Chicos 56 - 20.03.2019
Chicos é uma e-zine que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar nossas edições. Neste número, a poeta da primeira página é Maria do Carmo Ferreira. Inédita em livro, a irmã de Celina Ferreira tem sua poesia espalhada pela internet e em publicações das mais variadas. Além de homenageá-la, oferecemos a vocês um pouco da obra dela dispersa por aí.
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Neste número, a poeta da primeira página é Maria do Carmo Ferreira. Inédita em livro, a irmã de Celina Ferreira tem sua poesia espalhada pela internet e em publicações das mais variadas. Além de homenageá-la, oferecemos a vocês um pouco da obra dela dispersa por aí.
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<strong>Chicos</strong><br />
Ronaldo Cagiano<br />
Nascido em Cataguases, autor, dentre outros,<br />
de Dezembro indigesto (Contos, Prêmio Brasília<br />
de Produção Literária 2001), O sol nas feridas<br />
(Poesia, Finalista do Prêmio Portugal Telecom<br />
2012) e Eles não moram mais aqui<br />
(Contos, Prêmio Jabuti 2016), vive atualmente<br />
em Portugal.<br />
O corpo como reverberação do eu lírico<br />
Ao adentrar os poemas de “A pedra e o<br />
corpo” (Poética Edições, Braga, 2018), de Gisela<br />
Ramos Rosa, logo de início vem-me à lembrança<br />
o estudo de Jorge Schutze intitulado<br />
“Corpo e Poesia”, no qual ele indaga: “O que o<br />
corpo quer, então da poesia?” Tal provocação<br />
parece-nos concernente com o corpus poético<br />
da autora nesse novo livro, por guardar intensa<br />
analogia não apenas com essa safra recente,<br />
mas de todo o seu percurso. É que a poeta, em<br />
sua lírica, está a nos indicar justamente as preocupações<br />
de sua arte enquanto instância na qual<br />
reverberam a própria subjetividade como corporificação<br />
do poema, pois ela nos diz, como sinalização<br />
de sua gênese criativa que<br />
“Escrevemos com o corpo<br />
toda a vida.”<br />
Ora, aqui já se situa o plano definidor de uma<br />
poética voltada para os sentidos, para a captação<br />
do que aos olhos da autora tem em relação<br />
ao que antecede às expansões do espírito: vem<br />
reconhecer que subsiste ao sensorial um corpus<br />
(seja o pessoal, seja o literário) como “campo<br />
de memórias e fronteiras” onde lança a semeadura<br />
de uma palavra que é, em suma, a tentativa<br />
de expressar a subjetividade e a realidade<br />
num território de múltiplas reverberações.<br />
Esse corpo também é pedra, entidade bruta que<br />
reclama desbastar arestas, aqui bem entendido<br />
como espaço de metamorfoses, pedra de toque<br />
de um intenso escandir de emoções e pulsações<br />
do inconsciente. É uma aposta da autora na<br />
possibilidade de exprimir o legado de uma íntima<br />
reflexão sobre tudo que a cerca, quando a<br />
sua poesia capta a distopia de um tempo de<br />
profundas transformações e rege-se pelos signos<br />
da perplexidade ao relatar o seu modo de ver o<br />
mundo, de sentir as coisas, de relacionar-se com<br />
elas e de sofrer com e por elas.<br />
Entende que “a escrita fixa a ideia de narração<br />
do mundo” enquanto “o corpo expressa articulando<br />
o espaço o contraste o contexto.” Na sua<br />
poesia, é inegável uma articulação com a diversidade<br />
que compõe a experiência existencial e<br />
no corpo de cada poema reside essa preocupação<br />
de registrar e interpretar os espasmos de<br />
sentimentos que nem, sempre são possíveis de<br />
apreender em sua carga de subjetividade. No<br />
arcabouço do poema “ A existência cede<br />
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