Chicos 56 - 20.03.2019
Chicos é uma e-zine que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar nossas edições. Neste número, a poeta da primeira página é Maria do Carmo Ferreira. Inédita em livro, a irmã de Celina Ferreira tem sua poesia espalhada pela internet e em publicações das mais variadas. Além de homenageá-la, oferecemos a vocês um pouco da obra dela dispersa por aí.
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Neste número, a poeta da primeira página é Maria do Carmo Ferreira. Inédita em livro, a irmã de Celina Ferreira tem sua poesia espalhada pela internet e em publicações das mais variadas. Além de homenageá-la, oferecemos a vocês um pouco da obra dela dispersa por aí.
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<strong>Chicos</strong><br />
Maria do Carmo<br />
Ferreira<br />
Maria do Carmo Ferreira nasceu em Cataguases<br />
(MG), em 21 de dezembro de 1938. Ela<br />
viveu no Rio de Janeiro (RJ) por algumas décadas<br />
e, finalmente, mudou-se para Niterói (RJ),<br />
onde vive. Embora tenha publicado poemas em<br />
jornais, suplementos e revistas literárias desde a<br />
década de 1960 (pelo menos 50 poemas publicados<br />
no Suplemento Literário de Minas Gerais),<br />
ainda é inédita em livro. Traduziu poemas<br />
de Emily Dickinson, Lorca, Neruda, Alfonsina<br />
Storni, Mallarmé, Verlaine, Paul Eluard, Jacques<br />
Prevert, Yeats, Corbière e Laforgue. Aposentou-se<br />
na Rádio MEC, onde trabalhou por<br />
mais de 30 anos como criadora, tradutora, editora,<br />
produtora e coordenadora de programas<br />
literários e lítero-musicais.<br />
Auto-retrato<br />
Nasci no rame-rame das abóboras.<br />
Meu plano é horizontal. Vivo de cócoras.<br />
Se me ergo, me espatifo. A gravidade<br />
colou meu ser ao chão: cresço à vontade.<br />
A crosta é dura. No corpo volumoso<br />
a polpa é só fartura e paga o esforço<br />
de rastejar como uma tartaruga<br />
e refletir ao sol minha armadura.<br />
Uma fome objetiva me devora<br />
como a dos porcos que não comem pérolas<br />
ou a dos pobres que não comem porcos.<br />
Com ou sem sal, metáfora ou pletora<br />
viro alimento no momento justo.<br />
Ao fogo brando e lento mais me aguço.<br />
Não sinto a tentação das ramas altas:<br />
maracujá, chuchu, nada me exalta.<br />
Nem mesmo a solidão das uvas verdes<br />
quando o desdém dos homens as prescreve.<br />
No ventre universal ocupo um espaço.<br />
A vida faz-se em mim. Vegeto, e passo.<br />
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