br />

década de 1960 (pelo menos 50 poemas publicados<br />

no Suplemento Literário de Minas Gerais),<br />

ainda é inédita em livro. Traduziu poemas<br />

de Emily Dickinson, Lorca, Neruda, Alfonsina<br />

Storni, Mallarmé, Verlaine, Paul Eluard, Jacques<br />

Prevert, Yeats, Corbière e Laforgue. Aposentou-se<br />

na Rádio MEC, onde trabalhou por<br />

mais de 30 anos como criadora, tradutora, editora,<br />

produtora e coordenadora de programas<br />

literários e lítero-musicais.<br />

Auto-retrato<br />

Nasci no rame-rame das abóboras.<br />

Meu plano é horizontal. Vivo de cócoras.<br />

Se me ergo, me espatifo. A gravidade<br />

colou meu ser ao chão: cresço à vontade.<br />

A crosta é dura. No corpo volumoso<br />

a polpa é só fartura e paga o esforço<br />

de rastejar como uma tartaruga<br />

e refletir ao sol minha armadura.<br />

Uma fome objetiva me devora<br />

como a dos porcos que não comem pérolas<br />

ou a dos pobres que não comem porcos.<br />

Com ou sem sal, metáfora ou pletora<br />

viro alimento no momento justo.<br />

Ao fogo brando e lento mais me aguço.<br />

Não sinto a tentação das ramas altas:<br />

maracujá, chuchu, nada me exalta.<br />

Nem mesmo a solidão das uvas verdes<br />

quando o desdém dos homens as prescreve.<br />

No ventre universal ocupo um espaço.<br />

A vida faz-se em mim. Vegeto, e passo.<br />

03

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!